Crítica: Valente

Quando o nome Pixar vem na frente de qualquer obra, as atenções e expectativas que se formam em volta desse projeto são grandes, pois quando se fala nesse minúsculo nome de cinco letras, o sinônimo de qualidade costuma vir junto, e entrega ao público uma obra que emociona, faz rir e chorar tudo com um toque que somente eles sabem fazer.

Infelizmente, ao se tratar do novo longa da empresa, Valente, não temos mas essa grata satisfação de um filme Pixar, não que o filme seja ruim, pelo contrario é até bacana, engraçado em alguns momentos, mas não tem a identidade do estúdio de John Lasseter.

Os primeiros trinta minutos de filme são excelentes com momentos bem aproveitados, personagens interessantes apresentados, e um monte de opções abertas esperando para serem exploradas, mas isso não acontece, pois o longa resolve tomar um outro caminho, e ao sair desse primeiro momento e entrar no segundo e terceiro ato, perde a identidade que vinha criando, perde a identidade Pixar, e ganha um novo selo, o de clássico Disney, se tornando simplesmente, um filme com um clima que vai de Branca de Neve a Enrolados, uma fantasia Disney com tudo que tem direito, de princesa a bruxa feiticeira. O que é uma pena, pois com ótimos personagens para serem usados, eles acabam forçando demais em cima da situação mãe e filha, e simplesmente esquecem os demais, deixa-os guardados no canto, e usam em algum momento ou outro para quebrar o clima com alívio cômico, mas não convence.

A trama do filme é muito simples, se trata de uma princesa que não quer ser princesa, e de uma rainha (mãe) que anseia tornar sua filha a princesa que ela foi um dia, mas mesmo sendo tão simples, acaba sofrendo um pouco com algumas situações criadas, e que ficam sem explicação e desfecho nenhum, e para compensar eles colocam um momento engraçado aqui, outro fofinho ali pra tentar agradar o espectador. Talvez essa total dedicação a situação mãe e filha se deva ao fato de ser o primeiro longa da Pixar protagonizado por uma personagem feminina, mas acaba se prendendo demais nisso, e abandona todo o restante. Aí voce diz, “mas é um filme para criança”, sim, mas não é só para eles, estamos falando de um estúdio responsavel por fazer muito adulto chorar em Up, e dar risadas em Toy Story.

Mas claro que apesar de tudo isso, Valente conta com um departamento técnico de qualidade, um visual muito bonito. A recriação da escócia medieval está em um nivel de capricho muito alto e com o uso do 3D faz você realmente ter um visão mais profunda de todos os detalhes. Um dos grandes destaques, fica para o cabelo da protagonista, que é muito bem feito, e ao balançar ao vento todo bagunçado mostra a característica de liberdade da personagem.

Valente é um filme bacana, com alguns momentos engraçados e que podem até te emocionar em outros por belos discursos, mas está longe de ser o que a Pixar nos acostumou a receber, algo que eles vem fazendo muito em seus últimos longas. Esse filme é um belo de um Clássico Disney mas apenas com a assinatura gráfica da Pixar. E não a de qualidade.

Tiago Batista

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