Elfen Lied – Do sci-fi ao horror pisicológico

O começo dos anos 2000 foi um momento rico e único para obras máximas e que marcaram uma nova geração de Otakus. Eu particularmente revejo muitas delas todos os anos, mas uma em especial, desponta como a minha favorita. Estou falando de Elfen Lied, um curioso mangá do artista Lynn Okamoto que ganhou as telas no final de 2004 pela Arms Corporation. Sofrendo um pouco com a censura devido à violência extrema, Elfen Lied foi uma verdadeira revolução para os Otakus órfãos de um surpreendente e porque não emocionante sci-fi.

Falar da série é um pouco complicado, pois ela consegue passear por gêneros distintos e mesmo assim manter uma estrutura narrativa que a defina por completo. A história gira em torno da jovem Lucy, uma mutante originada de uma nova espécie chamada diclonius (dois chifres). Os diclonius são garotas de cabelo avermelhado, chifres e habilidade telecinética canalizada na forma de braços invisíveis que saem de suas costas. A origem incerta leva a pesquisa do possível vírus causador da mutação por um inescrupuloso grupo de cientistas. Com o tempo, eles descobrem que Lucy, é a mais perigosa das diclonius por não ser estéril como todas as outras, passando a chama-la de “portadora do fim”.

Mesmo mantida em uma intricada “prisão”, Lucy consegue escapar, mas na fuga acaba tomando um tiro e perde a memória. É ai que sua história se cruza com a de Kouta, um jovem atormentado pelo doloroso passado, mas que vê no retorno a cidade onde passou toda infância, uma chance de superar esse trauma. Ao encontrar uma Lucy sem roupa e desmemoriada, Kouta tem a estranha sensação de que deve ajudar a jovem. Entramos então numa verdadeira montanha-russa de sentimentos e reviravoltas que vai desde o passado do cientista chefe do projeto “Diclonius”, a verdadeira ligação existente entre Kouta e Lucy (que adota o nome de Nyu, único som que consegue produzir depois do tiro).

Elfen Lied tem um diferencial, apesar de muitas vezes nos depararmos com um anime de horror explícito (a violência gráfica é de embrulhar o estômago), o drama de cada um dos personagens, nos leva a pensar e suas decisões por mais drásticas que sejam nunca soam como um mero artifício do roteiro para criar momentos de tensão (que são muitos). Outro ponto essencial é o cuidado com a animação. Dos traços que modificam a personalidade de Lucy/Nyu aos momentos em que determinados personagens se encontram em quadros de natureza impressionante (como a perseguição na chuva nos primeiros episódios), o anime é impecável.

Muitos reclamam do possível final aberto, mas quem conhece esse entregou a fundo durante os 13 episódios, sabe que o momento que encerra a história é cheio de significados e confirma um final esperado por muitos. Conhecendo o final (pavoroso) do mangá, eu bato palmas pela coragem assumida no episódio final do anime. Tão grandioso quanto alguns sci-fi bem quisto dos anos 90 e mais emocionante por não ter medo de humanizar as figuras que o compõe, Elfen Lied é indispensável para qualquer apaixonado por animes. É quase impossível não se pegar chorando ao subir os créditos finais.

P.S.: Falar de Elfen Lied sem mencionar a canção Lilium de Kumiko Noma, é um pecado. Representando toda a áurea mítica em torno da figura de Lucy, a música é a abertura e o instrumental do anime como um todo. São acordes de arrepiar.

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