Depois dos eventos da semana passada Flash abre, surpreendentemente, com Barry já em recuperação avançada. É ótimo ver a série nada disposta a perder tempo tentando enganar o espectador com uma subtrama sobre o protagonista sem os movimentos das pernas. Claro que o gancho deixado pelo episódio anterior deixou muita gente com essa impressão, mas os poderes do herói obviamente o livrariam desse mal. Ao invés disso, o roteiro procura, de forma acertada, trabalhar o drama da derrota, a falta de autoconfiança e a volta por cima.
Para trazer conflito e fazer Barry refletir sobre seu papel de herói a série traz de volta o Gorila Grodd com uma motivação um tanto diferente, mas que funciona dentro da proposta que a adaptação trouxe para o vilão. Diferente de sua versão nas HQs, o símio não é uma supermente criminosa, pelo menos ainda, e tem objetivos mais pessoas e palpáveis. O conflito gerado pelo sequestro de Caitlin, no entanto, é clichê e repete bastante o que os fãs viram na primeira temporada. Porém, a oportunidade gerada para Tom Cavanagh mostrar novamente porque não pode ficar fora do seriado faz valer a pouca criatividade da situação.
Ver o Dr. Wells assumindo a responsabilidade de tentar trazer de volta a Dra. Snow se torna um dos melhores momentos do episódio, com o intérprete exibindo, de forma brilhante, as diferenças entre as duas versões de seu personagem, fazendo Harrison imitar sua contraparte vilanesca da primeira temporada. Além do mais, reforça a ligação entre o Time Flash, o que já estava mais do que na hora de acontecer. Em certos momentos, parece que os heróis se esqueceram que o Wells original nunca foi o Wells e sim, Thawne. Sustentar todo o conflito na ideia da associação com o rosto do cientista já estava soando um tanto forçado. Obviamente confiar totalmente no personagem não seria esperto, por isso trazer nuances de sua personalidade e fazer o time adquirir essa confiança aos poucos é a opção mais correta.
Quanto à Grodd, é uma grata surpresa que os produtores tenham conseguido melhorar ainda mais os efeitos digitais que dão vida ao vilão. A textura dos pelos realmente impressiona mas também chama atenção o cuidado com as expressões do gorila. Obviamente não é a mesma qualidade de um Planeta dos Macacos, em que existe todo um processo de captura de movimentos envolvido, mas o nível está muito acima dos padrões de TVs com orçamento apertado. Ajuda também a ação ocorrer sempre em locais escuros, que disfarçam qualquer imperfeição que olhos mais atentos poderiam encontrar.
A trama constrói gradualmente o retorno de Barry às suas atividades como super-herói, usando o recurso que, na verdade, é um trunfo da série: a qualidade do protagonista e a química que exibe com John Wesley Shipp. Ver cenas em que ambos discutem os problemas enfrentados e o paralelo construído com a falha de Henry em provar sua inocência trazem um drama convincente, muito por conta da atuação dos dois atores. O antigo Flash dos anos 90 traz muita sinceridade e uma dose de "coração" para o seriado, ajudando o espectador e ver as coisas por uma perspectiva palpável e de fácil conexão. Além do mais, usa um grande argumento para solidificar o Velocista Escarlate como um símbolo de esperança: Barry gosta de ser um super-herói e falhar com Zoom foi falhar com as pessoas que depositam confiança no protetor de Central City.
Um ponto fraco de Gorilla Warfare é a forma como o texto lida com Patty. Deixar a moça de lado não acrescenta muito ao relacionamento tão bem trabalhado até aqui e periga cair no clichê de toda adaptação de quadrinhos em que o personagem principal perde a namorada por ter escondido sua identidade secreta. Se até para a Linda, Barry não teve problemas em revelar quem é, quanto tempo ainda ele irá esperar para abrir o jogo com Patty? Os roteiros tem acertado muito com Iris e conseguiram se redimir por erros da temporada anterior, mas tomara que não os repitam justamente com a jovem detetive. Por outro lado, a breve subtrama envolvendo Cisco e Kendra é bem divertida, já trazendo ao espectador o primeiro vislumbre da Mulher-Gavião.
Trazendo uma boa dose de efeitos visuais para completar a ação, o episódio da semana lida com a transição para uma postura mais cuidadosa em relação a Zoom. Dando ao fã lampejos de um provável retorno de Grodd, dessa vez, quem sabe, mais próximo de sua versão em quadrinhos (o que, pela cena final pode significar um custo elevado de produção), Flash traz mais um acerto, mesmo que subaproveitando uma de suas melhores adições na temporada, o novo par romântico de Barry.
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