Produzido pela De Laurentis Entertainment Group, Heavy Metal do Horror é uma loucura de filme cujo tema é ligado a exploração do Rock'n Roll Farofa, com elementos de Rock Pauleira (Sic), em especial Heavy Metal e Hard Rock, pactos satânicos e outros clichês ligados a "música do diabo".
Dirigido por Charles Martin Smith, a obra também é conhecida pelo nome de Rock no Dia das Bruxas e foca na rotina de Eddie Weinbaur, rapaz interpretado por Marc Price que sofre bullying praticamente todos dias quando vai a escola e tem grandes sonhos de ficar famoso.
O intuito do menino consiste em se tornar um rockstar, tendo como referência a trajetória e personalidade de Sammi Curr, um roqueiro estereotipado e mega caricato, interpretado por Tony Fields, que carrega em si a velha imagem de musicista ligado a crenças demoníacas, ou algo que o valha.
Além de explorar os meandros e detalhes do life style do Rock, a produção conta com participações de famosos, como Ozzy Osbourne, na época em carreira solo pós saída do Black Sabbath.
Aqui ele faz um religioso famoso na televisão, que ganha a vida vociferando contra o "ritmo jovem". Além dele, também há uma boa aparição do baixista do Kiss, Gene Simmons como o radialista Nuke.
Mesmo com essas duas presenças, o desempenho de Fields impressiona, por ser icônico. Ele chama a atenção não só no palco, mas também no desfecho que seu personagem tem.
Como a ave mitológica Fênix, Curr é consumido pelo fogo, de maneira poética e trágica, morto por chamas que o assassinam graças ao próprio descuido. Sua intenção de ficar registrado e imortalizado na memória dos seus fãs e adeptos cumpriu seu propósito, e gerou no protagonista da fita o desejo de fazer ele retornar de alguma forma.
A ironia é que Curr perece as vésperas de visitar a escola onde o Eddie estuda, afinal, a história precisa girar em torno de um estudante fracassado, de modo tão conveniente que faz pensar que o roteiro é apenas um devaneio de extrema vaidade do rapaz.
O garoto nutre fantasias intensas e vaidosas, uma vez que acha que mesmo sendo um jovem de classe média, sua estirpe é a mesma de Curr, e por isso a incompreensão que ele sofre é justificada.
O insucesso de popularidade e a perseguição que ele sofre faz com que o sujeito seja arrogante, que julga que o motivo de sofrer massacres é a sua possível genialidade.
Além da prepotência já citada, Weinbauer soa também como um menino imaturo e ingênuo, que ignora os traços humanos e falhos do seu ídolo. Para Eddie, Sammi estava acima do bem e do mal e era incapaz de cometer algo errado, mesmo que o próprio tenha conseguido se matar.
A trilha sonora original é bem legal, um hard rock de Christopher Young, da banda Fastway, que lembra momentos do Glam Rock e elementos que referenciam bandas do rock clássico Queen até conjuntos mais "posers", como o Poison. Para além do gosto musical, a música embala bem as desventuras do personagem, e o estranho encontro que ocorre no terço final.
Tendo acesso ao último disco gravado por Curr, Eddie decide tocar o compacto de modo invertido e passa a acessar mensagens cifradas. Isso ajuda a trazer Sammi do mundo dos mortos, e a partir deste momento o terror toma a trama de assalto, deixando o gênero de aventura de lado.
Considerando que o subgênero mais empregado por Smith é o de filme slasher, há um momento bem...peculiar, em que uma moça pratica onanismo em um carro. É bastante comum que o assassino dê cabo de quem é sexualmente ativo, mas dessa forma é de fato algo bem raro.
O monstro consegue se mover rapidamente, pelas ondas e receptores de rádio, e esse é só mais uma das formas que a obra tem de assumir o quão caucada na galhofa ela é.
Heavy Metal do Horror demora a engrenar, quase dois terços do filme só preparam o público para a matança que ocorrerá, mas a exploração do astro como entidade maligna é sensacional, as piadas são afiadas apesar dos clichês e o estilo poser de Tony Fields/Sammi Curr combina com a proposta do longa-metragem em referenciar a iconografia do rock'n roll como fonte de medo.
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