Review: Agents of SHIELD S01E04 - Eye Spy

agents-of-shield-review-eye-spy1Está cada vez mais difícil acompanhar Agents of SHIELD sem se lembrar de outra série produzida por Joss Whedon: Firefly. Não, a adaptação da Marvel, nem de longe, consegue remeter à qualidade do antigo seriado espacial do criador de Buffy, mas esses primeiros episódios estão muito próximos do mesmo período do finado programa. Firefly, assim como parece ser o problema aqui, demorou para realmente engrenar e quando aconteceu, foi cancelada. Este mal Agents não sofre, pois já tem uma temporada completa garantida. O que é preocupante é a sensação de que a série não vai dizer a que veio tão cedo.

O episódio desta semana, Eye Spy, não é ruim. Começa esbanjando orçamento, em uma empolgante sequência rodada em locação na Suécia, e que termina de forma bem violenta, levando em conta os padrões até aqui estabelecidos. A equipe de Coulson vai até o país investigar o assalto, cujo alvo era um carregamento de diamantes, mas não à mando da SHIELD. A suspeita de cometer este e vários outros delitos de forma inexplicável é uma velha conhecida do personagem de Clark Gregg. Akela Amador, vivida pela atriz Pascale Armand, era uma antiga protegida do agente, que agora se tornou renegada. Acreditando que as motivações da moça não tem nada a ver com ganância, Coulson destaca seu time para tentar chegar até ela, mesmo que em uma missão não sancionada.

Essa trama é clichê, provavelmente qualquer espectador que já tenha assistido mais de 5 séries na vida, conferiu até mais de uma vez, história parecida. O que instiga a ver Eye Spy, no entanto, é o pequeno mistério que se forma a partir do segundo ato, quando os Agentes descobrem que Amador (esse nome parece ter sido escolhido pelo George Lucas, hein) está sendo controlada por uma organização que nem mesmo ela sabe qual é. E se você acha que quando o episódio chegar ao fim, terá um vislumbre do tal grupo criminoso, ledo engano. O espectador continua às cegas, tal qual a SHIELD e fica difícil dizer o quanto isso é bom para a série.

O episódio traz alguns diálogos interessantes, como a insistência de Skye em seguir o raciocínio de que Amador possui poderes telepáticos. Rende bons momentos como a incredulidade dos outros, mesmo sendo de conhecimento geral a existência de personagens como Thor, por exemplo. O humor também continua firme e a sequência do terceiro ato, com Ward precisando entrar disfarçado em uma instalação secreta é impagável. Principalmente quando recebe a ordem para seduzir o guarda. Assistam e entenderão. E a ação melhora ligeiramente na cena em que May luta com Akela (mas ainda está aquém de séries como Arrow ou até mesmo a recente The Tomorrow People).

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Do lado dos personagens, o roteiro de Jeffrey Bell não faz muito esforço. A função de cada um, no entanto, é muito clara, e talvez isso também não ajude muito, afinal, é uma equipe de missões secretas e perigosas, formada por seis pessoas, em que apenas três saem a campo, sendo que uma só quando realmente necessário e meio a contragosto. A vantagem continua na dinâmica entre o grupo, o que já era esperado de um programa produzido por Whedon.

Mas o que incomoda mesmo é a já comentada "falta de foco". Agents of SHIELD definitivamente não encontrou utilidade no Universo Marvel. Há uma pequena pista de algo maior com um quadro negro cheio de equações em outras línguas, que a Agência suspeita ser alienígena, e só. Até mesmo o fato de que o seriado está em seu quarto episódio e a missão da semana ao menos fora sancionada, é um indicativo que ficar esperando uma expansão significativa do cenário cinematográfico, pelo menos por enquanto, resultará em frustração. Há também uma leve menção à "mudança" de Coulson após sua aparente "morte". Mesmo assim, não é nada a mais daquilo que já havia sido informado no piloto, deixando essa parte da mitologia exatamente onde esteve até agora, assim como o fato da existência de vilões obscuros.

É evidente que do primeiro episódio até este mais recente, houve uma melhora significativa de ritmo. O que parece não evoluir, no entanto, é a própria trama. Tomara que, com o anúncio da garantia de, ao menos, uma temporada, o que for escrito daqui para frente pense mais no futuro que a série quer construir. Caso contrário, seu destino será tão fatídico quanto a de Firefly, ficando apenas na memória como a série que poderia ter sido e não a que, efetivamente, foi.

1 comment

  1. Mauro Albuquerque Barreto 16 outubro, 2013 at 14:32 Responder

    Tenho essa mesma impressão de que a oportunidade de expandir o MCU está sendo mal aproveitada com tramas fracas que pouco acrescentam ao que temos nos filmes. Está na hora do Whedon se ligar. O que todo mundo quer ver nessa série são personagens B e C da Marvel, e negar isso ao público só resultará em perda de audiência rapidinho…

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