Review: Fringe – 5x03 The Recordist

Do que são feitos os heróis? Covardia e sacrifício caminham juntos quando falamos de sobrevivência? Com mais um fantástico episódio Fringe continua sua derradeira jornada, apostando em questionamentos aparentemente tão desconexos, mas que no fim se juntam em uma só resposta, de que a esperança movida pelos sacrifícios deve ser o principal guia em um mundo assolado pelo medo.

O primeiro (ou terceiro, Walter e sua adorável lógica) passo para por em prática o plano que irá destruir os Observadores foi dado. Em mais uma cena hilária, que retoma a nostalgia da interação entre Astrid e Walter, pegamos a terceira fita contendo o plano, porém ela também está danificada, logo só conseguimos descobrir o lugar para onde nossos heróis devem seguir,uma floresta abandonada na Pensilvânia.

Walter descobrindo o esconderijo da Brown Betty foi sensacional, ri ainda mais quando ele disse que queria ficar no laboratório para “reagrupar”, o sorriso de Peter e Olivia para o cientista encheu meu coração, é lindo como a série consegue passar uma sensação tão forte para os fãs, em uma cena aparentemente boba, porém Walter segue com eles deixando Astrid para recuperar o que ainda resta do vídeo. É na floresta que encontramos uma cicatriz ainda mais assustadora que o mercado de ciganos da première.

No estranho local, a família Bishop (é lindo chamar eles assim) encontra pessoas com uma aparência grotesca, são refugiados das grandes cidades que carregam sobre a pele crostas escuras que mais parecem cascas de árvore, Walter bem que confunde o pequeno River com um anão da floresta, só ele mesmo. A caminhada pela floresta também nos entrega um belo diálogo entre Etta e Olivia, a filha declara o orgulho que sente por finalmente estar em uma missão com eles, afinal ela sabe o quanto a antiga Divisão Fringe fez pelo mundo, foi ai que o doloroso olhar de Olivia me intrigou.

Ao serem rendidos somos apresentados a Edwin, o líder daquele povo, ele sabe quem é Walter, mas nunca o conheceu pessoalmente, na verdade ele e sua família ao se esconder na floresta desenvolveram uma base de dados destinada a gravar todas as informações sobre a raça humana, o espetacular design do banco de informações me deixou impressionado, novamente eu declaro meu orgulho pelo cuidado com que os produtores tratam seu universo.

River é o filho de Edwin, e tem Peter, Olivia e Walter como seus heróis, as histórias em quadrinhos desenhadas pelo menino estavam sensacionais, também estou querendo um exemplar Peter. No pequeno quadro da revista em que mais uma vez temos um enfoque de Olivia colocando Etta a frente de qualquer outra coisa o reflexo de raiva no olhar da agente é visto mais uma vez.

Quando somos alertados por Astrid que o local da busca deve se focar numa mina, Edwin aponta que uma velha instalação que procurava ouro está abaixo deles e é de lá que vem o motivo da mutação de todas aquelas pessoas. A mina emana uma substância tão tóxica que o sistema imune passa a calcificar os poros do corpo para evitar à entrada da mesma, através do corpo preso ao buraco, Walter também percebe que quanto mais perto do local, mais acelerada é a calcificação e mais uma vez no modo MacGyver o cientista passa a desenvolver um traje para entrar na mina.

É numa velha lembrança de Peter que descobrimos o porquê de Olivia demonstrar tristeza e raiva a cada menção à época em que Etta sumiu. Ela sempre cobrou mais de si mesma quando Etta nasceu, o medo de não ser uma boa mãe por se encontrar no centro de tantos acontecimentos, sempre martelou no seu interior, ao confessar a Peter que a todo o momento ela achava que o sumiço de Etta era uma punição por suas dúvidas, Olivia deixou transparecer a garotinha assustada de Jacksonville, a raiva de ter uma filha feliz por ter uma mãe tão forte, mas que no fim desistiu dela para salvar o mundo, reflete no desapontamento da agente por não ser a heroína dos sonhos de Etta

A iminente chegada dos legalistas ao local, o aparecimento da crosta negra em Olivia e Walter  e a descoberta de que um misterioso homem procurou antigamente um certo minério na escavação antes de ser levado pelos observadores, acelera o ritmo do episódio que já estava sensacional em sua construção. Edwin mostra todo o seu receio em levar uma negociação com outros refugiados, aparentemente violentos, para conseguir o material final do traje, o pequeno River vê o pai ser fraco diante dos seus heróis e é neste ponto que Fringe põe sua essência em um diálogo.

Edwin não é Olivia, mas também não é covarde, ele apenas tem medo de deixar seu filho sem ninguém, mas é pensando no futuro do menino que ele faz um sacrifício final descendo até a mina e pegando as pedras avermelhadas, não sem antes expressar todo o significado da mitologia e história da série em uma frase final: “Você é um covarde se sabe o que precisa ser feito e não o faz”, assim como eu, muitos devem ter entendido que Walter e Olivia nunca foram covardes, ele não mediu esforços para salvar o filho no passado e ela abriu mão da sua para salvar o mundo, como não se emocionar com os paralelos emocionantes que sempre encontraremos na nossa amada série?

De sacrifícios futuros e passados tanto Olivia quando River entenderam que na situação em que estão nenhuma decisão é fácil de ser julgada, e que heróis, sejam eles involuntários, por amor ou apenas por uma coragem desmedida são feitos acima de tudo sobre um estequiométrico balanço entre medo e coragem, que o diga o receoso Edwin, afinal é certo que ele vá ganhar um espaço especial nas histórias do seu amado filho.

O Glyph Codeda semana faz uma clara referência a raiva sentida por Olivia, por não ter sido a mãe que Etta tanto sonhou, apesar da culpa que a agente carrega, pela belíssima cena final, o toque entre mãe e filha deve estimular Olivia a viver o hoje e tentar deixar o que passou para trás, como bem pontuou Peter.

P.S.: Gene is aliveeeeeeeeeee!