São vários os elementos que fazem uma cinessérie se destacar entre as demais e se Christopher Nolan deve ser elogiado é por transformar a franquia Batman no cinema numa obra digna o suficiente pra figurar entre as mais importantes dos últimos 20 anos, pelo menos. O que fez com o Homem Morcego até aqui, e os fãs torcem para que o desfecho seja a altura, é um dos melhores exemplos de como transformar mera diversão numa espetáculo repleto de substância e não apenas de estilo. Se em Batman Begins, Nolan começou a contar a história de Bruce Wayne, em O Cavaleiro das Trevas, o diretor ousou a mostrar que a trajetória do personagem não será sempre de vitórias como de outros heróis. Pra fazer isso, Nolan se utiliza de um recurso de narrativa chamado de “rima cinematográfica”. E existem muitas entre Begins e sua continuação.
A mais interessante delas, e que comprova a ambição do cineasta em contar uma história coerente sobre um homem obcecado por justiça, se dá em duas conversas entre Bruce, interpretado por Christian Bale, e seu mordomo Alfred, vivido por Michael Caine. Na primeira, que se passa logo após o jovem Wayne perder os pais, o fiel empregado, que acabará se tornando a única figura paterna do rapaz nos anos seguintes, percebendo a dor contida de seu patrão, o oferece uma refeição e quando não recebe nenhuma resposta, decide deixar Bruce sozinho. Mas o garoto finalmente se dirige à Alfred, colocando pra fora o sentimento de culpa pelo assassinato de sua mãe e seu pai e acaba recebendo do mordomo as palavras de apoio que precisava ouvir. Veja abaixo:
Em Batman – O Cavaleiro das Trevas, Bruce e Alfred voltam a ter um momento semelhante, numa rima não só visual, mas também temática, representando um segundo momento na vida do herói, marcado pela morte de uma pessoa amada (e por um forte sentimento de culpa). Novamente o apoio que o bilionário precisa vem na forma de conselhos de seu mordomo, que agora percebe que se revelar o conteúdo da carta que Rachel havia deixado, pode destruir a única coisa que ainda pode servir de motivação para Wayne: a esperança de uma vida normal. A personagem interpretada por Maggie Gyllenhaal representava, ao menos para ele, a chance de um dia abandonar o manto do Morcego para se dedicar a uma família, talvez. Com sua morte, se a idéia de que ela pudesse ainda ficar com ele fosse desmistificada, o impacto negativo seria tão forte que Alfred teme o resultado destrutivo que poderia acarretar. Note como as cenas se comunicam entre si, com o mordomo oferecendo uma refeição e ao receber de volta o silêncio do patrão, resolve abandoná-lo com seus pensamentos.
Outra rima visual, desta vez mais fácil de ser notada como parte da “trilogia do Cavaleiro das Trevas” (já que os trailers do novo filme confirmam sua presença) é a evolução do personagem mostrada através de uma cena bem simples: Bruce frente a frente com seu uniforme. Reparem como a inexperiência do Batman é representada pela forma crua como o manto é guardado no primeiro filme, a maturidade presente na cena do segundo e a aceitação de seu “fardo” no terceiro, com a roupa toda à mostra e não mais escondida.
E muita gente achando que o Batman do Nolan só se resume ao Coringa, hein?
FEra!
Muito bom o texto, Parabéns!
Sobre a primeira "rima", por isso que eu fiquei super apreensiva quando vi o prato em cima do mesa e o Bruce, visto no reflexo, indo até ele no primeiro trailer do filme. Como se o Alfred não pudesse mais repetir o gesto por alguma razão 🙁
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