Minha Madrasta é um Terror : A comédia sobre mães que reúne Roger Corman e Corey Feldman

Minha Madrasta é um Terror : A comédia sobre mães que reúne Roger Corman e Corey FeldmanMinha Madrasta é um Terror é um filme que mistura elementos de comédia com pitadas de horror. Lançado direto para vídeo em 1993 é mais conhecido por ter o selo de "qualidade" do mestre Roger Corman, que aqui é produtor executivo, além de ter em seu elenco a estrela Corey Feldman.

A história acompanha o menino de imaginação fértil Todd Dougherty, interpretado por Billy Corben. Recém órfão de mãe, ele acusa sua futura madrasta de ser um monstro, mas ninguém acredita nele. Com o tempo os vizinhos aparecem mortos e partir daí começa uma apressada trama para impedir que uma criatura monstruosa comedora de humanos se case com o pai do rapaz.

Na época de seu lançamento, se comparava bastante essa obra com o clássico vampiresco A Hora do Espanto de 1985, já que o protagonista no filme de Tom Holland é fã de filmes de terror e descobre um vampiro como vizinho, mas ninguém acredita nele. A diferença pontual é o sexo do "monstro", além de que Toddy é fã de quadrinhos e não de cinema de horror.

O longa teve direção de Jeremy Stanford, com roteiro de Mark Thomas McGee e Craig J. Nevius, baseado na história escrita por Fred Olen Ray. Foi produzido por Steven Rabiner, com o já citado Roger Corman na produção executiva.

Minha Madrasta é um Terror : A comédia sobre mães que reúne Roger Corman e Corey Feldman

O estúdio por trás é a Concorde Pictures, distribuído pela New Horizons Home Video. A produção foi rodada em Los Angeles, Califórnia entre abril e maio de 1992.

Seu título original é Stepmonster. Se chamou Paso de monstruo na Argentina e La madrastra maldita na tv mexicana. Na Espanha chamava Mama monster, na Alemanha era Stiefmutter - Stiefmonster, na Hungria é Szörnyeteg a mostohám.

Stanford dirigiu O Limite do Terror 3 e Trantasia depois desse Minha Madrasta é um Terror, que aliás, foi sua estreia como diretor. Também trabalhou como diretor de segunda unidade em Slumber Party Massacre III e assistente de direção em Corporate Affairs.

Mark Thomas McGee escreveu The Equinox...A Journey into the Supernatural, Equinox, Torre do Medo, O Santuário do Medo e Tentação Mortal.

Nevius escreveu O Quarteto Fantástico que Corman produziu, também fez Escorpião Negro II e A Base: Desafiando o Perigo. Já Fred Olen Ray fez Vale da Morte, Resposta Armada e Confusão nas Estrelas

Rabiner produziu Os Aventureiros do Deserto, Punhos de Vingança e Inferno Selvagem. Corman vinha produzindo filmes como Frankenstein: O Monstro das Trevas, Dormindo com o Vampiro, A Vingança de um Kickboxer 4 e Falcões de Fogo.

Outro nome de destaque é Corben. Ele era um ator mirim nesse, esteve no elenco de O Tiro que não Saiu pela Culatra, no telefilme As Mulheres de Archie.

Anos mais tarde se tornou produtor e realizador. Ele assina direção em Raw Deal: A Question of Consent, a franquia Cocaine Cowboys, documentários da ESPN 30 for 30 e o longa documental Proibido por Deus: O Escândalo que Destruiu uma Dinastia.

Os créditos iniciais mostram itens escolares, como lápis, compassos, apontadores e materiais de pintura, depois introduzem um menino, Todd, garoto fanático por quadrinhos, que vive com George, seu pai, interpretado por sua vez por Alan Thicke.

Desde o primeiro momento de tela fica claro que o homem não gosta do hobby do menino em ler gibis. Todd é descrito como criativo, dado a arroubos imaginativos, provavelmente causados por essas histórias em quadrinhos que ele lê.

O pai do rapaz é um arquiteto e está construindo uma casa para Denise (Robin Riker), uma moça bonita, que aparece sem muita introdução. Sua primeira cena faz até pensar que ela é selvagem, uma vez que ela aparece vindo de um passeio na floresta.

Além da praticamente nula construção de atmosfera, se nota também que os diálogos são bastante ruins. Os personagens agem de maneira irracional na maior parte dos momentos, parecem caricaturas, vindas de programas televisivos matutinos infantis.

Todd sonha com a morte de sua mãe (Molly Cheek), que ocorre de maneira súbita. Ele prevê tudo, em um gibi que lê, supostamente, mas não fica tão claro se ele se lembrou em sonho da revista ou se sonhou direto com ela.

