Review: Arrow S04E20 - Genesis

Com quatro episódios para o final da temporada, era de se esperar que Arrow apertasse o ritmo, dando um senso de urgência maior para iniciar o ato derradeira do quarto ano. Não é bem isso que ocorre com este Genesis, episódio que surge satisfatório em alguns pontos, mas no geral soa mais como uma outra "pausa" em uma história que, apesar de ter começado bem, vem sofrendo com um desenvolvimento arrastado desde o retorno do hiato de dezembro.

O ponto alto da semana, sem dúvida, vem por conta da subtrama envolvendo a família Diggle. Definitivamente foi um episódio focado nestes personagens que haviam ficado tão apagados na temporada anterior, mas que nesta, ganharam grande importância dentro do arco principal de histórias. John é confrontado com o que é, provavelmente, seu pior pesadelo, a possibilidade de perder Layla e Sara. Ao mesmo tempo, precisa se decidir sobre o que fará com Andy. Seu irmão é a prova que o controle de Damien Darhk, talvez por conta do tempo de exposição às drogas que o reforçam, é irreversível. Assim, é dado a Diggle um dos momentos mais importantes da série, com uma decisão dramaticamente impactante e cujas ramificações, com certeza, ainda serão sentidas por um bom tempo. As questões que o desfecho dessa plot trará, moralmente e psicologicamente, para o personagem, vão depender do trabalho dos roteiristas, o que, dada a qualidade irregular do programa, pode, ou não, render outros bons momentos.

À parte disso, o espectador acompanha o "treinamento" de Oliver para se defender das artes mágicas das trevas. O que, para qualquer fã mais atento, vem tardiamente. O protagonista vive dizendo que com magia não se brinca e que já presenciou provas da existência dessa força oculta. Porque então, demorar tanto para levar o poder de Darhk à sério? Foi apenas para isso que a morte de Laurel serviu? E o pior, o roteiro ainda aborda isso no momento mais frágil, aquele em que a cidade mais precisa de seus justiceiros. E quando o Arqueiro acha, com toda a ameaça em que se encontra Star City, que não tem problema algum Thea tirar uns dias de folga, o texto promove a sabotagem derradeira de sua própria trama.  De qualquer forma, além dessa pouca atenção que a série deu a própria urgência que quer criar, perde-se a chance de trazer elementos místicos que saiam um pouco do âmbito imaginativo. Se o seriado pode usar mágica como mote, porque não trazer personagens da DC como Zatanna ou Madame Xanadu? Já que, ao que parece, Constantine está fora de questão (fazendo aquele crossover no início da temporada soar mais como fanservice), existem outras figuras poderosas no universo DC que poderiam não apenas agradar os leitores dos quadrinhos, mas trazer um peso dramático maior do que o causado por uma personagem genérica apresentada de última hora. Aliás, em termos de roteiro, cartas na manga faltando tão pouco para o desfecho, e surgindo sem qualquer preparação prévia, representam falta de criatividade e desonestidade.

Na subtrama de Thea, embora o seriado entregue uma recompensa no final, há a sensação de repetição do que aconteceu na temporada anterior. Será que a personagem merece apenas ser seduzida por um galã sem carisma apenas para descobrir que foi traída, ano após ano? Pode ser um forte indício que não existe mais lugar para a Speedy no seriado (caso isso não tenha ficado muito claro desde quando a personagem deixou de oferecer qualquer subplot interessante).

Ao menos há mais respostas quanto ao plano maligno de Darhk, algo que, pela primeira vez em Arrow não ameaça apenas Star City. Talvez essa seja a porção mais interessante do que a temporada promete para seu desfecho. Há, finalmente, um desafio cuja escala se torna global e, com Flash ocupado com Zoom e a equipe de Legends of Tomorrow se aventurando pelo tempo, cabe ao Arqueiro Verde a tarefa de impedir o vilão. Nesse sentido, o texto consegue encontrar um equilíbrio para o desenvolvimento do novo Oliver, aquele cuja "escuridão" precisa ser eliminada para sobrepujar o poder de seu nemesis. Há uma sensação de ciclo sendo construída que, talvez, seja o elemento melhor construído até aqui, fazendo até mesmo a incoerência de sentimentos encontrada no episódio anterior fazer certo sentido.

Mesmo em uma aventura irregular e que sofre com a falta de urgência por decisões tolas de roteiro, Arrow dá indícios que pode oferecer um final de temporada melhor do que o visto na anterior. Os realizadores também poderiam perceber o quanto um episódio sem flashbacks pode ajudar a trama principal, quando a subplot do passado já não é mais interessante o suficiente para prender a atenção do espectador. Se há um grande acerto em Genesis é justamente esse. Talvez os flashbacks na próxima temporada possam surgir esporadicamente, ao contrário de em todos os episódios. Assim soariam mais orgânicos e menos como "gordura". É notável que lições foram aprendidas com os erros do passado e a adaptação tem conseguido, mesmo aos trancos e barrancos, oferecer algo com uma qualidade um pouco melhor. Mas ainda existem problemas e, tomara, também possam ser solucionados para ajudar na sobrevivência da série no futuro.

Alexandre Luiz

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2 comments

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    Ana Alice Holdford 7 maio, 2016 at 02:26 Responder

    Trazer Zatanna ou Xanadu para a trama seria muito bom. Ótimas personagens, com poderes interessantes que podem ser bem explorados. Sem contar que a Zee tem aquele pezinho em Gotham que eles tanto tentam manter no "Batman verde".
    Seria até bem logico eles tentarem contato com Constantine e uma delas acabar por responder no lugar. Isso tiraria a necessidade de conhecerem ela antes em uma trama que não tem sentido (afinal, se conhecia antes pq não chamou antes, em outras ocasiões de desespero, hein?).
    Da para trabalhar bem, eles só precisam se dedicar um pouquinho na hora de elaborar a trama.
    Aliás, melhor mesmo seria trazer uma delas e dar logo um fim para Thea, não matando (necessariamente), poderiam mandá-la para viver com o Roy em algum lugar até que decidam fazer algo interessante com ela, ou esquecê-la de vez.

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    Alexandre Luiz 7 maio, 2016 at 14:35 Responder

    Olha, depois desse episódio parece mesmo que os produtores não sabem o que fazer com a Thea… ficam dando uns romancezinhos pra ela que não levam a nada, tá vergonhoso… não sei que necessidade é essa de punir a personagem com personagens masculinos traíras (o pai, o ultimo namorado, agora esse que está sendo controlado…). A Canário se foi, ela tem que assumir o posto de heroína badass agora, mas fica difícil jogando a menina pra lá e pra cá…

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