Eu, Luan Cardoso, geralmente inflo este espaço com informações ou histórias de diretores e suas carreiras, mas quebro esse costume para “comemorar” essa data, que é tão azarenta, e com um exemplo de “pior melhor” filme, um trash lindo de meu deus e um fenômeno de público. Esse Junho de 2014 é o único deste ano que vem acompanhado da clássica sexta-feira 13 e aproveito para relembrá-los de alguém que se apossou dessa data e que teve muita sorte com ela.
Sexta-Feira 13 - A saga sem fim.
Estar em uma estranha, escura e velha floresta com restos de um acampamento abandonado com seus amigos adolescentes só pode significar uma coisa: Má sorte!
Em 1980 um desconhecido diretor/produtor, Sean S. Cunningham, lançava um modesto filme de menos de 500 dólares nos cinemas americanos chamado Sexta-feira 13. Mas nem mesmo ele sabia o sucesso, fama e carnificina que ocorreriam a seguir. Doze Sextas-feiras 13 depois, uma infinita lista de corpos, milhares de litros de sangue derramados nas salas de todo o mundo e mais de meio bilhão de dólares arrecadados nas bilheterias, hoje conheceremos melhor um dos maiores vilões cinematográficos de nosso tempo, portanto certifiquem-se de que não estão de costas para uma porta aberta ou destrancada e de que todas as suas luzes estão ligadas porque esse cara pode estar em qualquer lugar e acredite, aposto que você sabe bem quem ele é, só não se lembra exatamente quantos cortes ele tem pelo corpo ou como é sua mascara de hóquei! É claro que falaremos de Jason Voorhees.
Quinta feira 12: O começo da franquia.
Sean Cunningham e Victor Miller, criadores do primeiro filme da série, eram parceiros cinematográficos desde o começo dos anos 70, e eles haviam feitos dois filmes infantis que não deram nada certo. Foi quando Sean, sem dinheiro algum, teve a ideia de um título e sua vinheta: Friday the 13th, vindo em direção à tela em letras garrafais, batendo em um vidro e o quebrando, mas isso não era o bastante para ganhar dinheiro e muito menos para fazer um filme. De qualquer modo, eles registraram o título e seu estilo, e foram fazer uma pesquisa do que, naquele momento de final de década, estava fazendo sucesso nas telas.
Cunningham já havia produzido um filme de terror com o amigo Wes Craven, The Last House on the Left de 1972 que havia feito algum sucesso ao contar a história de uma garota que é torturada e violentada na floresta e os assassinos, ao se perderem, pedem abrigo na casa dos pais desta garota; a premissa era simples, mas a violência e crueza da película era um prelúdio do que alimentaria toda a indústria durante mais de uma década.
O filme sucesso da vez era Halloween de John Carpenter, 1978, que contava a história de um serial killer que matava jovens inocentes e desprovidos de quaisquer armas ou força. Sean então juntou: Uma data macabra + um assassino sanguinário + jovens sendo jovens: Sexta Feira 13, que trazia tudo isso de forma bem estilizada e foi um super sucesso de bilheteria.
Escrito por Miller, o enredo de Sexta-feira 13 era simples: o assassino não era revelado de cara, e tão pouco os jovens que estavam responsáveis por reabrir Cristal Lake, um campo de férias abandonado, sabiam porque estavam sendo mortos de forma tão brutal ao usarem drogas ou mesmo transar. O motivo agora todos já conhecem: uma mãe zangada por seu filho deficiente mental morrer afogado, por irresponsabilidade dos monitores que transavam ao invés de fazerem seu trabalho, volta para punir jovens e impedir a reabertura do acampamento.
O roteirista, que não havia conhecido a mãe, colocou em cena uma super mãe, que é capaz de matar por seu filho. Mas aí entra uma pseudo formula de aceitação do público: Todos têm mãe, grande parte da população americana da época era de adolescentes e centenas deles, ou trabalhavam em um acampamento, ou já haviam ido para um em sua infância, o que levava o público a um grau de identificação tão grande com os personagens/história ali postos que tornava o filme um terrível conto de horror, enchendo os cinemas de toda a América, faturando cerca de 59 mil dólares e dando origem à franquia.
Jason Voorhees: O garoto que é burro demais para saber que morreu.
No final de Sexta-feira 13, uma cena que não constava no roteiro original foi sugerida por Tom Savini (criador dos efeitos especiais no filme): depois que a sobrevivente decapita a Senhora Voorhees quando esta está dormindo em um barco, no meio do lago de Cristal Lake, um garoto deformado e apodrecido sai das profundezas para puxá-la com a intenção de impedi-la. A moça acorda bem depois já em um hospital e quando pergunta sobre o garoto que a havia puxado para a água, os policiais desconhecem de sua existência e a frase: “Então ele permanece lá” servia de fio para continuar a luta de vingança, desta vez pelas mãos da vítima e não de sua mãe.
O rapaz que volta à vida ao ter sua mãe morta, cresce – mesmo estando morto por anos naquele maldito lago – cobre sua cabeça deformada com um saco de batatas e mata as outras centenas de jovens que vão para aquele acampamento na tentativa de reabri-lo em Sexta-feira 13 Parte II, de 1981, menos de um ano após o original, pois a Paramount viu a série como um grande e reluzente pote de ouro.
Sábado 14: As intermináveis vidas de Jason e seu último filme que já dura mais de 30 anos.
Apesar de ser morto – novamente – na sequência, Jason tem uma sede de vingança tão grande, que retorna cada vez mais forte e criativo. É o que acontece em Sexta-feira 13 Parte III 3D de 1982, que além de ter sido feito em um tosco 3D, é o filme que colocou a máscara de Hóquei em Jason, que virou ícone por acaso.
