Era um evento. Que criança não espera isso dos pais, ficar acordado de madrugada vendo TV. Bom, eu sei, os tempos são outros e a garotada tem outras coisas na cabeça hoje em dia. O que é até muito triste. Havia uma certa inocência nisso tudo e a falta desse tipo de coisa não é bem-vinda na sociedade atual. De qualquer forma, fui dormir mais cedo pra poder aproveitar a sessão sem sono. Afinal, que graça tem assistir um filme e não prestar atenção.
Não sei o que me marcou tanto ali. Deve ter sido realmente pela experiência, mas “Ben-Hur” foi o primeiro filme que assisti realmente consciente do que estava assistindo. Na minha cabeça eu dava os primeiros passos pro que, na de alguém mais velho, poderia se tornar uma resenha. Fiquei fascinado pelos cenários, pela história, pelas interpretações e, lógico, pela corrida de bigas. O impacto foi tão grande que eu me lembro claramente da sequência. E não foi por causa de reprises. Por algum motivo eu nunca mais assisti esse filme e hoje estou com 25 anos. Ele está aqui na minha estante, numa edição especial em DVD. Mas não o revi. Gosto dele na minha mente, do jeito que está. Pretendo revê-lo sim, agora com um senso crítico mais formado. Mas não fará diferença. Eu sei que irei continuar a gostar dessa obra-prima da sétima arte de uma forma muito particular.
“Ben-Hur” não é meu filme preferido. Este é outro, de uma geração diferente, cujo texto vocês podem ler aqui. Mas, devido ao efeito que teve sobre mim, é um dos filmes que está entre os mais importantes pra minha formação como estudioso de comunicação. Lá no fundo, “Ben-Hur” tem sua parcela de “culpa” por eu ter escolhido jornalismo e publicidade como profissão. Ora, vocês estão lendo este texto por causa dele.
A partir de “Ben-Hur”, devorei o cinema. Clássicos, entretenimento vazio, filmes cult. O que aparecia na frente, eu assistia. Adquiri gosto por filmes. Mas acima de tudo, adquiri gosto por boas histórias, produções impecáveis. Até começar a perceber minha apreciação por truques de câmera, enquadramentos, direção. A sétima arte me fascinava. E, graças a este clássico, continua me fascinando.
Parando pra pensar, talvez a “culpa” não seja de “Ben-Hur”. Seja do meu pai. Ele provavelmente não imaginava que seu gesto seria tão importante pra minha formação quanto qualquer conselho, repreensão ou uma dessas coisas que os pais fazem. Ele me ensinou a admirar arte. E isso, por si só, já vale por toda uma boa educação.
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