O terceiro episódio de The Flash lida com a estréia do vilão Névoa (Anthony Carrigan), que está cometendo diversos assassinatos em Central City por vingança. Quem acompanha os quadrinhos da DC vai encontrar semelhanças óbvias com o primeiro arco da elogiada HQ Starman, escrita por James Robinson nos anos 90, que mostrava o mesmo antagonista empenhado em cometer uma onda de crimes também para acertar contas com o passado. É uma boa referência à mídia de origem desses personagens, mesmo que na TV os atos não tenham o mesmo impacto que nos quadrinhos.
Things You Can’t Outrun, por outro lado, foca imensamente em seu elenco de apoio, principalmente nos efeitos que o acelerador de partículas trouxe para a vida de Caitlin Snow. Por meio de flashbacks, o espectador é apresentado a Ronnie Raymond (Robbie Amell), o noivo da moça, morto na noite do acidente (em uma sequência que remete diretamente à origem do Dr. Manhattan em Watchmen), como já dito no episódio piloto. Mas não é só isso. Existem camadas e subtramas a serem exploradas, como a culpa de Cisco pela morte do rapaz, que não soam artificiais. Muito pelo contrário, servem para demonstrar como os coadjuvantes podem ser tão ricos em desenvolvimento quanto o próprio protagonista do programa. Barry, por sinal, continua tendo ótimas cenas com Joe West. O relacionamento pai/filho ou mestre/aprendiz de ambos é uma das melhores coisas da série, dentro do espaço dado ao drama pessoal dos personagens. Allen também divide bons momentos com Caitlin. É bom ver um herói que se importa com os sentimentos de seus ajudantes, para variar.
Como segue a mesma estrutura da semana passada, ficou claro que os vislumbres do passado são mesmo parte integrante da série. Como deu certo em Arrow, a idéia é repetir em The Flash, mas com um pequeno ajuste: cada episódio deve trazer as memórias de um personagem diferente, assim o espectador conhece mais do passado de cada um, enquanto liga os pontos da trama maior, que por enquanto não tem se desenrolado com muita velocidade. É sempre bom lembrar que esses primeiros episódios já estão gravados há algum tempo. A série só deve avançar mais em sua história principal em seus capítulos escritos e rodados após a confirmação da temporada completa (oficializada pelo CW ontem).
Com três episódios exibidos, The Flash mostra-se uma série incrivelmente segura de suas intenções, de sua atmosfera leve, da forma como lida com seus personagens. Com certeza as duas temporadas de Arrow trouxeram toda essa confiança dos produtores e roteiristas que não repetem aqui os problemas dos primeiros momentos da adaptação do Arqueiro. Além disso, mantém o bom nível de efeitos visuais. Mais uma vez o confronto do herói com o vilão faz o espectador ter certeza de que está diante de uma adaptação de quadrinhos que respeita certas convenções do gênero, mesmo com limitações técnicas que impeçam batalhas longas e grandiosas.
O roteiro, por sinal, cria várias situações típicas das HQs, como a forma que o Dr. Wells encontra para aprisionar os meta-humanos. Como nas duas primeiras aventuras os vilões são mortos, é uma ótima saída para a série não descartar futuras participações, além de mais uma amostra de como esse universo tem de se adaptar à chegada de pessoas com poderes. O Névoa é um personagem que, mesmo sem muito tempo de tela, consegue parecer ameaçador o suficiente para merecer um retorno, principalmente por conta de seu intérprete (que, ironicamente, será outro vilão da DC em Gotham). Resta saber como os Laboratórios STAR conseguirão dar conta da segurança do local, além dos gastos com alimentação dos prisioneiros.
Das subtramas apresentadas, a menos interessante é a de Iris e Eddie, talvez por ser o maior elemento de folhetim do seriado e desviar a atenção que deveria ser dada às outras plots. Por sorte, Thawne é um coadjuvante simpático e faz crescer nos fãs a curiosidade sobre seu destino. Seria mesmo ele o Flash Reverso? Se for, o que acontecerá em sua vida para mudar tanto sua personalidade?
Essas respostas talvez demorem um pouco para serem dadas, mas o importante é que The Flash não dá sinais de que vai perder o ritmo. Divertida (a sequência inicial, com Barry perseguindo criminosos enquanto Iris atende o celular é ótima), mas ao mesmo tempo focada no que seu elenco pode oferecer dramaticamente, a série tem os ingredientes necessários para se manter no gosto popular. Mesmo não sendo perfeita, fica evidente que está no caminho certo.
Parabéns pelo texto Alexandre. Bom demais ver uma série baseada em super-herói que já nasce genuinamente interessada em desenvolver seus personagens em vez de apostar apenas na ação como atração. Não dá para dizer que tá tudo perfeitinho em The Flash ainda, mas a preocupação dos realizadores para que esse elemento seja uma constante do show, é sem dúvida um ponto que credencia a série a crescer e melhorar muito no decorrer dos próximos episódios.
Parabéns pelo texto Alexandre. Bom demais ver uma série baseada em super-herói que já nasce genuinamente interessada em desenvolver seus personagens em vez de apostar apenas na ação como atração. Não dá para dizer que tá tudo perfeitinho em The Flash ainda, mas a preocupação dos realizadores para que esse elemento seja uma constante do show, é sem dúvida um ponto que credencia a série a crescer e melhorar muito no decorrer dos próximos episódios.