Enquanto ao penúltimo episódio da temporada de Flash faltou senso de urgência, Arrow surge em um dos momentos mais tensos de seu atual arco, deixando em aberto a possibilidade de uma season finale muito mais íntima e pessoal. Missing não é um episódio perfeito, mas cumpre muito bem seu propósito de gerar expectativa para o desfecho da trama de Prometheus.
O grande mote para Oliver em seu quinto ano como Arqueiro Verde é a aceitação de que ele não precisa estar sozinho em sua jornada. O espectador viu, ao longo desses 22 episódios, o protagonista lutar contra essa ideia e abraça-la, ao aceitar treinar uma nova equipe de justiceiros. Assim sendo, Chase acerta em cheio ao eliminar da equação todo o Time Arqueiro, na tentativa de deixar o herói "desamparado". Como um vilão que está sempre a um passo a frente, essa ideia é ótima e muito bem aproveitada em Missing, em momentos que muito lembram parte da trama da clássica história dos Novos Titãs, O Contrato de Judas, já usada como influência em toda a subtrama envolvendo Evelyn. Aliás, se há algo que o roteiro deixa a desejar é ter feito todos os heróis esquecerem da existência da moça. Há uma boa construção de suspense quando estão todos tranquilos após a prisão de Prometheus, mas alguém deveria ter lembrado da jovem traidora.
Porém, o episódio da semana é feito muito mais de acertos do que de erros. O crescente senso de perigo é explorado de forma convincente, e Stephen Amell tem mais uma chance de mostrar que consegue, sim, atuar bem. Tudo depende da direção e do texto e ambos estão em ótima sincronia aqui. O ator, inclusive, tem bons momentos na trama do flashback, na qual enfrenta situação similar. Há um paralelo muito interessante entre a sensação de fechamento mostrada na semana passada, quando tudo parecia caminhar para seu resgate em Lian Yu, até o ressurgimento de Kovar. Em Missing há essa mesma tranquilidade antes do protagonista sofrer o impacto de ter sido passado para trás por Chase. E, colaborando para a questão de que essa temporada toda deve fechar um ciclo, há o fato da trama atual precisar ser resolvida justamente naquela ilha.
Ao se ver encurralado, com todos os seus aliados desaparecidos, Oliver recorre a um grupo bastante incomum para ajudar em sua jornada. Neste sentido, a série deixa um pouco a desejar, pela falta de preparação para este momento. Poderia haver mais cuidado ao trazer personagens de volta e não foi por falta de tempo, levando em consideração a existência do problemático Underneath, há duas semanas, que parece ter existido apenas para trazer de volta o famigerado "Olicity".
Do lado do núcleo de Prometheus, também incomoda ver a Sereia Negra de volta. O programa parece forçar demais o retorno de Katie Cassidy, já confirmada como regular para a próxima temporada. Este era o caso de se investir em uma subtrama com a moça, para que sua volta tivesse um pouco mais de substância e não parecesse mera muleta, faltando apenas um episódio para a season finale. No entanto, existe uma boa ideia por trás de fazer Quentin confrontar toda essa situação. O vice-prefeito de Star City pode acabar se tornando motivo para uma eventual redenção da Laurel da Terra-2? E, se isso acontecer, o que será de Dinah, a atual Canário?
Terminando com um belo gancho (que vai depender bastante do roteiro para fazer sentido), que anuncia mais uma peça para fechar o ciclo iniciado há cinco anos, quando Arrow estreou, a sensação é de que a atual temporada não tem como errar e deve trazer um desfecho bastante interessante, até fugindo do lugar comum. Se todos os season finales foram focados em alguma ameaça para Star City, desta vez a batalha é pessoal, travada no lugar onde tudo começou. Essa convergência de situações traz a oportunidade para algo diferente para a série, que, se executado de forma competente, pode dar abertura a toda uma nova abordagem nas próximas temporadas. Resta torcer para que essa sensação de otimismo em relação à qualidade da adaptação seja efetivamente recompensada na semana que vem.