Depois de um pequeno hiato, Arrow retorna para entregar os episódios restantes desta primeira temporada. Falta pouco para o seriado chegar ao seu season finale e até por isso este Home Invasion surge um tanto quanto decepcionante. E talvez este seja um dos problemas de séries com tramas continuadas, em oposição às famosas procedurais, das quais o espectador já sabe o que esperar: histórias com começo, meio e fim, que não são comprometidas pela obrigação de subtramas. Uma boa forma de lidar com isso seria limitar o número de episódios para algo abaixo de 15, ao invés dos 23 ou 24 que acabam tendo por temporada. Até agora, o capítulo desta semana foi o que mais sofreu com isso.
Qual é a trama principal de Home Invasion? O assassino contratado, Mr. Blank (vivido por J. August Richard, para alegria dos fãs de Angel, e que até se esforça para desenvolver um vilão interessante), que mata uma família, deixando como sobrevivente um garotinho que agora precisa de proteção? A busca de Diggle pelo Pistoleiro? O triângulo entre Oliver, Laurel e Tommy? Roy Harper tentando encontrar o Arqueiro? Foram tantas tramas se cruzando que o roteiro não consegue estabelecer o que é mais importante, em uma narrativa truncada. Por isso, acontecimentos que deveriam vir acompanhados de um pouco mais de sentimento acabam sofrendo com esse pouco compromisso com a própria história. Assim, o que deveria parecer o cerne do episódio (já que até dá nome à ele) acaba se tornando um caso corriqueiro, uma desculpa para as boas cenas de ação (marcas registradas de Arrow) aparecerem vez ou outra durante os 43 minutos de duração.
Problema ainda maior é ver que todos estes momentos sem a devida atenção por parte do roteiro, são importantes para o que série irá oferecer em seu final de temporada. A amizade entre Oliver e Diggle prejudicada, a formação de um novo caráter para Tommy e a procura incosequente de Harper por seu salvador de arco e flecha refletirão diretamente na trama principal do seriado, inclusive para o que virá no futuro. O roteiro de Ben Sokolowski e Beth Schwartz é tão bagunçado que até deixa de fazer sentido em determinado momento. Quando o jovem Merlyn tem a ideia de levar Laurel e o garoto Taylor para a casa de Oliver, é impossível não imaginar o porque dele não ter pedido ajuda à seu pai, Malcolm. Ora, o episódio anterior já havia estabelecido a retomada do relacionamento de ambos e Tommy sabe que o pai mantém uma sala segura no prédio da empresa. Por que então deixar a namorada ainda mais perto de Queen, sabendo que o (ex)amigo ainda exibe sentimentos por ela? Seria o rapaz assim tão maquiavélico a ponto de colocar duas pessoas em perigo simplesmente para saber se ainda existe algo que possa impedir seu namoro? Se fosse um roteiro melhor estruturado até ficaria fácil acreditar em um plano assim, mas vindo de um texto tão problemático é de duvidar que os escribas tinham isso em mente quando fizeram os personagens agirem desta forma. Também não faz sentido a decisão de Oliver em abandonar Diggle sozinho contra o Pistoleiro (mesmo que justificado pela vontade de ajudar Laurel, custava ligar para o amigo avisando que não iria aparecer?). E está além de qualquer coerência que o vilão tenha deixado o parceiro do Arqueiro vivo.
Na ânsia de contar várias histórias ao mesmo tempo, o único triunfo desta semana em Arrow está no flashback. Apenas na subtrama do passado, com Oliver e Shado se preparando para um futuro combate contra os mercenários de Fyers, parece existir alguma coerência e talvez até por isso, o gancho para o próximo episódio se dê justamente dentro das lembranças do jovem Arqueiro. Celina Jade novamente demonstra que foi uma ótima escolha para interpretar a mestre em artes marciais com quem Oliver ainda se relacionará. A atriz exibe um olhar fragilizado em alguns momentos, como alguém que precisa (emocionalmente) de algum conforto. Ao mesmo tempo, o espectador sabe que a personagem é extremamente capaz de cuidar de si mesma.
E se a aparição da ARGO no capítulo anterior surgira enigmática como a SHIELD no primeiro filme do Homem de Ferro, agora parece que a organização é tão pública quanto o FBI ou a polícia municipal. É como se houvesse a obrigação de mostrar o quão abrangente é área de atuação do grupo e a única forma de fazer isso fosse dar a ele uma enorme sede ostentando um igualmente exagerado símbolo pintado na lateral. Um recurso que chega a soar infantil, mesmo vindo de uma produção do CW.
Aparentemente a razão deste episódio era colocar as coisas em movimento para os três que ainda restam nesta temporada. Os roteiristas só se esqueceram de dar a devida atenção para tudo que queriam. Ao menos não comprometem o andamento da trama central do seriado, mas entregam uma aventura problemática, sem foco e que não desperta o interesse necessário ao espectador para o desfecho da primeira fase de Arrow. Resta ao que virá a seguir, cumprir este trabalho.
P.S.: Há uma referência totalmente inesperada ao Universo DC desta vez: Os Super Gêmeos.
Que rapido essa review, ainda n vi o episódio kkkk depois volto aqui denovo