Atenção! Contém spoilers do episódio!
Desde a estreia da quarta temporada de Arrow, os fãs sabiam que um importante personagem se despediria do seriado em algum momento. Os roteiros deram várias pistas falsas para mostrar que o elenco conta com coadjuvantes que, sim, têm força para mexer com o bom desenvolvimento proposto para o protagonista neste ano. Eis que, finalmente, surge o episódio que dá adeus a um importante elemento da série, bem como da mitologia do Arqueiro Verde nos quadrinhos.
Este Eleven-Fifty-Nine se volta quase que exclusivamente para a ação, algo que soa até um pouco estranho já que foi entregue imediatamente depois do bem humorado episódio da semana passada. Aqui, no entanto, não houve espaço para alívio cômico e o fã é confrontado com um Oliver mais raivoso do que nunca, ante a possibilidade de estar sendo passado para trás por Andy Diggle. O confronto ideológico sobre contar ou não para John quanto a suas suspeitas traz um dos bons momentos da temporada e o roteiro de Marc Guggenheim e Keto Shimizu aproveita a rusga desenvolvida anteriormente entre os dois amigos para criar o conflito. Ao mesmo tempo, a trama coloca um pouco mais de combustível na relação Thea/Malcolm, fazendo todo o texto soar muito coerente tematicamente, com toda a ideia de traições familiares alicerçando a plot central.
Falando em coerência, pela primeira vez, em muito tempo, os flashbacks auxiliaram no conteúdo explorado no presente, criando um interessante arco envolvendo a fotografia que Oliver mantinha tão próxima a ele na primeira temporada, quando se via totalmente frágil perdido na ilha. Boa ideia trazer de volta esse elemento, criando uma relação pista/recompensa bem forte e dramática no desfecho.
Quando desconta sua frustração e desconfiança em Andy em um determinado ponto da trama, Oliver demonstra uma propensão para voltar a ser o justiceiro implacável das primeiras temporadas e seu teste derradeiro virá após este episódio. É a forma com que lidará com a perda de Laurel que dará o tom não apenas para o clímax do quarto ano, mas também para sua futura relação com os personagens no próximo.
A morte da Canário Negro traz um caminho de duas mãos. A personagem foi, de longe, uma das melhores coisas da terceira temporada e teve um desenvolvimento bem empolgante naquela ocasião. Já nesta, a heroína empalideceu, não oferecendo muito material para a trama. Laurel é parte importante dos quadrinhos e da vida de Oliver e o seriado dá, agora, um enorme passo para se distanciar ainda mais da versão em papel do universo DC. É uma decisão corajosa, sem dúvida, mas será que essa era a personagem que tinha de ser descartada? Thea e Felicity são duas que, atualmente, estão "sobrando" na série, tanto que seus arcos até aqui foram os mais aborrecidos. John, agora que é pai de família, ofereceria um drama muito convincente nesta fase da adaptação, caso desse seu adeus. E Quentin também. Aliás, pobre detetive, que teve de passar por três mortes de suas duas filhas. Por mais que Arrow não tenha dado material importante à Laurel, ela ainda trazia certo peso ao programa, desempenhando papéis importantes para os heróis quando de máscara ou quando assistente da Promotoria. Além disso, nos episódios mais recentes havia voltado a ter uma química mais forte com Oliver, algo que, inegavelmente, serviu de preparação para a cena final entre o ex-casal. Aliás, esta cena se torna o payoff de quase tudo mostrado na temporada que pudesse remeter ao relacionamento de ambos. Desde a aparição do filho do Arqueiro, os sentimentos de Laurel haviam se abalado de forma natural, sem soar elemento de folhetim, como soa boa parte dos dramas românticos da série. Resta saber se o efeito de choque não foi adicionado apenas por mera vontade dos realizadores em "chacoalhar" o programa. É preciso continuar o já citado, bom desenvolvimento do protagonista.
Entrando no momento derradeiro da quarta temporada, Eleven-Fifty-One injeta fôlego na série, algo que havia perdido há algum tempo. O ressurgimento de Darhk, a posse de sua esposa como prefeita, a postura confiante de Malcolm Merlyn e a ameaça do grande plano da HIVE são elementos fortes e promissores para um desfecho épico. E, com certeza, a morte de uma personagem importante adiciona, certamente, uma boa dose de expectativas quanto às surpresas que Arrow ainda pode oferecer.
Gostei do episódio, mas acho que a morte da Laurel foi um erro depois de todo o crescimento da personagem desde o início da série e a assenção da Canário Negro.
Ainda fico com um pingo de esperança que essa morte tenha sido forjada. Pela forma como aconteceu a cena isso fica no mínimo questionável.
Mas se a personagem morreu mesmo, espero que não seja ressucitada ou (por favor) que não façam a Felicity assumir o manto de Canário Negro ou alguma besteira desse tipo.
Parabéns pela review.