O texto abaixo contém pequenos spoilers.
Pelo visto, o episódio de Arrow na semana passada foi mesmo a calmaria que precede a tempestade. Assim, este Streets of Fire (novamente uma temporada tendo o penúltimo episódio com o título de uma música de Bruce Springsteen) é uma força da natureza, impossível de ser contida. Com o ataque dos soldados de Slade, não há muitas chances para os personagens pararem, assim como a ação. E nos poucos momentos de respiro, a série mostra porque toda boa história precisa de boas doses de drama humano.
A trama essa semana é uma exata continuação dos eventos anteriores e se posiciona como o segundo ato do arco final da temporada, com todos os elementos de roteiro que este momento da história pede: a formação de um plano, a execução e a conclusão, na verdade o gancho para o início do terceiro ato, quando tudo parece ter dado errado e os heróis se encontram em uma situação impossível de resolver. Foi uma ótima idéia dos roteiristas dividirem o season finale em três episódios, assim tudo de importante que foi construído até aqui, tem mais tempo para ser concluído. Sebastian Blood, Thea, Laurel, Sara, Roy, ou seja, os personagens secundários que tiveram um background trabalhado ao longo desta temporada, vêm agora caminhando para seus destinos, sejam eles trágicos ou esperançosos.
Os momentos humanos de Streets of Fire ficam por conta da relação das irmãs Lance, com Laurel mais uma vez inspirando alguém. Se em City of Blood ela precisou convencer Oliver de seu heroísmo, agora foi a vez de Sara entender que suas habilidades são destinadas a grandes feitos. Há um momento interessante do diálogo de ambas, quando a justiceira diz o significado do nome que recebeu na Liga dos Assassinos. Funciona como uma espécie de prévia do que o futuro reserva para Laurel quando ela elogia o codinome Canário. Cabe o palpite de que nasce aí uma admiração que a levará a usar esse nome em breve.
Oliver e Felicity também dividem uma cena dramática e a personagem de Emily Bett Rickards mais uma vez demonstra porque conquistou o público da série. O equilíbrio que ela e Diggle representam para o protagonista é algo que havia ficado um tanto de fora desta segunda temporada, mas volta com força nestes momentos finais. Claro que se fosse melhor abordado antes, o impacto da cena teria sido mais eficiente, mas mesmo assim, depois de mais de 40 episódios, a audiência já se relaciona bem o suficiente com estes personagens para que o mínimo de carga dramática atinja em cheio o objetivo da trama.
Um dos destaques do episódio, anunciado inclusive como título da sinopse oficial do canal CW, é o retorno de Malcolm Merlyn. Infelizmente, justo essa situação acaba soando um tanto deslocada e mal aproveitada. Na verdade, serviu apenas para criar momentos de tensão entre blocos e estabelecer o gancho para a conclusão na semana que vem, o que cria uma linha temporal estranha, já que enquanto todos os outros personagens atravessam a cidade durante o episódio, a ação aqui é simples e contida em apenas um cenário e ainda assim parece durar o mesmo tempo. Fica aquela sensação de que, com tantos acertos, o destino de Thea ainda é algo que os roteiristas podem arruinar. Parece que a ideia é se livrar da personagem, caso o Arqueiro Negro consiga convencê-la a se unir a ele, deixando suas futuras aparições ainda mais espaçadas na terceira temporada, pelo menos até a última cena. Talvez a revelação do que realmente aconteceu traga certa compensação, mas ainda assim, aqui, a participação de Merlyn ficou muito aquém do esperado.
Os flashbacks da semana também não ajudaram muito. São tantas coisas acontecendo no presente que, quando o roteiro volta para a ilha, é quase um banho de água gelada no espectador. A situação no passado não está tão difícil de ser resolvida, levando aos acontecimentos que culminam na suposta morte de Slade, então, talvez, se o texto fosse mais enxuto, este episódio poderia ter ficado totalmente focado em Starling.
De toda a forma, com um nível de ação espetacular e uma escala grandiosa de eventos cataclísmicos como a tomada da cidade pelos soldados Deathstroke, Streets of Fire se destaca também tecnicamente, com efeitos convincentes representando a destruição em Starling, além da, até então incomum para Arrow, narrativa, com as três partes do final de temporada se passando no período de apenas um dia (uma noite, no caso do ataque). E, sob o ponto de vista de roteiro e direção, o episódio cria perfeitamente o terreno para o desfecho, que promete ser tão empolgante quanto tudo que foi mostrado até agora.
Ótima review.
Também fiquei com a sensação de que a cena das irmãs é uma preparação para a transformação da Laurel em Canário, como uma homenagem à irmã.
Os flashbacks serviram apenas para pegar um folego, já que a ação estava intensa em Starling.
Agora é esperar a SF, acho que será um final grandioso.