O texto a seguir contém spoilers do episódio.
Não tem mais como fugir da verdade: essa terceira temporada de Arrow nem de longe lembra o que foi a anterior ou mesmo a segunda metade do ano de estreia. Aquela conexão forte entre os episódios, com ações levando a reações relevantes a todo momento e que poucas coisas pareciam deslocadas parece não existir mais. Mesmo um episódio de conceito interessante como este The Return tem pouquíssimo a oferecer e soa mais como um "tapa-buraco" cuja única função foi revelar à Thea seu papel na morte de Sara.
Como mostrado no episódio anterior, Malcolm mandou Oliver e sua irmã para a ilha onde o Arqueiro passou boa parte do seu inferno pessoal. Ao mesmo tempo, na trama paralela desenvolvida pelos flashbacks, Queen retorna a Starling, em missão para Amanda Waller. Essa inversão seria excelente para trabalhar algumas informações relevantes do passado, bem como desenvolver o relacionamento entre os irmãos enquanto tentam sobreviver. O episódio até tenta isso, mas não consegue sair do lugar comum. Na situação do presente, a ameaça escolhida para criar em Thea e resgatar em Oliver um instinto de sobrevivência a qualquer custo é a volta de Slade Wilson. Por mais empolgante que isso possa soar, o roteiro não dá tempo de tela suficiente a Manu Bennett para que possa fazer o que já demonstrou tão bem nas temporadas anteriores. Sua derrota rápida não faz jus à ameaça que o personagem representa, assim como seu reencontro com o Arqueiro não traz o sentimento de "epílogo" que o roteiro tenta imprimir.
A presença de Slade não acrescenta quase nada à trama e leva a momentos tolos como o breve aprisionamento dos irmãos Queen, simplesmente para levar à uma fuga nem tão bem elaborada assim, cuja desculpa para existir é uma afronta ao espectador. Que prisão de segurança máxima colocaria um botão para abertura automática da cela tão próximo assim da fechadura? A desculpa de que o encarceramento foi feito tomando por base homens adultos não funciona. O Exterminador só volta mesmo ao seriado para desempenhar uma função que já havia até se tornado motivo de brincadeiras na segunda temporada: revelar segredos ou, neste caso, instigar uma revelação.
Se no presente não há nada de muito interessante a ser apresentado, no passado a coisa é ainda pior. Com os roteiristas cientes que não tinham um material muito rico a desenvolver, a subtrama se torna cheia de momentos inúteis e forçados, como Oliver vendo Felicity no prédio das Consolidações Queen e a desnecessária presença de Diggle como segurança de uma festa. Só faltou uma aparição de Roy para fechar as participações do elenco fixo. As únicas coisas minimamente interessantes ficam nas costas da volta de Colin Donnel no papel de Tommy e na caracterização de Quentin Lance depois da "primeira" morte de Sara. É bom ver um pouco da relação de irmão mais velho que o filho de Merlyn manteve com Thea no período de ausência de Oliver. Já para o policial, sua presença aqui serviu obviamente para criar um paralelo com o seu momento no presente, agora que, pela segunda vez, enfrenta a morte da filha mais nova. Há uma cena muito boa entre Lance e Laurel no final, fruto do que é mostrado nos flashbacks.
Pelo menos a subplot de Thea caminhou novamente com a descoberta de que foi a assassina de Sara, trazendo um motivo mais palpável para sua rusga com Malcolm, que havia surgido de forma um tanto abrupta no episódio anterior. Ainda assim, The Return surge como decepção: se a audiência esperava algo grandioso para a volta do melhor vilão que a série já apresentou, sairá desapontada. Se a ideia de mostrar que Oliver havia estado em Starling antes de voltar oficialmente do "mundo dos mortos" gerou curiosidade no público, a forma como tudo foi feito, colocando elementos desnecessários na história, também não deve agradar. Ou seja, mais uma vez Arrow entrega um material bem abaixo do esperado, em uma temporada que já passou da metade e ainda não disse a que veio. É claro que o público dará o voto de confiança aos realizadores, que já se mostraram muito eficientes no passado e estão fazendo um trabalho muito competente na série do Flash. Mas está cada vez mais difícil acreditar em um desfecho que agrade.
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Reconheço os erros desse episódio como você mesmo mencionou. Não faz sentido. O que salvou esse episódio foram as cenas dos flashbacks. Mas não faz o menor sentido o Oliver sair no meio da rua como se nada tivesse acontecido. Basicamente todos da cidade o conhecem. Afinal, quem é o jovem bilionário bonito e que morreu recentemente. Seu rosto foi visto no jornal diversas vezes. E ele sai no meio da rua e ninguém o reconhece. Não faz sentido.