O homem com todos os pontos de vista. A meu ver, podemos dizer que Boardwalk Empire conseguiu se achar novamente, não que isso fosse difícil depois do seu irregular segundo ano, mas a força dessa terceira temporada felizmente fez jus aquela série que vimos despontar com o nome de Martin Scorsese e Terence Winter na idealização. Margate Sands fechou bem o arco mais brutal da história de Nucky Thompson, e merece todo o respeito por ter desconstruído esse personagem genial, ao colocá-lo de encontro com seu nêmesis, o siciliano Gyp Rosetti.
Não que em alguma parte eles tenham se enfrentado pessoalmente, mas o rastro de sangue deixado por essa guerra (nenhum pouco Fria) foi maior que qualquer momento proporcionado pela série até aqui, basta apreciarmos a sequência que abriu a finale. Foram minutos aonde a sensação de urgência chegava a impressionar: de um lado os homens de Chalky e Capone, do outro o exército particular de Gyp. Ganhamos ainda a cena onde o prefeito de Atlantic City é colocado contra a parede quanto ao sumiço de Nucky, e ao tentar se impor como comandante, é coberto por uma sequência de risos descontrolados dos repórteres.
Mesmo tendo Gyp como destaque, essa temporada ainda nos trouxe boas surpresas. Gillian, Richard, Eli e ainda que com poucas aparições Capone e Chalky. Falar de Gillian sempre me causa certo receio. A personagem pode não ser uma figura icônica, porém é tão marcante quanto as outras. Sendo megera, femme fatale, avó cuidadosa ou mesmo uma mãe em busca de vingança, ela sempre foi um antagonista louvável. Juntar ela a Gyp foi outro acerto, pena que isto veio de forma tardia, eu teria gostado de mais cenas entre os dois. Loucura com desejo seria a cereja do bolo na temporada.
Eli se tornou um dos meus personagens favoritos. Ao lembrar que antigamente eu detestava aquela sua postura pomposa de homem da lei acima da própria lei, eu vejo o quanto ele evoluiu. Todas as cenas que dividiu com Nucky foram simples e no mesmo nível da conversa na Páscoa. Também foi Eli que estimulou Nucky a fazer o que ele mais sabe: manipular. Vimos então, um verdadeiro show na meia hora final. Todos, absolutamente todos os personagens de Boardwalk Empire seguiram conforme a dança proposta por Nucky.
Foi de arrepiar e sentir orgulho. Eu via Mickey traindo Nucky, entregando a destilaria de Andrew Mellon nas mãos de Rothstein, para logo depois vermos que esse era o capcioso plano do imperador de Atlantic City. Daí a trama da heroína vem e cai como uma luva na jogada final, e Rothstein passa a perna em Luciano e Meyer, ao selar um acordo com Masseria, para assim tirar todo o exército de Gyp e garantir a segurança de Nucky. Mas rebatendo o não dito por Rothstein quando ele mais precisava, Nucky entrega através do próprio Mellon a cabeça de Rothstein para Esther Randolph, com um pontual “Arnold Rothstein” dito por Gaston Means. Todo esse desenrolar foi simplesmente genial.
Eu disse que Chalky e Capone tiveram um merecido destaque nessa finale, e os dois realmente estavam possuídos nas inúmeras farpas que trocavam um com outro. A cena em que ambos dão cabo dos homens de Masseria foi outro toque de mestre. Capone na metralhadora é fanservice bem-vindo, digo mesmo. A piadinha entre os dois homens no final da emboscada selou a parceria imbatível e era isso que queríamos ver.
O núcleo mór da temporada teve um desfecho apoteótico e tudo graças ao grande Richard Harrow. Gillian tentou em vão matar Gyp, e acreditei que a mulher realmente estava se importando com o destino de Tommy, mesmo tendo sido dopada/morta com a heroína, tenho certeza de que ela não foi para junto de Jimmy dessa vez. Foi Harrow ter a chance de invadir o bataclan para ganharmos outra sequência de tirar o folego (uma cena onde vemos Gyp com medo merece todo respeito). Palmas para o combatente e toda sua frieza mortal. Agora Tommy está a salvo com Julia, e acredito que Harrow vai relutar um pouco em seguir com ela, por ter ficado envergonhado ao se mostrar daquela forma.
Traído pelo mais fiel de seus homens. Mesmo perdendo tudo, Gyp não baixou a cabeça e seu maior erro foi esbanjar a autoconfiança perante os homens que entendem o verdadeiro estado mental do maddog. Eu não achei marcante, mas também não fiquei frustrado com o fim de Gyp, foi até curioso assistir ele morrer no mesmo lugar em que deu as caras pela primeira vez na série, onde também estava junto de Tonino, o seu algoz final.
E encerrando mais um ano com Nucky sendo outro novamente, Boardwalk Empire continua a arte de fazer temporadas fechadas e que funcionam dentro do que a série propõe. Um exercício estilístico auxiliado pelo fantástico elenco e claro, o selo da HBO. Vamos torcer para que o destaque a quem mereça venha antes do esperado ano que vem. Abraços, Al Capone.
P.S.: Margaret volta ou não? Ela nem mereceu lugar na review, mas não duvido de que ano que vem Nucky tente reconquistá-la.
P.S.2:Van Alden nem deu as caras. Torço que ele continue ao lado de Al Capone.
Obrigado pelos comentários e até ano que vem com mais jazz, álcool, tiros e sangue nessa beleza.
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