O sexto episódio de Agents of SHIELD não expandiu o Universo Marvel, não se focou em referenciar personagens dos filmes do estúdio e não teve cenas agitadas de ação e repletas de efeitos especiais. E ainda assim, foi o melhor da série até aqui. Em um investida totalmente focada nos personagens, parece mesmo que o seriado está, finalmente, encontrando seu caminho.
A trama começa como um típico caso da semana. A equipe de Coulson é destacada para investigar uma morte ocorrida em situações estranhas, mas outra vítima aparece e tudo aponta para um assassino serial que estaria eliminando bombeiros que atuaram na "Batalha de Nova York" vista em Os Vingadores. Quando o time passa a desconfiar de um desses bombeiros, ele acaba se revelando apenas mais um "alvo" do que, na verdade, é um vírus alienígena trazido para a Terra em um capacete Chitauri. Com essa mudança de foco, as atenções se voltam para Simmons, a jovem cientista interpretada por Elizabeth Henstridge, que acaba se infectando. Assim, o restante do episódio é uma corrida contra o tempo para a criação de uma cura para a garota, colocando os personagens na primeira grande situação de risco em que todos se sentem totalmente indefesos e impotentes.
Apesar de funcionar mostrando os efeitos colaterais da primeira tentativa de invasão alienígena sofrida pelo planeta, F.Z.Z.T. prefere manter a interesse do espectador nos personagens. O capacete Chitauri nada mais é do que um bom MacGuffin, presente ali apenas para mover a trama. O que importa é saber se Simmons conseguirá sair dessa, se seu parceiro Fitz pode lidar com a perda, se Ward se recuperaria psicologicamente de uma situação em que não pode ter controle ou que tipo de mudanças Coulson sofreu após sua "morte" no filme dos Heróis Mais Poderosos da Terra. Começando pelo personagem de Clark Gregg, que inicia o episódio passando por uma bateria de testes físicos. O competente agente da SHIELD está convencido de que há algo diferente com ele desde o ataque mortal desferido por Loki. É uma jornada interessante que o protagonista passa aqui e há dois momentos realmente importantes para que o espectador acompanhe essa subtrama com a devida atenção. O primeiro é um diálogo com a terceira vítima do vírus. Um dos temas discutidos no episódio é justamente o que fazer quando não há nada a se fazer. O carismático Coulson, então, percebendo sua impotência perante o ocorrido, prefere agir de outra forma, confortando o homem que tem apenas alguns minutos de vida. Sua segunda cena também é um diálogo, desta vez com Melinda May, em que a agente interpretada por Ming-Na Wen mostra o porquê dele se sentir diferente.
O roteiro de Paul Zbyszewski, conhecido por sua passagem em Lost, encontra toda sua força na relação entre os personagens e no desenvolvimento de cada um. É a primeira vez que o espectador pode se preocupar com a dupla Fitz e Simmons e realmente sentir a força da amizade existente entre ambos. O drama passado pela cientista é bem desenvolvido e convincente ao dar para o público a sensação de uma situação sem salvação. E a forma como lida com as decisões da moça é plenamente satisfatória ao mostrar como ela está disposta a ir até as últimas consequências para poupar a vida de seus companheiros. A trama só não é mais atrativa porque desde o piloto os roteiros não se preocuparam em criar empatia do público para com esses personagens secundários. Assistindo a este episódio, no entanto, fica claro que Agents of SHIELD tem tudo para funcionar se der continuidade a essa abordagem. O que seus realizadores precisam perceber é que o espectador não pode sentir falta de quem nunca vai aparecer no seriado. Não adianta lamentar a ausência dos heróis como Capitão América ou Thor. É preciso que a força de seus protagonistas seja suficiente para não afastar o interesse da audiência.
Como aperitivo para os fãs, F.Z.Z.T. conta com a presença de Titus Welliver, que reprisa seu papel de Agente Blake, como visto no curta Item 47, conteúdo extra do Blu-ray de Os Vingadores. Mas isso é apenas fanservice e não muda nada que já se conhecia quanto ao personagem. O que realmente importa é ver o seriado confiante em criar uma situação totalmente voltada para seu elenco principal, sem a difícil e ingrata tarefa de "competir" com os filmes da Marvel. Não é com agrados, citações e participações especiais que Agents of SHIELD irá agregar fãs. É como boas, e envolventes, histórias.
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