Crítica: Esquadrão Suicida: Acerto de Contas

“Somos fantoches tentando chegar ao fim do show sem perder as cordas”

Se tem uma coisa que virou clichê nos últimos anos é que as animações da DC se tornaram infinitamente superiores aos filmes live action. Nesse ponto, nem culpemos tanto os realizadores diretos desses filmes, e sim, a chatíssima intervenção de estúdio e produtores (a recente falta de tato da Warner para com Zack Snyder exemplifica muito bem isso).

Nas animações, porém, com mais liberdade criativa, dá pra deitar e rolar em temáticas mais pesadas, cenas mais chocantes, um roteiro mais elaborado, etc, etc, etc. Nisso, acaba sendo meio paradoxal que um desenho animado possa ser mais adulto do que um filme com gente de carne e osso. Mas, é exatamente por aí.

O que nos leva à mais nova animação da DC, Esquadrão Suicida: Acerto de Contas, superior em (quase) todos os aspectos em relação à vergonha alheia que foi a produção de 2016.

Um dos aspectos primordiais que faz do desenho algo digno de nota é o fato de que, agora sim, estamos lidando com vilões de fato. Porque, na boa, aquele esquadrão do filme de David Ayer mais parece um grupo de manés metidos a engraçadinhos, que acabam resolvendo as suas diferenças numa mesa de bar, através de frases bobas e piegas.

Aqui, não.

Sentimos o real perigo de criminosos como o Pistoleiro, a Arlequina, o Tigre-de-Bronze, o Bumerangue, e por aí vai. Com exceção da Arlequina, claro, todos são sombrios, extremamente violentos, de dar medo, mesmo. E, eles são os “heróis”! É justamente essa a base de Esquadrão Suicida, e a animação consegue captar muito bem essa essência. Lembrando que a “chefe” deles, Amanda Waller, não fica nem um pouco atrás em termos de vilanice.

Outro ponto fundamental para o desenho ter ficado tão bom é a história, que, mesmo não sendo mirabolante, é bem construída e bem amarrada. E, principalmente: uma trama que dá espaço para conhecermos melhor muitos dos personagens, destacando a interação entre eles (em especial, entre o Pistoleiro e o Tigre).

Sobre o nível da animação, está muito bom, apesar de algumas sequências um tanto “estranhas”, como, por exemplo, quando um ônibus capota, temos a nítida impressão de um efeito computadorizado, o que deixa a cena mais ou menos “travada”. Uma bela animação tradicional daria resultados bem melhores e mais verossímeis.

Esquadrão Suicida: Acerto de Contas tem algum defeito mais proeminente? Diria que dois. O primeiro se refere à sub-trama de um determinado personagem, bastante vaidoso e boçal. Ok, a intenção poderia até ser ridicularizar esses super-heróis “cheios de si”, mas, a coisa aqui ficou meio vergonhosa de assistir, apesar da importância para a trama.

Já o segundo defeito é o excesso de violência. Tudo bem, tudo bem. As animações da DC sempre primaram por esse aspecto, até mesmo porque os seus realizadores buscam aqui um público mais adulto. Mas, neste caso, a coisa foi um pouco exagerada, com sangre e tripas demais voando na tela de uma maneira meio que gratuita. Um pouco mais de parcimônia, nesse sentido, não faria falta.

Mas, no geral, temos aqui um produto que, enfim, respeita o termo Esquadrão Suicida, mostrando o que acontece, de fato, quando vilões se juntam para uma missão em conjunto.

Baita diversão de primeira.

Redação

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