Se Muse of Fire, semana passada, serviu de preparação, Vendetta, o oitavo episódio de Arrow, exibido na noite de ontem nos EUA, traz um desfecho satisfatório, mesmo não entregando a “guerra” entre a família Bertinelli e a Tríade da forma como prometida. Aliás, se há um defeito no seriado do Arqueiro é o pouco caso que os roteiros fazem dos vilões. Por isso as aparições de China White até agora não causam o menor impacto e, mesmo deixando clara a posição de liderança da personagem dentro da máfia chinesa, o espectador não consegue identificar nenhuma qualidade que a fez chegar ao topo (a não ser sua capacidade de matar, mas isso a colocaria no máximo como uma capanga). Já do lado italiano, o único motivo para acreditar que Frank Bertinelli é um vilão vem das histórias de Helena. O texto falha, e muito, em estabelecer qualquer nível de perigo por parte do chefe da família criminosa, e não fosse sua última ação neste episódio, seria realmente difícil convencer qualquer pessoa a respeito da urgência em mandá-lo para prisão.
Novamente sem fazer uso dos flashbacks, a narrativa se torna mais fluida, até porque não se perde muito tempo, desta vez, com subtramas desinteressantes. O retorno de Walter trouxe a continuidade de sua busca pela verdade, algo que não distrai o espectador justamente por ser importante para a trama principal desta temporada. Quem não se importa muito com Thea, por exemplo, deve ter adorado sua participação em apenas uma cena, quase como figurante. E mesmo a plot envolvendo Laurel e Tommy é justificada, tanto na cena do restaurante, já que leva a uma decisão de Helena, quanto no destino de Merlyn. E o fato de Oliver descobrir o que o pai de seu amigo fez apenas agora, mostra o quanto o alter ego do Arqueiro está cada vez mais distante de Tommy (uma coisa que os roteiristas tem feito questão de enfatizar a cada semana).
Mas o que importa mesmo é a Caçadora. Oliver tenta “salvar” Helena mostrando outras formas de se fazer justiça e não apenas vingança. É ótimo ver a série colocando Queen como mentor de uma quase sidekick pois assim demonstra o amadurecimento do jovem bilionário. Por outro lado revela algumas idéias conflitantes. Tudo bem, o Arqueiro não matou nenhum inocente até agora, mas todo seu discurso sobre não ser necessário o extremo do assassinato perde um pouco o valor já que suas flechas nunca são disparadas para desabilitar. Tirar vidas já é rotina para o vigilante e não é o uso de arco ao invés de armas de fogo que irá diminuir o impacto disso. Enfim, o treinamento da futura Caçadora foi um dos melhores momentos do episódio, mesmo durando pouco tempo. Houve até mesmo uma brincadeira discreta com o fato de personagens de quadrinhos, além de serem muito bons em combater o crime, também são extremamente habilidosos quando o assunto é design e confecção de seus uniformes. E quando a “heroína” surge em cena, totalmente caracterizada, é que Arrow mostra que fez o dever de casa. Adotando um visual mais sóbrio para a Caçadora, a série não deixa de fazer referências ao uso do roxo, mostrando que ser fiel não é vestir os atores com versões luxuosas de cosplays, mas sim adequar o original ao que foi estabelecido na adaptação. A personalidade de Helena também não foi tão alterada, mesmo sua origem sofrendo diversas mudanças em relação às HQs. Pra ficar perfeito, faltou ela dizer no fim que iria sair de Starling City pra tentar a sorte em Gotham. Ao invés disso, o texto aposta num retorno da personagem, o que os fãs também não podem reclamar já que suas cenas combatendo o crime ao lado do Arqueiro também são um dos destaques de Vendetta.
Como sempre, uma menção elogiosa às cenas envolvendo Diggle e Oliver. Mesmo demonstrando maturidade ao treinar Helena, Queen ainda é frágil em outros aspectos e aí que seu “segurança” entra em cena, mostrando ao jovem que ele ainda tem muito a aprender sobre alguns assuntos.
Mais focado na ação e tendo grande participação de uma heroína da DC, Vendetta faz de tudo pra agradar tanto os fãs somente do seriado quanto aos que acompanham as HQs. E funciona. É chover no molhado criticar os vícios dos programas do CW como os diálogos em maioria, capengas (logo no começo, por exemplo, Helena repete uma fala do final do episódio anterior quase integralmente). Em suma, Arrow tem falhas constantes (como a caracterização dos vilões citada no início do texto) que não demonstram indícios de que um dia possam ser corrigidas. Por outro lado, seus acertos também não diminuíram, e como se sobressaem aos erros, fazem da série uma ótima pedida para quem busca aventuras semanais com um personagem de quadrinhos na TV.
Continuo gostando e mesmo concordando com todos os defeitos que você apontou cara, as coisas boas se sobrepõe. Arrow ainda é uma das melhores surpresas da fall e só desejo que a série cresça mais e mais.
Torcendo para que um vilão "fixo" surja logo.