Entre tudo ou nada. Depois de oito episódios geniais, era de se esperar que o retorno de The Walking Dead continuasse com a qualidade conseguida depois de tanta luta. E por mais que num primeiro momento eu tenha me desesperado ao lembrar o antigo marasmo da série (The Suicide King), uma semana depois percebi que, na verdade, precisávamos respirar um pouco para só então embarcar mais uma vez nessa montanha-russa dramática (Home).
Mesmo tendo estragado o belo cliffhanger da finale passada com o promo do episódio seguinte, nem esse tiro no pé nos prepararia para um retorno tão morno quanto The Suicide King. O principal motivo veio justamente das cenas em Woodbury. O pós-ataque para salvar Daryl foi bem mal construído e só serviu mesmo para ganharmos algumas mortes de zumbis e mais um vislumbre da ira do Governador. O vilão continuou só na promessa e com seus costumeiros trejeitos perturbadores, enquanto Andrea entrou numa jornada capenga de liderança (oi?). Mesmo depois de saber o real motivo do ataque, ela preferiu reconfortar a população da comunidade, pois sabia que de nada adiantaria tentar entender os motivos do Governador. Juro que se eu realmente gostasse da personagem, teria me interessado mais por tudo, mas infelizmente, quase cai no sono com tanto mimimi.
Em contrapartida, os dilemas enfrentados por Rick e seus companheiros foram bem mais plausíveis e menos cansativos de assistir. Eu nunca permitiria o retorno de Merle depois do que ele fez, mas fazer Daryl (que ainda se culpa por ter “abandonado” o irmão) entender isso, foi inútil. O que mais gostei foi ver o quanto Glenn evoluiu ao se mostrar tão líder quanto Rick, no momento em que levantou a situação tanto de Merle quanto do Governador. Glenn sempre foi o amigo, o faz-tudo, o namorado apaixonado, mas os abusos que ele e Maggie sofreram o mudaram por definitivo.
A saída de Daryl do grupo era esperada, e só sentimos o impacto na reação de Carol quando eles chegam mais uma vez a prisão. Lá, Rick ainda teve de resolver a situação de Tyresse. Eu achei o xerife bem pragmático e um tanto quanto prepotente ao vetar a estadia dos novos sobreviventes, mas a nova ordem cobra isso das pessoas. E se pararmos para pensar, Rick também não estava no seu melhor (ele ter aceitado Michonne foi por pura humanidade) e o final do episódio veio como a surpresa mais bem-vinda e ao mesmo tempo não. A forma que os roteiristas escolheram para retratar a degradação de Rick pode cansar e soar forçada, mas não podemos deixar de admitir que a visão de Lori como um lembrete de onde e como o xerife se encontra, foi sensacional.
Só a cena de abertura de Home já valeria o episódio. Andrew Lincoln vem matando a pau com o seu Rick e sua atuação ao perseguir o fantasma de Lori pelos arredores da prisão prova bem os elogios que vem recebendo. A construção e colisão das tramas também me ganharam facilmente. Woodbury foi aquela coisa de sempre, porém o diferencial esteve nos diálogos e ações que sempre esperávamos do Governador. O núcleo da prisão deu um show e Daryl e Merle não ficaram muito atrás.
O problema de Woodbury estáno ritmo que os roteiristas insistem em imprimir por lá. Temos quase que uma reprodução fiel dos tempos na fazenda de Hershel. Mas eu notei que finalmente o Governador começou a se mostrar. Ao manipular a “inteligentíssima” Andrea e intimidar o coitado do Milton, descobrimos mais da mágoa que ele sente pela morte da filha, cuja esperança de uma possível cura residia nos experimentos realizados pelo cientista. Quando ele também nota a necessidade de Andrea em se destacar, o plano perfeito para uma pequena a visita à prisão é posto em prática.
Já Daryl e Merle, ganharam diálogos e momentos excelentes, e pela primeira vez pudemos perceber o quanto a química entre eles é boa. Os abusos que Daryl sofria do pai entraram em pauta novamente e casaram direitinho com o abandono por parte dos dois. Finalmente eu acreditei numa reação de Merle, ao vê-lo surpreso por descobrir o que o irmão mais novo também passou. A sequência do resgate da família na ponte foi puro fanservice, mas cumpriu a cota necessária de ação, que, diga-se de passagem, não deveu em nada aos episódios do ano passado.
Na prisão, Glenn se destacou por expressar uma revolta comum, mas incompreensível para alguns dos seus companheiros. Só fiquei chateado pela forma com que Maggie o tratou. Eu sei que foi mais por medo de perdê-lo em alguma empreitada contra o Governador, só que o coreano já fez demais para ela agir assim. Carl também vai ganhando o meu respeito e não decepcionou ao representar uma criança do apocalipse. Agora tenho que falar para vocês que eu nunca me imaginaria tão apegado a Carol, que nos rendeu os momentos fofura ao flertar com Axel. O prisioneiro foi o personagem novo mais simpático e sua morte abrir o ataque à prisão, foi para enfartar qualquer um do susto.
Que espetáculo! O Governador e seus capangas metralhando sem piedade Rick e seu grupo foi pura adrenalina. Se mais alguém não respirou na cena de cinco minutos onde só se ouvia o som das balas, pode se considerar humano. Empolgação a parte, a direção da sequência foi brilhante e de um cuidado ímpar. Michonne em ação, Carol usando o corpo de Axel como barricada, o caminhão de zumbis sendo liberado no pátio, a chegada triunfal de Daryl e Merle quando Rick estava quase perdido, nem sei como eleger o melhor momento, só posso dizer que depois desse desfecho, não precisamos mais duvidar do que nos espera, The Walking Dead voltou de verdade!
Comente pelo Facebook
Comentários
Comente pelo Facebook
Comentários