Já falei aqui que Boardwalk Empire tem muitos defeitos, sendo a falta de foco o maior deles, agora é engraçado ouvir muita gente cobrar profundidade da série ou pelo menos um caminho coerente, sendo que quando episódios como Blue Bell Boy permite humanizar os personagens mais icônicos mesmo quando opta por desconstruí-los, as críticas infundadas ainda apareçam, então se depois deste episódio você não vê nada que lhe atraia na série, larguem de bom grado, os verdadeiros admiradores agradecem.
Terminado o desabafo, eu sou só elogios, pois há muito tempo Boardwalk Empire, não fazia um episódio tão cheio de significados e profundidade. Ao ver que teríamos mais uma vez um enfoque na família de Al Capone e em como ele está lidando com os negócios de Torrio eu já sabia que viria boa coisa, mas todo o drama envolvendo a surdez do seu filho Sonny, teve um tratamento tão incomum à série, que eu me peguei impressionado com uma trama que pode até parecer destoada do núcleo de Nucky, mas que serve como um belo paralelo ao mesmo.
Como sua mulher bem apontou Al não podia fazer nada com o bullie que espancou Sonny na escola, já que a surdez nem foi o motivo do mau trato, assim o esquentado mafioso direcionou toda sua fúria ao capanga de O´Bannion, que quase matou o parceiro de Al, ao ver que o gordo Jake era tão indefeso quanto parecia. O desabafo de Jake pegou Al de surpresa e a monstruosa cena do bar, me fez lembrar que depois de Richard Harrow, meu personagem preferido é o Capone.
Além dele, Owen e Nucky estiveram juntos e podemos ver bem mais de tudo o que realmente define os dois. Nem lembrava mais da carga roubada, mas tudo fez sentido agora, quase pensei que o jovem Rowland Smith seria o novo Owen/Jimmy, mas embalando a proposta de desconstrução, o cárcere no porão do ladrão serviu para sabermos que realmente em Boardwalk Empire, ninguém conhece ninguém, ou aparenta ser o que é.
Se eu me surpreendi com Nucky matando Rowland a sangue frio? Não, mas a minha surpresa ficou mais nos reais motivos de Owen ser devoto ao seu chefe, pois antes mesmo do dinheiro, ele enxergou em todas as chances que Nucky lhe deu, um lar que nunca teve a possibilidade de conseguir, e é por essas nuances que o texto da série me ganha, sem contar que todas as cenas na fazenda foram de uma tensão sufocante.
Outro personagem que vem me ganhando desde que retornou é Eli, é visível que antes de tentar reconquistar seu prestígio ele quer o amor do irmão, e ele sabe que a única forma de ter a admiração de Nucky é mostrar que ninguém além dele conhece tão bem como funciona o sistema. Curioso desde já para a repercussão do massacre em Tabor Heights e podem ter certeza, Mickey está com os dias contados.
Agora pasmem, a trama avulsa de Margaret me agradou bem mais, talvez por não ter tomado tanto tempo de tela, o dicionário da saúde da mulher serviu como alívio cômico, porquê é assim que eu vejo todo o lance no hospital. A venda de heroína em Nova York também teve seu espaço e gostei bem mais ao saber que a relação de Luciano e Masseria é mais estreita do que aparenta.
A bela sequência que encerra o episódio somada ao ultimato dado por Rothstein minutos antes, definem bem o propósito de tudo o que vimos, não existe irmandade, ou parceria que sobreviva a uma quebra de promessas, mas talvez para ganhar uma possível guerra que se aproxima seja preciso rever os conceitos e reafirmar antigas alianças, é meus amigos, Boardwalk Empire só cresce.