Review: American Horror Story: Freak Show 4x13 – Curtain Call (Season Finale)

A hell of Show”. É engraçado falar de Freak Show depois da finale que entregou o espetáculo prometido desde que as plots decisivos da temporada foram colidindo ou tomando forma. Eu não fiquei apenas com um sorriso no rosto depois do último take – e também último frame da já saudosa personagem de Jessica Lange – naquele instante eu estava aplaudindo junto com a plateia do limbo particular da fraülein Elsa Mars.  American Horror Story sempre mexe com minha percepção de gêneros fantásticos, sendo o horror que é pontuado em cada uma das histórias antológicas o maior personagem em mutação aqui.

Quando paramos para revisitar a trajetória de Dandy, toda a essência da série se faz presente. Não é fácil manipular os sentimentos da audiência sem se fazer notar, mas os roteiristas de American Horror Story sempre conseguem fazer isso de uma forma única. A caminhada do psicopata durante a chacina no show de horrores é de uma tensão que só se torna possível, porque nos importamos com cada um dos freaks que se veem tentando fugir dali. É difícil ver Paul, Penny, Suzi e Eve serem assassinados sem nenhuma piedade. Aquilo assusta, comove e traz à tona sensações referentes ao horror que muitos dos detratores da série dizem não existir em Freak Show (ponto para mais uma tapa na cara dos haters).

Numa outra ponta, o segundo roteiro oficial de John J. Gray junta as gêmeas, Jimmy e Desiree no que deve ser um dos melhores paybacks já realizados na TV americana. Inspirados no número mais clássico de Harry Houdini, o Handcuff Act, os três freaks sobreviventes colocam Dandy na câmara de tortura chinesa, para que o playboy se mostre digno do show que um dia foi o lar deles – adeus canções desafinadas de Cole Porter. É impossível conter o arrepio durante a catártica sequência e tudo o que as vítimas de Dandy vão dizendo na sua cara deixam o momento em si ainda mais emblemático. Sentados como a última plateia do Gabinete de Curiosidades da Fraülein Elsa Mars, as quatro almas admiram o número definitivo da maior aberração de Jupiter.

AHSFreak Show 4.2. (1)

Em Hollywood, por mais corrida que a ascensão e queda de Elsa tenha sido, a fragilidade da trama foi mascarada pela interpretação de Jessica Lange. A atriz fez sim quatro papéis que, em suma, são um só nesses quatro anos de série, mas é inegável que a entrega dela falou mais alto em cada um deles. Constance, Sister Jude, Fiona e Elsa são irmãs de alma e carregam, na expressividade de Lange, um comovente “quê” de humanidade que alçou American Horror Story ao status de “série premiada”. Rimar com as outras antologias, por exemplo, justifica, sem maiores problemas, tamanha semelhança entre as personagens, e mais uma vez reforço que a presença de Danny Huston e seu Massimo como o amor da vida de Elsa amarra tudo com o conceito piegas (e bem-vindo) de almas gêmeas.

Logo, se até o cameo de Edward Mordrake como o ceifador de Elsa bateu outra vez na tecla de convergência dramática, fica meio que vergonha alheia criticar a temporada pelos motivos errados. Houve sim um ou outro personagem subaproveitado (Desiree, é de você que eu estou falando), tramas que poderiam ter ido além (Regina buscando justiça pela mãe), porém não é nada feio ou passível de manchar a trajetória do último show de horrores da América.

Cantando outro clássico de David Bowie para encerrar sua história nesse mundo, Elsa diz que todos podemos ser heróis, mesmo que ela própria tenha sido a maior vilã da sua conturbada vida. No entanto, só quando a cortina abre pela primeira vez no outro mundo, a fraülein enxerga a verdade que sempre esteve diante dos seus olhos. Ela sempre foi dona de algo maior: um universo sem pré-julgamentos, um universo onde ela reinou como a única e verdadeira headliner... O Freak Show que foi e sempre será sua alma e coração.

P.S.1: A essa altura todo mundo deve ter pegado a referência a Operação Top Hat na conversa sobre os testes atômicos dos quais Massimo participou. A quinta temporada já se mostra imprevisível se for se passar na era do pânico nuclear.

P.S.2:Só para reforçar,adeus Jessica Lange.E parafraseando Ryan Murphy, “Obrigado por tudo. Sempre”.

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