Parece que os realizadores de Constantine jogaram a toalha quando produziram os episódios que viriam depois do hiato de férias. É como se já esperassem o cancelamento e, ao invés de tentar buscar novos espectadores com boas histórias, tivessem a ideia de desmoralizar de vez o seriado para que a audiência não sentisse tanta falta no caso do final interrompido na primeira temporada.
É estranho conferir um episódio com um dos membros da “Newcastle Crew” que não seja baseado em nada das HQs, pois a série já havia estabelecido adaptações pontuais de contos famosos dos quadrinhos nestes casos. Para Ritchie Simpson (Jeremy Davies) sobrou a participação em uma trama que mais parece um plágio mal escrito de A Hora do Pesadelo (apesar de uma breve menção a um elemento dos quadrinhos que se aparecer no futuro vai soar repetitivo graças ao último ato aqui apresentado), com direito a grupo de estudantes perseguidos por vilão psicótico de outra dimensão. É triste ver uma série que já teve momentos inspirados ao longo de seu curto primeiro ano partir para uma versão genérica de uma história de terror mais do que batida.
No texto, nada funciona. São decisões de última hora por parte dos personagens, regras mal estabelecidas levando à situações que indicam falta de atenção dos roteiristas, coadjuvantes que não conseguem se desvencilhar dos clichês do gênero e por aí vai. Se algo vale a pena em A Whole World Out There é a participação de Jeremy Davies, que sempre consegue transmitir certa doçura em personagens perturbados, muito por conta de seu físico, que o faz parecer sempre fragilizado, mas também por seu olhar profundo e expressivo. A vantagem do roteiro em não colocar Chas e Zed na história é poder dar tempo de tela para John e Ritchie. A dupla funciona, no entanto, não pela qualidade do episódio, mas sim pela atuação dos intérpretes.
A caracterização do vilão, a casa onde leva suas vítimas na outra dimensão e os castigos que aplica remetem diretamente à Freddy Krueger e alienam o espectador de tal forma que chegar ao final é uma tarefa penosa. Quem reclamava dos primeiros episódios usando a justificativa de tramas genéricas tem todo o motivo para se sentir com razão aqui. E quem defendia a série é obrigado a dar o braço a torcer pois, faltando tão pouco para o encerramento, é decepcionante perder tempo com um exemplar que não acrescenta nada ao programa ou ao desenvolvimento de seu protagonista. John literalmente termina a história exatamente onde começou mesmo com tudo que acontece e com a chance de dar a pelo menos um amigo um destino melhor que a morte.
Caso a série não tivesse se mostrado tão promissora, episódios como esse talvez não tivessem um impacto tão negativo. Mas, com uma trama central que poderia levar a tantas possibilidades, um grupo de personagens bem construídos e roteiros realmente bons, o programa tem em A Whole World Out There uma decepção enorme, pois surge como tempo perdido quando já não tem mais tempo a perder. Se a chance da renovação do seriado dependia da resposta do público aos últimos episódios então Constantine está mesmo fadada ao pior destino.
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