O conto do jazz moribundo. O que foi isso em Coven esta semana? Sério, fiquei triste de verdade com o episódio, que entra fácil na lista dos mais problemáticos de American Horror Story. A estreia do roteirista Douglas Petrie acrescentou personagens numa trama tão deslocada do foco central, que nem comprando parte da mitologia pré-estabelecida até aqui deu para engolir. Sim, estamos falando de uma série que trouxe na Murder House o caso da Black Dahlia, em Asylum a figura de Anne Frank e aqui mesmo em Coven, Madame LaLaurie e Marie Laveau – todas personagens reais – que acresceram os enredos citados sem muitas firulas ou plots exagerados. Já deu para perceber que o meu problema foi com a aparição do Bárbaro de New Orleans, não é mesmo? O serial killer defendido magistralmente por Danny Huston tinha tudo para ser uma adição e tanto, afinal, por esta data já tínhamos de ter um novo Rubber Man ou Bloody Face. Porém, a ambiguidade com que sua história foi contada (num frágil toque sobrenatural), embolou tudo o que poderia ser minimamente interessante.
Apresentando em 1919 o tal Bárbaro, descobrimos que as garotas da Academia naquela época, não estavam nenhum pouco dispostas a aceitar as torturas psicológicas que o assassino planejou para a cidade. Numa vibe muito semelhante a do serial killer do Zodíaco, o Bárbaro ameaçou a população de New Orleans com uma carta aberta no jornal, de que mataria os moradores de qualquer casa em que não se tocasse jazz, depois da meia-noite. A cold open foi a mais fraca da temporada, e não teve absolutamente nada que chamasse atenção. O único adendo para abertura é que o possível fato do maníaco se auto-intitular como um demônio, talvez explique sua participação no resto do episódio, ou mesmo sua materialização no fim dele, o que infelizmente ficou mais sugerido do que propriamente explicado.
O elo fraco de Coven é sim o seu elenco jovem, e por isso mesmo o destaque quase total dado à busca de Zoe, Queenie e Nan por Madison - ou seu corpo -, não contribuiu muito para melhorar a narrativa. Vimos as garotas no clássico jogo do copo, depois uma Zoe ainda enérgica e querendo manter a segurança do clã, culminando no encontro com Madison e, claro, com a tortura de Spalding. Foi divertido? Sim, um pouco. O problema é que foi igual demais. Já sabemos do poder de Queenie – o que mesmo assim nem explica a escolha por usá-lo durante a tortura –, que Nan é clarividente – aqui, o fato de reforçarem a habilidade da jovem bruxa em ler mentes, casa direitinho com uma cena de Fiona e talvez seja mais uma dica sobre quem é a nova Suprema – e que Zoe não quer ser mais a mosca morta. Só quando Misty Day novamente resolve ajudar Zoe é que as coisas melhoram por lá.
Fiona na quimioterapia pode até parecer uma cena gratuita, porém os poucos minutos de tela que Jessica Lange tem para brilhar já valem por boa parte de uma hora tão chata. Ela lendo os pensamentos dos pacientes (isto lembra quem?) foi um momento para Suprema demonstrar humanidade e perceber o quão só ela se encontra no seu luxurioso mundo. É assim que a bruxa se mostra tão preocupada com a situação da filha. E vem cá, que coisa linda este novo dom de Cordelia, não? Hank é que levou um esporro pela traição que ainda nem foi totalmente desvendada por Delia. Eu espero muito um desenvolvimento maior para esse plot de Caçador de Bruxas, pois é uma oportunidade a mais para balançar a estrutura ainda estática da temporada. Outra coisa bacana foi descobrir que o assassinato da jovem Kaylee tinha motivos mais sombrios para acontecer. Sim, foi Laveau que quebrou a trégua com Salem. A voodoo queen enganou todo mundo e muito bem.
Com a querida Misty Day de volta e ao som de sua Stevie Nicks, a fofura toma conta do terço final de The Axeman Cometh. Não tem como não esboçar um largo sorriso ao ver Misty regando o corpo carbonizado de Myrtle, ou mesmo ficar com o coração bem pequeno quando FrankenKyle (tá, passei para o time que acha o personagem do Evan Peters bem over na temporada) quebra o rádio de bruxa. A sessão de ressureição ao pedido de Zoe, também trás a witch bitch mais querida da temporada de volta. O retorno de Madison vem cercado de ótimas possibilidades, porém eu quero que Coven consiga fazer as mesmas funcionarem em tela.
Quantas memórias bacanas surgem ao ver Sarah Paulson presa novamente num quarto com um serial killer? Sim, sim, o Bárbaro não é nenhum Bloody Face, mas é que eu acho qualquer oportunidade de ouvir o bizarríssimo grito da atriz algo indispensável para AHS. A cena foi rápida, Danny Huston promete de verdade e, a julgar pelo fim do episódio, ainda vai ter espaço com Jessica Lange. O importante agora para Coven é colher esses fiapos de trama jogados no episódio e aloca-los com a genialidade costumeira da série. Nem é pedir muito, e para AHS não é tão difícil assim.
P.S.: Ryan Murphy entende de terror, pois o visual da Delia depois do ataque é visivelmente inspirado em The Beyond do Lucio Fulci, clássico do horror italiano.
P.S.2: "I need a cigarette". Sim, você fez muita falta Madison.
P.S.3: Sério, um episódio sem LaLaurie não poderia ser dos melhores. Sou fanboy da madame racista.
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