O texto abaixo contém pequenas informações que podem ser consideradas spoilers.
Tudo que o espectador precisa saber sobre Birds of Prey o roteiro deixa bem claro nos primeiros 5 minutos deste, que é um dos episódios mais movimentados de Arrow desde sua estréia. Os paralelos que serão traçados entre a família Lance e os problemáticos Bertinelli, o tema central, que envolve os cantos mais obscuros dos protagonistas e, principalmente, como a aventura da semana é daquelas em que a série costuma se deixar levar por suas raízes nos quadrinhos. A sequência inicial, por exemplo, coloca o Arqueiro e a Canário ajudando a polícia a prender Hugo Mannheim (com certeza parente de Bruno Mannheim, chefão do crime em Metrópolis) e Frank Bertinelli, que está na mira de sua filha, a Caçadora (cuja última aparição se deu no 17º episódio da temporada anterior, o igualmente quadrinesco The Huntress Returns). Em aproximadamente 1 minuto e meio, cinco personagens das HQs aparecem ou são citados. É mais do que qualquer série baseada em personagens da nona arte conseguiu entregar nos últimos anos.
Sem tocar muito na plot que envolve Slade Wilson, ao menos nas cenas situadas na linha de tempo atual, este episódio parece até um pouco deslocado, principalmente com o gancho deixado pelo anterior. Tem todos os elementos de “vilão da semana” com o retorno da Caçadora e funciona como aventura isolada, tendo como função um “respiro” para o espectador antes da série entrar em seus momentos decisivos. E é irônico que este momento de trégua seja justamente repleto de ação quase ininterrupta, principalmente depois dos vinte minutos, quando Helena Bertinelli faz reféns no Tribunal de Starling. E se tem ação, a equipe dos dublês responsáveis pelas acrobacias novamente faz jus aos elogios que vive recebendo. Junte isso à direção inspirada de John Behring e o resultado pode ser conferido quando a Canário é jogada de uma janela e câmera acompanha sua queda.
Boa parte da trama desta vez é dedicada a Sara, incluindo até mesmo seus flashbacks, com uma situação parecida com a que enfrenta no presente. Laurel também ganha destaque, quando volta a ter o direito de exercer seu trabalho de assistente da promotoria. Em um primeiro momento, esse retorno acaba soando forçado e conveniente demais, mas o roteiro dá cabo de explicar o porquê em seu desfecho, ao mesmo tempo em que faz a personagem agir de forma nada ética. Mas, neste caso, talvez nem seja indicativo de um futuro sombrio para a moça, algo que acontece de outra forma, envolvendo assuntos mais familiares. Laurel não faz idéia que Sara é a Canário e, pelo encontro das duas nas situações de perigo, e a conversa que ambas têm em determinado momento, quando a identidade da justiceira vier à tona, as coisas podem facilmente piorar para a jovem advogada, que ainda está frágil em sua recuperação do alcoolismo (e a série reforça isso a colocando sob um pesado estresse), tornando-a imprevisível.
Em meio a tudo isso, há tempo para desenvolver um pouco Roy Harper e seu relacionamento com Thea. A preocupação de Oliver quanto ao futuro dos dois acaba criando uma situação que, por muito pouco, não enfraquece o drama, já que tem qualidades de gag. Basta dizer que Harper começa a se esforçar para se separar da caçula Queen. Se houvesse mais uma tentativa do rapaz em afastar a garota, essa subtrama teria um enorme potencial de se tornar piada. O novo membro do Time Arqueiro, no entanto, tem seu momento em ação quando sai à campo com Oliver e Sara, com direito a apelido e tudo, mais uma prova de como Birds of Prey tenta ao máximo emular uma boa HQ.
É bom ver que Arrow não abandona por total, coadjuvantes passados. O retorno da Caçadora serviu a alguns propósitos para o desenvolvimento das irmãs Lance, mas também para fechar um arco começado na primeira temporada. Helena Bertinelli pode voltar no futuro, ou não. A forma como a série encerra sua história também pode indicar um novo começo, que obviamente vai depender da disponibilidade da atriz, Jessica De Gouw, intérprete da personagem.
Além de uma aventura eficiente, Arrow reserva algumas surpresas para o final do episódio, tornando angustiante a espera pelo próximo, que promete uma batalha entre os heróis e o Exterminador, em outro esforço do seriado para fazer o espectador se sentir como se estivesse lendo uma história em quadrinhos. Se o programa não pode ser comparado a nenhuma Graphic Novel, como a fabulosa The Longbow Hunters, uma das histórias mais impactantes do Arqueiro Verde na nona arte, ao menos tem qualidade o suficiente para se equiparar às publicações periódicas, com seus altos e baixos, ação desenfreada e personagens interessantes. Para o fã, uma dose semanal de diversão descompromissada e de qualidade, sempre bastará.
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