Texto originalmente publicado no RE-ENTER
Nos últimos 10 anos o cinema viu uma invasão de adaptações de quadrinhos da Marvel (de outras editoras também, mas a Marvel ganha disparado). Foram filmes bons, como o primeiro Blade, X-Men, Homem-Aranha e bombas homéricas como Elektra e Motoqueiro Fantasma. E também existem os medianos como o divertido Quarteto Fantástico. Quando Homem de Ferro foi anunciado, não estava exatamente claro que linha a adaptação iria seguir. Com a contratação de Jon Favreau para dirigir então, ficou ainda mais obscuro o direcionamento do filme, já que o diretor estava acostumado mais a atuar do que comandar uma produção, principalmente um blockbuster. Foi aí então que anunciaram o nome de Robert Downey Jr. para viver Tony Stark/Homem de Ferro. E é importante ressaltar: o trabalho final pertence ao ator, que provavelmente entrega uma de suas mais inspiradas interpretações. O personagem tem muito em comum com Downey Jr. Ambos vivem uma vida desregrada e cheia de excessos. Bom, pelo menos o ator já superou essa fase, mas é impossível não comparar.
Quanto ao filme, graças a própria Marvel temos desta vez uma das melhores películas baseadas em seus personagens. Isso porque a editora inaugurou uma divisão de produções cinematogáficas que garante um certo controle não existente nos filmes anteriores. Finalmente quem manda agora é quem entende do assunto e não quem está interessado apenas em vender bonequinhos. E não que a história seja extremamente complexa e profunda. Não vá ao cinema esperando um Batman Begins ou o dramalhão do Homem-Aranha. É uma aventura despretensiosa e divertida (o que não significa que seja um filme família como os filmes do Quarteto), com uma certa mensagem anti-guerra embutida (embora não muito eficiente a partir do momento que o herói vai ao Afeganistão e chacina alguns terroristas). O filme mostra a origem do personagem depois de ser sequestrado no Oriente Médio e obrigado a fabricar uma poderosa arma. Ao invés da arma, Stark constrói uma armadura para fugir. Voltando aos Estados Unidos resolve aperfeiçoar a roupa e se torna o Homem de Ferro para, entre outras coisas, enfrentar seu ex-sócio, Obadiah Stane (Jeff Bridges, muito a vontade no papel) que rouba os esquemas da armadura original e se torna o Monge de Ferro, um vilão sem muitas pretensões a não ser ganhar dinheiro. Junte a isso uma introdução ao romance de Tony Stark e Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) e a amizade do protagonista com Jim Rhodes (Terrence Howard), o futuro Máquina de Combate (uma referência a isso no filme é hilária).
Para os fãs, é bom dizer que a origem está muito bem amarrada e fiel. Atualizada aos tempos atuais de forma a dar credibilidade a todo o contexto em que a aventura acontece. E, pela primeira vez num filme da Marvel, há a menção da criação de um universo de personagens que se ligam. Durante o filme temos, de maneira sutil, a criação da SHIELD, que deixa claro a que veio, pelo menos aos espectadores mais atentos. A cena após os créditos é uma prova disso, que já deixa um gancho para outras produções. Em termos de referências, quem é fã do personagem precisa assistir o filme umas duas vezes pelo menos, para poder captar tudo que o roteiro anuncia para o futuro do Homem de Ferro no cinema. E, antes que você pergunte, Stan Lee está mais uma vez fazendo uma participação num filme baseado em personagem criado por ele. E parece que Lee está gostando de participações engraçadas.
Quanto aos efeitos especiais, o filme não faz feio. As armaduras estão muito bem feitas e seus movimentos também. E a trilha sonora merece uma menção honrosa. Assistir um filme de super-herói com AC/DC ao fundo realmente é uma experiência muito melhor.
Como fez bonito na bilheteria, Homem de Ferro já garantiu sua continuação para 2010. Com Downey Jr. mais do que certo no papel principal. E com a estréia de Incrível Hulk (mais um filme financiado pela editora) no mês que vem, a Marvel pode agora respirar sossegada e continuar o seu universo no cinema, do jeito que os fãs sempre quiseram.
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