Qualquer um que entenda o sentido de sobrevivência sabe que The Walking Dead, sempre almejou ser a série definitiva sobre o tema, utilizando como McGuffin o apocalipse zumbi. Mas as escolhas e os personagens antipáticos tornavam a série num entretenimento pedante e que não conseguia justificar nem mesmo os dilemas enfrentados pelos seus protagonistas. Sim, isso agora é passado, mas fico feliz em notar que o episódio da semana, volta ao antigo ritmo do seriado, só que desta vez todos os personagens sabem a que vieram, conseguindo segurar dramas pessoais e imprimir uma veracidade invejável, basta notar o quão humana foi a abordagem dos “telefonemas consciência”.
Inserindo com maestria um dos plots mais complexos das HQ´s, o telefone mudo pelo qual Rick conversa com Lori teve uma abordagem bem mais interessante que a do material original. Na série, Rick converge toda sua loucura em conversas com personagens que já partiram, e que funcionam como sua consciência. Na época em que a trama deu as caras nos quadrinhos, tudo estava tão louco que por muito tempo eu não soube o que pensar, já na série, ela veio no momento mais sombrio do xerife e novamente Andrew Lincoln se destaca, ao entregar um momento poderoso, quando confessa todo o amor que ainda sentia pela finada esposa. Vale lembrar que são os telefonemas que trazem Rick de volta a realidade, num paralelo curioso, quando notamos que as sequências pareciam um tanto quanto irreais.
Danai Gurira e sua Michonne, continua sendo a “cereja do bolo” numa temporada que surpreende a cada instante. E não é só por protagonizar as melhores cenas de ação (a perseguição na floresta é o destaque da semana) que a samurai se confirma como uma de minhas favoritas. Ela, mais do que ninguém, compreende a nova ordem E sendo assim, tudo o que faz é com um pé na necessidade de sobreviver, seja na frieza com que mata os homens para se defender (como se eles não fossem diferentes dos walkers), ou quando deixa Glenn e Maggie serem sequestrados por Merle, uma decisão aparentemente fria, mas que faz todo sentido quando vemos sua chegada à prisão com os suprimentos para o bebê.
A cada semana, Andrea cai mais no meu conceito. Não é nem pela inconstância da personagem, mas sim pelas suas escolhas que não guardam qualquer resquício de inteligência, mesmo que elas estejam ligadas ao seu futuro na comunidade do Governador. O comandante de Woodbury se mostra ainda mais inteligente, ao conseguir provar para Andrea que no novo mundo, é o gosto pela violência que mantem aquelas pessoas ativas. Se grande parte dos sobreviventes guardam histórias trágicas ou saíram de um possível inferno, nada como um vislumbre da vingança que poderiam ter pela morte dos seus entes queridos. Se essa é a mentalidade daquele pessoal, Rick tem muito a temer, pois na sua concepção, violência só é necessária se ela estiver entre sobreviver ou não.
Desenhando uma trajetória original e apostando na ascensão de anti-heróis (fiquei penalizado com a história de Daryl e o momento em que ele sai com Carol nos braços, mostrando o quanto o personagem evoluiu), The Walking Dead me deixou com medo pelas mudanças que fez em determinadas tramas do material original. E esse não é um medo de que a série desande, mas sim um receio pelo destino dos personagens, e se eu me importo com o futuro de alguns deles, é sinal de que estamos no caminho certo para um ano memorável. Afinal, a falta de conexão sempre foi um problema, que agora não existe mais.
P.S.: É certo que Merle funciona como um bom antagonista, mas detesto o ator.
P.S.2: Os momentos finais me fizeram lembrar o jeito único de Lost montar reencontros, portanto, ponto para série.
P.S.3.: O que vocês fariam ao ver um “Go Back” tão sugestivo?
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