Talvez uma das melhores sensações que The Flash provoca no espectador é a constatação que o seriado jamais seria possível há 10 anos, por exemplo. O nível técnico da série é de fazer inveja a muitos programas de TV com orçamento mais generoso. Assim, quanto mais a temporada avança, mais há a impressão de que se trata de uma autêntica aventura de super-herói, com vilões pitorescos e um protagonista que não precisa segurar suas habilidades por conta de restrições nos efeitos visuais. Dito isso, outra sensação provocada por The Flash é que a série é muito bem escrita e tem um plano definido para tudo que seu primeiro ano deverá trazer.
Depois de enfrentar o Flash Reverso, Barry parte para um treinamento exaustivo com a finalidade de forçar ao máximo os limites de seus poderes. Ao mesmo tempo, o Capitão Frio ressurge em Central City, agora acompanhado pelo Onda Térmica (Dominic Purcell), para atrair o Flash e destruir o herói de uma vez por todas. É tudo tipicamente de quadrinhos e se na aparição anterior do antagonista congelante, Wentworth Miller estava extremamente à vontade com os exageros de seu personagem, seu ex-parceiro de Prison Break não faz diferente e cria um vilão psicótico que, com perdão do trocadilho, parece prestes a explodir a qualquer momento. Assim, a dupla não surge apenas ameaçadora no que a trama propõe, mas também se revela como um inspirado acerto de casting, buscando atores que já mostraram boa química no passado para convencer como dois inimigos à altura para o Velocista Escarlate.
O episódio acerta no desenvolvimento da trama, colocando Barry, em um primeiro momento, escolhendo entre aceitar o desafio de Frio ou deixar o trabalho para a polícia, uma vez que tem coisas mais importantes para tratar. A situação surge como uma luva para que o STAR Labs comece a retomar a confiança das autoridades, levantando algumas questões quanto ao envolvimento do Dr. Wells. Será que tudo isso também faria parte de seus planos para o Flash? O interessante é que por algum motivo ainda desconhecido, a dupla de antagonistas quer revelar o herói para a população da cidade. Isso não poderia se encaixar nas próprias ideias do cientista, que parece sempre disposto a tornar Allen um “herói melhor”?
Apesar de ser um artifício um pouco batido, que já apareceu em Arrow, várias vezes, inclusive, a ideia do antagonista sequestrar alguém importante para o herói acaba trazendo bons momentos, como Joe West tendo seu minuto heroico, e toda a situação do desafio nas ruas da cidade. Novamente, é um dos elementos que passam a sensação de estar diante de uma HQ. E uma boa HQ, o que é sempre importante destacar.
Como a trama da temporada é contínua, as plots secundárias ganham algum desenvolvimento, com Iris finalmente indo morar com Eddie, ou o detetive também tendo seu momento de herói, em uma das ocasiões que fazem o espectador realmente se preocupar com o personagem. Não é a primeira vez que um episódio faz questão de desenvolver o lado mais simpático do rapaz e fica impossível não torcer por seu sucesso ao tentar salvar o Flash de um disparo do Capitão Frio. Tudo isso só ajuda a tornar mais doloroso para o espectador testemunhar um eventual revés na vida de Thawne. Um pouco desnecessária, no entanto, foi a aparição de Iris no momento da batalha, uma vez que soou aleatória e não teve lugar na conclusão do episódio.
Entre as subplots, o roteiro também dá algum destaque para Caitlin desvendar o que realmente aconteceu com seu ex-noivo. A investigação do projeto Firestorm dá alguns frutos, já fazendo referência ao personagem de Victor Garber, que não irá demorar a aparecer. Revenge of the Rogues também dá dicas do próximo vilão a estrear na série: o Flautista. É em um diálogo rápido mas que para o fã serve como easter egg. Para quem não conhece os quadrinhos, ajuda a desenvolver um pouco do background do personagem em tempo curto: seus pais são ricos e não o aceitam mais como filho. O porquê? Provavelmente na semana que vem, isso será revelado. Com isso a história parece estar sempre em movimento, o que torna a temporada mais dinâmica, mesmo em um episódio que, aparentemente, não se encaixa na “mitologia”.
Voltando depois de um mês, The Flash traz ainda mais novidades, não deixa seus personagens estáticos e ainda por cima oferece uma hora de diversão escapista que só uma boa história em quadrinhos de super-herói sabe fazer. Por isso perceber que o seriado só é possível graças às tecnologias atuais é tão gratificante. Saber que essa é a época perfeita para finalmente a TV entregar aventuras desse nível é de fazer qualquer fã se sentir privilegiado.
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