Música do Coração é um filme de Wes Craven que foge do que era comum a sua filmografia, já que é uma história dramática e sentimental. Logo no início, é mostrada uma família passando por uma crise, focando especialmente em Roberta, interpretada por Meryl Streep, ela é uma mulher de meia idade que se desespera após ter seu casamento desfeito.
A moça se muda com seus dois filhos para a casa de sua mãe e usa seu tempo livre para lecionar aulas de violino em uma escola no Harlem.
Roberta é o arquétipo perfeito da mulher deprimida, que enxerga a motivação artística como a melhor maneira de fugir do estado melancólico, e resolve investir esse talento no ofício do ensino musical a crianças desamparados.
No início, ela tem atritos com a diretora da escola local, Janet Williams (Angela Bassett), que mais tarde, se torna sua grande aliada. Também tem problemas comuns tanto com alunos quanto com seus pais. Aos pouco o programa se torna um sucesso, atraindo reconhecimento local.
Craven acerta ao abordar os aspectos mais emocionais e sentimentais da biografia de Roberta Guaspari.
Mesmo com os saltos temporais de mais de uma década, o enfoque é sempre no projeto ou nas agruras românticas e afetivas da mulher. Streep faz bem o centro emotivo do filme, e dribla as possibilidades de marasmo com maestria, mesmo que o roteiro, de Pamela Gray se baseie em um documentário - Small Wonders, de Allan Miller - há um bom apelo emocional.
A maioria dos personagens que aparecem na trama existem para extrair reações de Streep e Roberta. Por melhor caracterizados que sejam, as pessoas são apenas condutores de emoção, exceção feita claro aos membros da família dela, mesmo com figuras boas como Cloris Leachman, que faz a mãe dela, e a dupla Charlie Hofheimer e Kieran Culkin que fazem os filhos dela.
Craven registra bem a evolução de uma mulher que começa a história amargurada e triste e que vai aos poucos encontrando outras formas de felicidade que não a reciprocidade amorosa via par romântico em formato casal.
O filme arranha questões pontuais como infância marginalizada de maneira bem natural e fluída, fugindo de possíveis panfletarismos bobos.
Curiosamente Craven escolheu para protagonizar essa história a estrela oscarizada de outro drama que envolve divórcio, Kramer vs Kramer, mas o espírito de seu Música do Coração se volta outro momento, para o pós separação, resultando em uma ode as tentativas e feitos pequenos mais efetivos, de atos transformadores em comunidades onde a simplicidade impera.
Resulta em um bom conto sobre como uma metrópole pode se tornar um lugar provinciano e poético, demonstrando isso com uma jornada que traz novos significados a rotina, além de falar poeticamente do papel da arte em instâncias sociais.
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