Voo Noturno: O filme mais subestimado de Wes Craven

Voo Noturno é (possivelmente) o filme menos pretensioso de toda a carreira de Wes Craven. Com uma premissa simples, o longa mostra uma moça que ao retornar de viagem tem de lidar com a companhia agradável, de um sujeito que se apresenta de forma charmosa e cordial, e aos poucos, faz a ela uma proposta maligna.

O filme se baseia demais na performance de dois atores consagrados: Cillian Murphy e Rachel McAdams, em momentos da carreira em que ambos apareciam para grandes papeis.

A Lisa de McAdams é doce e agradável, apegada a família, tanto que ela enfrentou sua fobia de voar para estar presente no enterro de sua avó.

A natureza de seu trabalho como gerente de um hotel de luxo a faz ser bastante paciente e compreensível, de modo quase infinito e isso a ajuda a se afeiçoar por Jackson, o sujeito interpretado por Murphy, já que ele parece um perfeito cavalheiro.

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Por mais que a história pareça morna no início, não há tanta demora para que Jackson revele seu intento maligno, de querer assassinar um político que se hospedará no hotel que Lisa trabalha.

Craven faz uma versão moderna do clássico Pacto Sinistro, de Alfred Hitchcock, tal qual a obra de 1951, dois personagens fazem uma negociação ligada a um crime hediondo, embora aqui claramente haja questões éticas mais contundentes que na fita dos anos 1950.

Red Eye (2005) - IMDb

A entrega de McAdams é grande, ela fez uma mulher que tem um forte código ético e por isso, não quer machucar inocentes e busca isso incessantemente, ao passo que teme que seus parentes sejam feridos via efeito colateral.

Já Murphy consegue transitar bem entre o disfarce de homem sedutor e bom moço com a condição de frio manipulador, para além de brincadeiras com clichês da série Peaky Blinders, que ele protagonizaria oito anos depois deste.

Hear Us Out: Red Eye Is One of Wes Craven's Best Works, And We Should Not Forget It << Rotten Tomatoes – Movie and TV News

Passada uma hora, o filme finalmente varia de cenário, e passa a ter uma perseguição frenética, digna dos bons momentos de Hitchcock.

O desfecho não é tão potente quanto o início e a química entre Jackson e Lisa era maior quando estavam confinados, mas a correria que se dá compensa demais a fuga do cenário claustrofóbico do avião.

Voo Noturno é curto, direto, divertido e despretensioso. Seu maior mérito é a ressignificação dos clichês de filmes de assassino, já que a mulher solteira procura consegue enquadrar seu agressor de maneira tão violenta quanto ele intencionou fazer, mesmo que se valha de clichês como se esconder em partes altas de uma casa, para basicamente perverter a máxima de que não há como sobreviver assim. O resultado é o de uma obra que brinca bem com os arquétipos dos filmes de suspense e de perseguição.

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