Operação França (1971) | Para assistir e guardar

Dirigido por William Friedkin e baseado no livro de mesmo nome que conta a história real da maior apreensão de drogas que a polícia de Nova York havia feito até então, 'Operação França' conta com Gene Hackman no papel do policial "Popeye" Doyle em sua perseguição a contrabandistas liderados por um misterioso francês vivido por Fernando Rey. O obcecado policial e seu parceiro, o ator Roy Scheider, de Tubarão, passam noites acordados, de tocaia, esperando pela pista que os levará a resolução do caso.

Friedkin, que mais tarde faria 'O Exorcista', vinha do mundo dos documentários e aproveitou a chance de ter um filme baseado em uma história real em mãos, para rodar o longa com uma linguagem semi-documental que seria copiada por inúmeras produções nos anos seguintes.

'Operação França' faz uso de grandes cenas, como a inesquecível perseguição em que Doyle parte em alta velocidade para alcançar um trem elevado. Gravada na locação de Nova York, usando boa parte do tráfego real das ruas, a sequência entrou para a história do cinema e regularmente é citada como a melhor, ou uma das melhores, cenas de perseguição já filmadas.

Vencedor de 5 Oscar, incluindo o de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator para Hackman, o longa é daquelas produções que infelizmente o cinema não produz mais. Pode parecer papo de saudosista, o velho "não se fazem mais filmes como antigamente", mas é a triste realidade. É uma obra que exige atenção do espectador, e que não baseia toda sua existência em cenas de tiroteio ou efeitos especiais. Antes de qualquer coisa, é uma trama sobre o trabalho policial e sobre os personagens mostrados em cena. Os primeiros 20 minutos são essenciais para a compreensão das motivações dos protagonistas, principalmente o, quase patológico, senso de dever de Doyle.

Com um final instigante, é uma daquelas produções que merecem ser vistas e revistas inúmeras vezes. Por isso, é altamente recomendável colocá-la em sua estante, de preferência na edição em Blu-ray, disponível no Brasil já há algum tempo.

Lançado pela Fox em 2009, o disco em Alta Definição de 'Operação França' contém apenas o filme, e como extras traz somente comentários em áudio do diretor e do elenco, além de uma faixa isolada com a trilha sonora de Don Ellis. Como opção de áudio, o Blu-ray traz o som original em DTS-HD Master Audio 5.1 e dublagens em Português e Espanhol, ambas em DTS 5.1. Como o longa passou por um processo de remasterização, ó óbvio que o áudio original é infinitamente superior, trazendo detalhes como o som das ruas, diretamente pra sala do espectador. E, claro, a trilha, que tem grande influência do jazz, se faz muito mais presente do que na edição em DVD, lançada em meados dos anos 2000.

Boa parte da força do filme está em sua estética de documentário. Para não perder isso em algum processo de redução de grãos (a Fox é conhecida por usar DNR massivamente em alguns lançamentos, como Predador), o diretor acompanhou toda a remasterização para garantir que a granulação original pretendida permanecesse intacta, dando à fita um senso muito maior de realidade. Friedkin também aplicou uma polêmica correção de cores, o que gerou a fúria de alguns fãs mais puristas. O procedimento deu ao longa um visual em que a coloração parece um pouco pálida em relação a original. A mudança, nas palavras do cineasta, não representa sua visão, mas sim a "intenção de lançar Operação França com a melhor qualidade de imagem possível". Veja abaixo uma comparação entre a versão em DVD, que não passou por esse processo, e a em Blu-ray e tire suas próprias conclusões.


Como bônus, a faixa de comentário de William Friedkin é essencial pra quem quer conhecer os detalhes da produção, como o processo de pesquisa e adaptação da história. E se torna ainda mais importante, já que a Fox omitiu o disco de Extras que saiu na edição norte-americana. Aliás, essa omissão é sentida pelo fato da mídia com o filme vir com a impressão DISC 1 gravada em seu rótulo. Esse tipo de coisa vivia acontecendo com DVDs e já era de se esperar uma correção. É uma tremenda falta de respeito com o consumidor, revelar a existência de um segundo disco sem ter a mínima intenção de lançá-lo no mercado em questão.

Os extras do que deveria ser o DISCO 2 incluem um extenso making of, que faz parte do DVD antigo desse clássico. Então, uma dica pra não perder nada da experiência é comprar ambas as edições: assista em Full HD e depois coloque o DVD para conhecer todos os segredos que acompanham a produção. Ou comprar a versão americana, que não contém legendas em Português. De qualquer modo, por sua importância e sua qualidade como obra cinematográfica, Operação França é um título obrigatório na estante de todo cinéfilo.

 

Alexandre Luiz

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