Em uma marcação de iluminação, os maquiadores estavam com tanta preguiça de fazer a maquiagem do assassino que colocaram a máscara de goleiro de hóquei no rosto do ator, pertencente a um dos integrantes do grupo. Steve Miner – diretor – gostou tanto da máscara que a introduziu no filme.
Morto novamente no final, Jason retorna para o que seria sua última morte em Sexta-feira 13 Parte IV – o Capítulo Final, de 1984.
A quarta parte também se passa apenas um dia após os eventos da terceira – portanto Sábado 14 (!!!) – e sabemos no necrotério que Jason escapa da morte novamente e volta para Cristal Lake deixando um generoso rastro de sangue. Lá ele encontra outros vários jovens e uma mãe com seu filho, o pequeno Tommy.
Após incontáveis corpos deixados ao pedaços, Tommy, de apenas 12 anos, acaba por ser o assassino de Jason, que não simplesmente o mata, mas destrói o que sobra da deformada cabeça do “garoto” afogado.
Não acreditando nos altos números de bilheteria que filmes com tão pouco orçamento rendiam, a Paramount não desistiu da série e fez outra continuação: Sexta-feira 13 Parte V – Um novo começo, de 1985.
Com Jason realmente “morto”, a cinessérie tentou outra direção: um assassino que não era sobrenatural, não tinha “motivos” para matar, mas mesmo assim coloca a máscara e passa a se divertir com sangue vindo das entranhas dos jovens problemáticos presos em uma instituição de tratamento mental, onde Tommy, agora mais velho, está internado. Mortes depois, o assassino é morto e revelado. Não é Jason.
Não contentes com o fim da série – na verdade com o fim da maior renda do estúdio – os produtores fazem um novo filme, onde o assassino retorna, mas não por vontade própria e sim por conta Tommy, que, perturbado psicologicamente com a existência do vilão, decide violar a lápide de Jason para destruir o que resta do putrefato assassino (burrice, no mínimo). É claro, o plano dá errado e Jason retorna: Sexta-feira 13 Parte VI- Jason Vive, de 1986, tem um agora vilão zumbi(!!!) que mata os jovens praticamente só com suas mãos e as situações de morte são muito mais “Gore” e até cômicas.
Muito sexo, peitos e cabeças esmagadas depois, somos apresentados a uma versão sobrenatural da cine-série: Sexta-feira 13 Parte VII - A matança continua, de 1987. Mas aí me perguntam: Porque versão sobrenatural? Afinal de contas, um homem que não morre de forma alguma já é sobrenatural o bastante, não é mesmo? Sim, mas aqui temos uma garotinha por trás da nova temporada de matança, que tem poderes telecinéticos e após concentrar sua raiva e tristeza diante do lago onde “supostamente” Jason descansava junto aos peixes, o acorda. O resultado é típico, o assassino volta à vida e desmembra vários corpos, mas encontra aqui uma forte rival, a mesma garota que o trouxe a vida tem a incumbência de o mandar para o fundo do inferno.
Embora Jason morra e viva inúmeras vezes, isso só costuma acontecer na sexta-feira 13 e em Cristal Lake, certo? Errado. Como provado pelo diretor e roteirista Rob Hedden nesta estranha sequência de 1989, Jason Ataca Manhattan (!!!!).
Um grupo de formandos sai em uma viagem de barco de Cristal Lake para Nova York e Jason vai junto, é claro, fazendo o que sabe fazer, agora nas ruas de concreto e – pasmem - tomando até metrô! Por vários motivos imbecis, Jason é levado pelo esgoto e aparece novamente em Cristal Lake – uma crítica ambiental? Quem sabe – e assim começa Jason Vai Para o Inferno: A Última Sexta-feira, de 1993, que é um filme sem o título de Sexta-feira 13, sem tanto sangue e que se propõe a ser o último e sem Jason, que é explodido por autoridades locais nos primeiros 5 minutos e se transforma em pequenos “demoniosinhos” que ficam mudando de corpo em corpo.
Algumas mortes depois, Jason entra no filme, mas é sugado por forças sobrenaturais para as entranhas do inferno com a ajuda do, digamos, “parceiro” de trabalho Freddy Krueger.
Muitos anos depois, Jason ainda não sacou que já estava na hora de se aposentar e pula para 2455 para matar em uma nave no espaço. Esse é Jason X de 2001, em que o vilão não só mata vários jovens como é morto, mas de uma estranha forma se tona meio assassino zumbi, meio máquina.
No intervalo de Jason Vai Para o Inferno e Jason X, uma luta mortal se instala entre os mais temidos vilões sobrenaturais das pequenas cidades dos EUA, Jason e Freddy - da série a Hora do Pesadelo.
Ao ser esquecido por sua cidade, Freddy perde suas forças e não pode mais fazer mal a ninguém e como solução para tal situação, o desfigurado com garras na mão decide trazer Jason para a Rua Elm, que abre a temporada de mortes, desta vez fora de casa. Logo, uma série de boatos sobre o assassino dos sonhos toma corpo e o mesmo pode dispensar o trabalho do bicho papão da floresta, mas Jason não se guia por outra coisa a não ser seu instinto de vingança, o que acaba em um terrível duelo entre dois lideres de bilheteria. O resultado? Galões e mais galões de sangue jogados freneticamente na tela de cinema em Freddy Vs Jason, de 2003.
ESTE ARTIGO CONTINUA NO PRÓXIMO CINERAMA...