A temporada atual de Arrow se manteve consistente neste início, principalmente levando em conta a quantidade de episódios destinados a criar terreno para Legends of Tomorrow. Nisso, o seriado do Arqueiro Verde conseguiu se destacar de seu spinoff do Flash, unindo melhor a trama principal com a preparação do novo programa. Com Lost Souls há um pequeno desvio dessa consistência, mas nada muito agravante. Apesar de um episódio morno, o retorno de Ray Palmer veio acompanhado de um confronto até interessante com o vilão da vez, Damien Darhk.
O que chama atenção em Lost Souls, e que salva boa parte dos problemas, é o relacionamento entre Oliver e Felicity. Por incrível que pareça, a ênfase da série no teor romântico tem funcionado e essa semana houve até um salto de qualidade em matéria de drama. O casal funciona muito bem e a química entre Stephen Amell e Emily Bett Rickards é constante. Por dar destaque a uma "briga" conjugal, muita coisa poderia dar errado, mas não é o que acontece. As motivações de Felicity são muito críveis e, por sorte, o roteiro não pende para um triângulo amoroso por conta da volta de Ray. É algo muito mais pessoal e palpável que move a pequena rusga entre os dois protagonistas.
A subtrama romântica funciona tão bem que nem mesmo a participação de Donna Smoak interfere negativamente. A inclusão da personagem soa estranha, uma vez que já havia um número considerável de plots secundárias em andamento, mas acaba servindo a um propósito e ainda deixa gancho para um futuro romance com Quentin Lance, algo que os intérpretes dos dois coadjuvantes brincaram em convenções e que, pelo visto, acabou incorporado na série.
Mas o foco de Lost Souls era mesmo a corrida contra o tempo para salvar o Eléktron. E, nesse sentido, o episódio deixou um pouco a desejar. Soluções fáceis, desenvolvimento apressado e um desfecho frustrante com Palmer já sendo descartado da série formam um conjunto de elementos negativos que fizeram a aventura soar automática, como se presente na série apenas para cumprir a função específica de trazer um personagem de volta. Na semana passada, com o retorno de Sara, foi possível conferir que é possível servir de ponte para o spinoff sem sacrificar o andamento do programa principal.
Mesmo os flashbacks deram uma estagnada, com um conflito sem empolgação. É difícil acreditar que o líder de um grupo de mercenários ignoraria tanto as investidas de seu braço direito contra um novato, que surge do nada em sua organização. A parte "misteriosa" da subplot dá algumas dicas de que pode ser relacionada a Vandal Savage, vilão principal de Legends. E por envolver símbolos antigos, também pode ter alguma relação com Darhk. Ainda assim, a ação no passado se mostra melhor que a vista na temporada anterior, que nem mesmo algum elemento de mistério continha.
Sem muito a acrescentar, Lost Souls ao menos traz momentos inspirados, especialmente os que focam no humor dos diálogos entre Oliver e Felicity. A discussão de ambos observada por Diggle evidencia o quanto o elenco mais antigo da série mantém uma boa química quando juntos. Os três intérpretes estão muito naturais, e mais uma vez, os elogios ficam por conta de Amell. Definitivamente a ideia de permitir ao ator trazer leveza para seu personagem a partir desse ano só faz a série ganhar no quesito atuação, algo que nunca foi o forte de Arrow. E os diálogos foram muito bons, evidenciando como o elenco está confortável com os novos rumos tomados pela adaptação.
Como mencionado acima, o episódio sofre um pouco por um certo inchaço de tramas, incluindo uma resolução rápida da volta de Sara. Seria melhor não colocar a cena dela contando para a mãe que está viva. Ora, quem dá esse tipo de informação por telefone? Como a personagem também pega a estrada no desfecho, seria muito melhor que ela citasse que iria procurar Dinah em Central City e contar toda a verdade. A sequência é absurda e não ajuda em nada a trama, muito pelo contrário, evidencia um quase amadorismo por parte do roteiro.
Apesar de fraco, Lost Souls não é totalmente descartável, justamente por desenvolver a situação de casal entre Felicity e Oliver de forma natural e convincente. Assim como ocorreu com Flash, essa semana, Arrow deve engatar episódios mais relevantes a partir do próximo, uma vez que apenas no crossover entre os dois programas é que o espectador irá se deparar com mais um pouco de preparação para a próxima série derivada. Dessa forma, os fãs podem esperar desdobramentos mais interessantes até o final de meia temporada.
Também achei o episódio mais fraquinho que a média dos episódios apresentados até agora, e na minha opinião é que o episódio foi mais fraco justamente porque resolveu investir no desenvolvimento emocional dos personagens. Sempre que isso acontece, a série dá uma decaída, porque parece que ninguém sabe sentar e conversar antes de fazer alguma coisa.
Para mim o comportamento da Felicity com Oliver foi injustificável, e tão injustificado quanto foi o Oliver ir atrás da mãe dela para tentar resolver as coisas.
Alguns pontos:
Em relação a Bloodlust sofrida pela Sarah, achei curioso como todos se preocuparam com ela quebrando o pescoço do membro da HIVE, sendo que na cena anterior ela estava atirando com uma pistola contra vários soldados. Quer dizer que a parada só conta se for para matar com as próprias mãos?
Curioso como o Ray passou 6 meses miniaturizado mas durante esse período nem a barba nem o cabelo dele cresceram. Acho que ele deve ter encontrado uma tesoura e uma lâmina de barbear bem pequenas. =)
Felicity chamou Dig de "Spartan", meio que batizando ele e matando mais um pouco minha esperança que futuramente o uniforme dele mude e ele passe a se chamar Guardião.
E como desgraça pouca é bobagem, arrumaram uma boa desculpa para a mãe de Felicity retornar em episódios futuros. Tomara que ela morra logo.
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