A orfandade se torna ainda mais assustadora pelo fato de sua mãe sumir, já que jamais encontram o corpo da suposta falecida.

É curioso como a notícia do falecimento da sra Dougherty é dado pelos pais da mesma, de uma maneira que não parece tão penosa. Norman, o avô do menino vivido por George Gaynes parece ter mais energia para usar um telescópio a fim de espiar uma vizinha do que simplesmente lamentar a morte da filha.

Denise então se torna par de George, sem grandes explicações e resistências da parte dos adultos. Só Todd parece incomodado com isso.

Minha Madrasta é um Terror : A comédia sobre mães que reúne Roger Corman e Corey Feldman

Os diálogos expositivos são tão frequentes que faz perguntar se eles não ocorrem todos a partir da imaginação do rapaz. Talvez tudo que ocorre aqui não passe de um delírio do menino.

Denise parece querer abraçar o jovem, tanto que se prontifica a conversar com o garoto, que está em choque pelo fato do pai não se preocupar em arrumar um novo par.

Se de fato tudo está ocorrendo nessa velocidade, o protagonista mirim está correto. Sua mãe some, não acham o corpo, o pai passa por cima do luto e fica com a antiga cliente... Tudo é jogado, sem cerimônia, tanto a literal ou a simbólica.

O roteiro é bem qualquer nota e não é à toa. Há muitas situações que são tão forçadas que chegam a ser engraçadas e até um pouco charmosas. A obra se transforma em uma comédia involuntária bizarra, não se ri pelas piadas e sim pela construção de texto que deveria parecer séria e dramática.

Denise é a mulher perfeita, muito boa na cozinha, bela, tem um corpo escultural, se recusa a comer. A impressão que fica é que ela é canibal ou uma bruxa. No entanto ela se diz antiquada, se recusa a transar com o futuro marido, só após o casamento.

A trama bizarra que a envolve lembra um bocado o trash A Árvore da Maldição, de William Friedkin, que trata de uma druida comedora de gente. A motivação das duas personagens é parecida, embora a "filiação" monstruosa seja diferenciada.

Todd quer dormir de luz acesa, por medo da nova parente. Entre a marcas do filme, uma das mais lembradas é o bichinho de estimação misterioso dela, que reside dentro de uma caixa. O bicho fica escondido no começo e ela alimenta a criatura com os peixinhos dourados do enteado.

A sequência é bizarra, termina com ele cuspindo as espinhas do bicho, no formatinho de um esqueleto que é tão bem-feitinho, que se torna singelo.

Todd utiliza o telescópio do avô, também para observar a vizinha Wendy pelada. É em um desses momentos que ele vê a madrasta atacando.

A bela moça que ele observa é a babá dele, namora o personagem de Corey Feldman, Phlegm, um nerd cabeludo, com uma faixa no cabelo, bem no visual de Os Garotos Perdidos.

Minha Madrasta é um Terror : A comédia sobre mães que reúne Roger Corman e Corey Feldman

Denise tem uma face monstruosa, tal qual os Tropopkins dos gibis de terror que Todd lê. O seu visual transformado é meio tosco, mas está longe de ser um dos problemas do filme.

O plano dela é comer o pai do protagonista, no dia do casamento, que cai na época do solstício de inverno.

Avô e neto tentam descobrir qual é a fraqueza da tal criatura, até se aconselham com um amigo de Phlegm, mas ele pouco ajuda efetivamente. Enquanto isso Denise perde o pudor em matar pessoas, faz até piadas sobre o corpo de suas vítimas.

Esse filme ainda tem uma boa participação, de John Astin, o Gomez do seriado A Família Addams, como um pastor. Ele faz o casamento dos Dougherty, próximo do final ainda fica tossindo no cerimonial e termina acendendo um cigarro.

A cerimônia é super discreta, há apenas a família noivo e os pais da mãe falecida. Fica bem claro que eles cortaram gastos em tudo, onde dava eles economizaram.

No final os "heróis" derrotam o monstro utilizando o som do violino, descobrindo quase por acidente que essa seria a fraqueza da criatura. Não há muita criação de atmosfera, só é dada essa questão, sem muito lamento.

Minha Madrasta é um Terror é um terrir bem sem vergonha. É uma bobagem sem tamanho, mas diverte minimamente, especialmente as plateias mais novas. É o clássico filme de horror voltado para toda a família, sem grandes problemas com gore, com atuações mambembes, reviravoltas tolas e óbvias e valor de produção baixo. Um autêntico filme de Roger Corman.

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