Review: The Flash S01E04 - Going Rogue

Going RogueUma das principais reclamações em Arrow, e que parecia se estender a The Flash, é a falta de atenção que os roteiros dos episódios dão aos vilões da semana. Claro, isso acaba sendo feito para que os personagens principais tenham suas histórias desenvolvidas, tornando os antagonistas meros obstáculos, sem que agreguem muita ameaça aos heróis. Pois, essa semana, a série do velocista escarlate joga a prática para escanteio e cria uma aventura em que o vilão não é mero acessório, levando o protagonista a desafios e situações complicadas.

Apesar do quarto episódio ser, talvez, o mais voltado para a ação até agora, ele era muito esperado por promover o reencontro de Felicity Smoak (Emily Bett Rickards) com Barry, dando continuidade ao flerte de ambos quando da visita do rapaz a Starling City, mostrada na segunda temporada de Arrow. A química entre ambos continua elevada e as cenas funcionam como atrativo para o público interessado em ver Allen com um par romântico definido. Por outro lado, a participação da técnica de TI mais requisitada dos heróis televisivos da DC também serve para mostrar o quanto o Flash é fiel aos seus sentimentos por Iris. O lado negativo deste crossover é a quantidade de exposição em vários diálogos entre Barry e Felicity, como se a moça representasse o público de Arrow que não conhece a nova série. Pode até existir uma parcela de espectadores do Arqueiro que resolveu assistir The Flash só por conta da participação da personagem, mas o texto força demais em momentos como a apresentação dos Laboratórios STAR ou quando ela assiste a uma demonstração dos poderes de aceleração do protagonista.

Going Rogue no entanto, pelo menos para os fãs das HQs, tem em seu próprio título a dica de suas ambições. A introdução do Capitão Frio (Wentworth Miller) serve a um propósito maior que deve ser desenvolvido ao longo da temporada: a criação da "Rogue Gallery" ou, como traduzida nos quadrinhos no Brasil, a Galeria de Vilões. Por isso, foi fundamental a atenção dada à vilania de Leonard Snart, e sua origem que não é ligada ao acelerador de partículas, uma vez que não é um meta-humano e usa uma arma congelante criada por Cisco e roubada do STAR para cometer seus crimes. Miller está canastrão na dose certa e cria um antagonista ameaçador pela total falta de consideração pela vida alheia. Seus confrontos com o Flash definem até mesmo um novo padrão para os, já excelentes, efeitos visuais do seriado, chegando ao ápice na batalha final, grandiosa como uma boa trama de quadrinhos pede e comandada com competência pelo diretor Glen Winter, responsável por alguns dos melhores episódios de Arrow, por sinal. O roteiro de Geoff Johns é muito eficiente em contar uma trama sem muitas surpresas, mas com praticamente todos os elementos que o fã exige de uma adaptação de HQ. Aliás, essa poderia ser a definição do estilo do autor, que quando escreve para publicações mensais parte quase sempre para o mesmo caminho. Aqui o grande trunfo é mostrar Snart como um bandido engenhoso e natural, ao invés de apenas alguém torturado pelo fato de ter recebido poderes ou com algum problema do passado a ser resolvido.

Going Rogue

Novamente, a maior intriga da série é a respeito do Dr. Wells. Uma coisa é certa: ele está disposto a proteger Barry a qualquer custo, mesmo quando isso o faz revelar um lado sombrio. A grande questão é o porquê disso tudo. Quando Cisco revela a criação da arma congelante, o cientista exibe uma fúria antes não demonstrada com seus ajudantes de laboratório, deixando claro que sua missão é não permitir que nada de mau aconteça com o Flash. Aliás, as motivações que levam o jovem funcionário do STAR a construir o aparato trazem a um bem desenvolvido conflito com Barry, que coloca em cheque o que o protagonista tinha como uma nova amizade. A série também é esperta em desenvolver isso e não deixar nada pendente para arrastar a rusga criada entre os personagens por vários episódios, o que poderia ficar cansativo com o tempo.

Com um roteiro lotado de referências, Going Rogue é o melhor episódio da temporada até aqui e funciona exatamente para mostrar do que a série é capaz quando se empenha em desenvolver o que realmente importa (e consegue encontrar espaço até para melhorar a subtrama sobre o romance de Iris e Eddie, colocando o Detetive West na equação). Além de mostrar ao espectador que o programa não está disposto a se conter, quando a chance para confrontos grandiosos surge com um antagonista interessante. Que venham mais oportunidades como essa durante a temporada.

Alexandre Luiz

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