Crítica: Capitão América: O Primeiro Vingador

A Marvel Studios vem tentando estabelecer o seu universo de superhérois, tão famoso nos quadrinhos, também nos cinemas. O problema é que para isso, o estúdio tem lançado diversos filmes de qualidade mediana (Homem de Ferro 2, O Incrível Hulk, Thor), preocupando-se mais em linkar suas histórias e estabelecer os seus personagens para o vindouro Os Vingadores (longa que reúne Tony Stark, Bruce Banner, Thor e companhia e que será lançado no ano que vem), do que em criar uma experiência cinematograficamente interessante. Sendo assim, é uma agradável surpresa que Capitão América – O Primeiro Vingador, um dos projetos de maior risco do estúdio - devido à temática extremamente patriotica e o fato do herói não ser tão bem quisto entre os fãs de quadrinhos - resulte em uma divertida e despretensiosa aventura.

A trama começa com o franzino Steve Rogers tentando se alistar no exército americano para lutar na Segunda Guerra Mundial. Sua baixa estatura, auxiliada pelos diversos problemas de saúde, o impedem de ser convocado; porém sua determinação e coragem chamam a atenção de Dr. Abraham Erskine (Stanley Tucci), um cientista alemão aliado dos americanos, que o recruta como cobaia num audacioso projeto de criação de super-soldados através da aplicação de um soro que expande as capacidades físicas da pessoa. É então que Rogers, agora com o porte físico de Chris Evans, se transforma no Capitão América. Paralelo a isso, Johann Schmidt (Hugo Weaving), um oficial nazista, faz pesquisas com o oculto na sua tentativa de criar armas e soldados superiores, e vê, no soro de Erskine e no Capitão América, os únicos inimigos capazes de detê-lo.

Criando um arco de histórias entrelaçadas, a Marvel cada vez exige maior conhecimento do seu público, seja na presença do cubo de Odin – visto em Thor e utilizado aqui por Schmidt em seus experimentos – ou ao colocar Howard Stark, pai de Tony Stark, como peça chave na criação do Capitão América, justificando (finalmente) a presença do escudo do mesmo nos dois longas do Homem de Ferro. Há, inclusive, uma explicação de como Rogers vai conseguir participar de Os Vingadores, já que suas sagas são separadas por quase 7 décadas.

Tendo que se submeter a todos esses preciosismos do estúdio, é natural que o diretor Joe Johnston (Jumanji) opte apenas por escolhas seguras, sem inovar, e, conseqüentemente, sem correr grandes riscos. Fazendo uso de um belo visual retro (mas sem os exageros estéticos de O Lobisomem), o cineasta se mantém na zona de segurança até mesmo na escolha do seu elenco. Se Chris Evans é uma opção óbvia como protagonista, devido ao seu carisma e porte físico; é normal que o Caveira Vermelha seja interpretado por ninguém menos que Hugo “Agente Smith” Weaving, ator que - ao lado de Mark Strong e Christoph Waltz - é facilmente associado ao papel de vilão. Criando boas (mas não ótimas) seqüências de ação e sem exagerar no slow motion (algo que é comum hoje em dia), Johnston faz aqui um trabalho correto, mas não memorável, assim como o restante de sua carreira.

E se a direção não trás nada de novo, o roteiro acaba por fazer o mesmo. Escrito por Christopher Markus e Stephen McFeely, responsáveis pela trilogia As Crônicas de Nárnia, o texto que ao mesmo tempo peca em absurdos como mostrar o herói invadindo uma base nazista disfarçado, mas carregando um escudo com a bandeira americana; acerta no bom humor, investindo principalmente em piadas relacionadas à magreza de Rogers (“Se espetar uma agulha no braço dele, ela vai atravessar.”). Além disso, a dupla é bem sucedida ao procurar retratar o Capitão América sendo usado como propaganda de guerra (originalmente, esse foi esse o principal motivo de sua criação) através de apresentações, filmes e HQs.

E se o discurso patriota está presente em certos momentos da projeção – ao explicar seu plano, Schmidt diz que no seu futuro não haverá bandeiras, somente para ouvir a resposta: “Mas no meu sim” –, ele é usado em modestas quantidades, e não chega a atrapalhar o resultado final. Resultado esse que é, assim como os outros, bom... e só.

Observação: vale lembrar que, quando me refiro aos filmes do Universo Marvel, estou falando somente dos citados no texto, e não de longas como Homem Aranha e X-Men, visto que essas já são franquias formadas e bem estabelecidas nos cinemas.

Redação

Comente pelo Facebook

Comentários

Comente pelo Facebook

Comentários

Deixe uma resposta