E chega o episódio mais esperado da primeira temporada de Arrow: o primeiro encontro do herói de capuz com outro herói da DC, neste caso uma heroína, a Caçadora. Além disso esta é a primeira, do que deve se tornar um hábito, colaboração de Geoff Johns na série, como co-roteirista. E a espera valeu a pena? Bom, mais ou menos. Primeiro porque Muse of Fire não é necessariamente a primeira aparição da Caçadora, mas sim de seu alter ego, Helena Bertinelli (Jessica de Gouw). E segundo porque a presença de Johns no roteiro não foi tão benéfica quanto suas incursões em Smallville, por exemplo.
No geral este sétimo episódio mantém a qualidade dos anteriores. Já começa com uma sequência de ação envolvendo um atentado que quase acerta Moira Queen e continua desenvolvendo a relação Diggle/Oliver, com o primeiro se tornando cada vez mais a voz da razão do segundo. Outro acerto foi dar um tempo na subtrama dos flashbacks na ilha. Sim, Muse of Fire é a primeira vez em que não há cenas do jovem bilionário perdido e tentando sobreviver (assim como não faz uso da narração em off). A decisão foi mais que acertada uma vez que apresentar Helena e ainda criar uma atração da moça com o protagonista já é complicado demais para soar convincente em 40 minutos sem a inserção aleatória de momentos já vividos por Oliver. Infelizmente o começo do relacionamento dos dois não é exatamente o momento mais inspirado do episódio. Por mais que os dois tenham se sentido atraídos e identificado em cada um, semelhanças de pensamento e dor, fica difícil acreditar numa ligação tão forte criada em apenas um jantar (por mais que o tempo de uma série de TV seja reduzido). As cenas que dividem, no entanto, são marcadas pela química entre os dois e por boas investidas do roteiro, como a rima com a situação de sequestro envolvendo Oliver no piloto, com direito até à mesma fala: "não posso deixar ninguém descobrir meu segredo".
Outro destaque de Arrow essa semana foi a revelação da identidade do personagem vivido por John Barrowman. Numa virada interessante, o espectador descobre que ele é ninguém menos que o pai de Tommy Merlyn, levando à algumas observações. Primeiro que, com isso, o Merlyn pai seja a versão do seriado para o Merlyn dos quadrinhos e não Tommy como todos acreditavam até o momento. E segundo que toda a situação “pai empresário implacável” versus “filho que tenta ser bom mas está sempre sendo deixado de lado” se assemelha demais ao relacionamento de Lionel com seu filho Lex Luthor em Smallville. É bom comentar que apresentar a briga de pai e filho durante uma sessão de esgrima não foi a melhor forma de tentar se desvencilhar de comparações com a finada série do Superman.
Enquanto briga com o pai, Tommy tenta também conquistar Laurel, numa subtrama romântica que, mesmo havendo uma boa interação entre os atores, não acrescenta muito a não ser a simpatia do público feminino. É algo que o espectador com o mínimo de conhecimento do universo dos quadrinhos sabe que não vai durar muito e só deve servir mesmo para que o jovem Merlyn adicione mais uma decepção em sua vida. Neste meio tempo, Moira vai se tornando um pouco mais simpática com o público, uma vez que sua vontade em ser compreensiva com os segredos de Oliver soou sincera e natural. Assim como a desconfiança de Merlyn pai quanto à sua lealdade indica que a matriarca Queen pode não ser tão megera assim (mesmo aparentemente tendo sido responsável pela morte do marido). Falando em subtramas, o que dizer da desconfiança de Thea, que cresce a cada ação do irmão? Seria ela a próxima pessoa com quem Oliver irá se sentir seguro em revelar seu segredo? Bem, num futuro próximo, talvez, mas não por agora. No momento o Arqueiro está mais interessado em Helena, outra relação sem futuro, mas que talvez ajude o personagem a entender que suas intenções são corretas mas o caminho, nem tanto. A diferença entre vingança e justiça ainda não está muito clara para Queen e é aí que a validade de seu sermão para Helena cai por terra. As diferenças entre os dois são mínimas e se o Arqueiro quiser convencer a garota de que ela está errada, terá de dar o exemplo, e pra isso, deve repensar suas atitudes atuais.
Quanto à Caçadora, sua aparição, com uniforme e armas, só no próximo episódio, que será uma continuação direta desta semana. Por isso fica difícil avaliar outros momentos como a nova aparição de China White, novamente vivida por Kelly Hu. Foi rápida, mas pelo clima de guerra que sonda a Família Bertinelli e a Tríade Chinesa, terá mais destaque semana que vem. Por isso, num primeiro momento, mesmo com cenas mais agitadas no começo, Muse of Fire foi um pouco mais lento que o normal (o que, de forma alguma, o torna pior que os episódios anteriores), servindo muito mais como preparação para o que vai acontecer semana que vem.
Mesmo com um ar de episódio preparatório eu gostei bastante, mas a personagem que continua me irritando é a Thea. Criei uma antipatia pela menina e não suporto as caras e bocas (de pato) dela. Pela primeira vez, passei a gostar mais do Tommy! E senti a mesma coisa com a reviravolta envolvendo o pai megaevil.
As cenas de ação continuaram excelentes, talvez as melhores dos últimos episódios… demorei um pouco para saber que a moça lá ia ser a Caçadora, só confirmei aqui. Valeu mais uma vez Alex. Esperar semana que vem para ver o desenrolar dessa nova parceria (romance).