Todo final ano ocorre o mesmo ritual: as pessoas se empanturram com guloseimas durante a janta da ceia entre os dias 24 e 25 de dezembro, brigam com parentes pelos motivos mais idiotas possíveis, trocam presentes...
Entre os cinéfilos há também o ritual de relembrar os melhores e piores filmes que viram no decorrer desses 12 meses, e nesse interim, também usam os dias finais de dezembro para assistir filmes de temática natalina.
Como não somos imunes a tradições, escrevemos recentemente sobre filmes de horror, entre Noite do Terror, Krampus: O Terror do Natal, Rare Exports e A Última Noite, fora os que ainda sairão até o dia 31.
Mas o cinema de horror de final não é feito só de boas produções, na verdade há pouco de bom nesse filão, já que a maioria das produções é uma tranqueira bizarra, com presepadas trash que podem ser divertidas e outras que são apenas ruins e que não entretém sequer pelo meme.
Falamos de algumas delas aqui, confira.
Natal Negro (2006) de Glen Morgan
Esse é o primeiro remake de A Noite do Terror, inclusive ganha o mesmo nome original, Black Christmas, com a corruptela típica dos anos 2000, já que pode-se ver em pôsteres a grafia Black X-Mas.
Seu maior diferencial é o elenco, cheio de figurinhas famosas dos filmes populares dos anos 2000, como Michelle Trachtenberg, Mary Elizabeth Winstead, Lacey Chabert, Katie Cassidy, Yan-Kay Crystal Lowe. A grande questão é o emburrecimento dramático, já que esse é um remake sombrio que pega tudo que era dúbio no original e transforma em algo banal e mastigado.
Ao menos há mortes gráficas ligadas a decoração natalina, com pisca-pisca, árvores de natal e com diversos objetos fálicos bizarros em formato de doces coloridos sendo utilizado para maltratar os assassinados.
O Biscoito Assassino (2005) de Charles Band
Mais uma trasheira da Full Moon, a produtora de cinema B e seu idealizador Charles Band. Talvez estejamos roubando já no início da lista porque, apesar do biscoito de gengibre ser uma tradição natalina, não há a certeza de que a trama se passa no natal. Poderia ou não ser nessa época, mas foi lançado para comemorar a data.
Esse é basicamente um filme de horror onde Gary Busey se transforma em um biscoito de gengibre assassino, com uma fotografia que lembra a de filmes pornográficos softcore, e que é ruim pra cacete. Tudo é uma canastrice e uma sem-vergonhice. Vale pela safadeza, por referenciar filmes B, pelos efeitos de John Carl Buechler e por ter atuações tão ruins que faz o filme parecer carismático. Tem duas continuações, lançadas em 2008 e 2011.
A pena é que o boneco/biscoito quase não aparece, e há poucas cenas de morte, e nenhuma delas é graficamente legal.
Santa Claws (1996) de John A. Russo
Esse é de longe o menos prazeroso filme da lista, visto que ele é péssimo em todos os sentidos. O filme é dirigido por John A. Russo, um dos roteiristas de A Noite dos Mortos-Vivos.
É uma bizarrice que aparentemente foi feito só para mostrar garotas nuas ou seminuas, com uma desculpa esfarrapada de que estão fazendo uma paródia de filme de horror natalino.
A fotografia é horrenda, o que é peculiar, já que o cinematografo é o mesmo de Exército de Extermínio (que tem um visual muito bom), as atuações idem, o roteiro é uma bagunça, os personagens são caricaturas de Psicose.
O vilão é igualmente horrendo, e ele mata as pessoas com um garfo de jardinagem, e em algum ponto ele resolve usar roupa de Papai Noel, mas é tão mal encaixado que nada no filme salva.
Jack Frost (1996), de Michael Cooney
Esse aqui é bom demais, um genuíno besteirol que mistura terror e comédia. Como foi com Biscoito Assassino, esse também gira em torno de um bandido que se transforma em um ser inanimado bizarro, no mesmo estilo de Brinquedo Assassino.
O grave problema do filme são as cenas de mortes de mulheres, algumas c0m momentos fálicos que parecem cenas de assédio. O cineasta culpou a formação do boneco nessa questão e tentou aplacar o incômodo com músicas divertidas, que lembram momentos de comédia.
As atuações são todas terríveis, o roteiro é uma desculpa sem vergonha para uma série de assassinatos sem sentido, e o fato de tudo ser tão canastrão e sem vergonha enobrece o filme, incrivelmente. É bem divertido, uma boa distração. Tem uma sequência do mesmo diretor, o que é um grande feito, já que esse é um filme feito para o mercado de vídeo.
Krampus: O Justiceiro do Mal (2013) de Jason Hull
Filmes de qualidade discutível normalmente tem mais de um nome, e é o caso desse. O leitor encontra o longa como Krampus: o Justiceiro do Mal ou Krampus: o Demônio do Natal. Essa é uma das produções do Estúdio ITN que se apropriam da estética tosca dos filmes de horror da Asylum e Syfy, tanto na sem-vergonhice visual quanto na dramaturgia tosca.
Os cenários são claramente improvisados a partir do que o diretor tinha, os efeitos são ridículos, e mesmo Krampus é apenas um homem com uma fantasia mediana, composta por uma máscara horrenda e um roupão de banho cobrindo o resto do corpo. Eventualmente vaza os braços dele, que são humanos, normais.
O que fato é muito bom é o Papai Noel, de Paul Ferm. O personagem é canalha e escroto até o talo, fica fazendo bullying com Krampus, que é seu irmão menos favorecido. Certamente foi esse personagem que fez o filme se popularizar entre fãs de horror classe C, ao ponto de gerar uma continuação.
Vale ver também por uma das piores cenas de luta da história do cinema, e pelos múltiplos erros de filmagem, continuísmo e até foco.
Krampus Origins (2018) de Joseph Mbah
Se Krampus de Michael Dougherty é excelente e seu primo pobre da ITN é meio uma pérola do amadorismo, o que se deveria falar a respeito de Krampus Origins. Vale lembrar que esta não é uma prequel nem de Terror do Natal e nem de O Justiceiro do Mal, é tão somente um drama de guerra, que não deveria ser feito nessa época.
Além disso, tem pouco Krampus nesse longa, quase não tem terror também, mas sobra sem vergonhice e amadorismo, tanto que a primeira cena um míssil cai quase em silêncio, e depois o som estoura nos diálogos. Parece que o filme não teve qualquer correção de som na pós-produção.
Esse filme possui roteiro de Robert Conway, que tem experiência em explorar o tema do monstro natalino, já que dirigiu e escreveu Krampus: o Acordo e Krampus Unleashed. O doido é que aparentemente não há qualquer menção a esse "Origins" ser uma prequel desses outros dois.
Fica a dúvida se esse drama se passa no natal, e ao tentar abordar o clichê de história de origem, não o faz. É uma sem-vergonhice sem tamanho e tem um final muito fraco e conveniente.
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Por enquanto é só isso. Ano que vem possivelmente faremos uma parte dois desse post, indicando mais bizarrices cinematográficas e de qualidade duvidosa, afinal, nós gostamos desse tipo de bizarrice.
Boas festas e um ano de 2023 melhor do que esse que acaba.
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