O midseason finale de Flash não entrega nenhum grande cliffhanger ou revelação bombástica, nem mata algum personagem importante. Na verdade, o roteiro se desenrola como um episódio comum, apesar de várias subtramas sendo desenroladas, mas sem investir nos pontos de viradas surpreendentes que geralmente acompanham esse tipo de "evento". Principalmente por se tratar de uma série do CW, canal que transforma esses episódios pré-hiato de final de ano em verdadeiros mini-finais de temporada. Ano passado, The Flash apresentou seu episódio mais impactante justamente neste período, com a revelação da identidade do Reverso. Quem esperava algo parecido com Zoom, pode se decepcionar. Por outro lado, Running to Stand Still oferece o divertido e histérico retorno de Mark Hamill e o mais próximo de uma aventura contra a Galeria de Vilões que o seriado já mostrou.
Apesar de não fazer nenhuma referência clara ao Conto de Natal de Charles Dickens (não deixando evidente se o texto tinha isso em mente), existe uma certa brincadeira com a famosa história na forma como o roteiro se desenrola. Logo no início, o espectador é apresentado ao conflito: o Mago do Tempo liberta o Capitão Frio e o Trapaceiro para juntos derrotarem o velocista escarlate. Mas, o vilão da arma de gelo resolve não embarcar na empreitada e avisa Barry do problema, no melhor estilo do fantasma que visita Scrooge para informar sobre a aparição dos outros três espíritos durante a véspera de Natal. O personagem de Hamill pode muito bem ser encarado como o Fantasma dos Natais Passados, sendo ele um vilão antigo (e isso fica ainda mais forte constatando que viveu o mesmo personagem na série anterior do Flash). Já o Mago do Tempo, que ganhou seus poderes graças ao acidente do acelerador de partículas e se encaixa na subtrama de Patty Spivot, certamente representa o Natal Presente. E cabe a Zoom, obviamente, fazer às vezes dos Natais Futuros, uma vez que sua ameaça ainda irá trazer frutos amargos para a equipe de heróis.
Sendo um episódio natalino, nada mais justo que seu texto parta tão diretamente para o drama de alguns personagens. O destaque, com certeza, é Joe West, que finalmente descobre sobre seu filho "Wally. Wally West" (como Iris repete duas vezes, para deixar bem claro para o fã, de quem se trata o personagem). E Jesse L. Martin, como esperado, dá aquele show particular, em uma subtrama envolvente e com a dose certa de peso dramático. Novamente a química do ator com Grant Gustin é algo a ser elogiado e as duas cenas em que ambos dialogam a respeito de Wally são muito competentes. Infelizmente, a aparição do novo personagem fica apenas para o final. Vivido por Keiynan Lonsdale, ainda não é possível avaliar como Wally irá funcionar na trama. É bom também que ele seja introduzido aos poucos, criando a conexão com o elenco principal de forma natural.
Em termos de ação, Running to Stand Still oferece bons momentos, alguns inclusive, que abraçam totalmente a natureza absurda dos quadrinhos. A resolução da trama das bombas, por exemplo, é ridiculamente divertida pelos motivos certos, mesmo sendo totalmente inverossímil. A sequência do Flash perseguindo Mardon pelos céus de Central City é tipicamente comic book, com tempo para poses do herói e do vilão, tudo feito da forma mais fantasiosa possível. Fica bem na tela, diverte os fãs, é o que importa. E a cena final traz uma boa dose de espetáculo, com direito a polícia cercando o local simplesmente para observar a batalha que segue. É algo que lembra para o fã o que falta em algumas adaptações de super-heróis: a sensação da leitura de uma boa HQ.
Duas coisas, no entanto, se tornam um pouco decepcionantes. Primeiro, a trama da Patty: não faz mais sentido Barry esconder a verdade da moça. Ponto. Por sorte, de acordo com a sinopse do próximo episódio, haverá um desenrolar disso e, parece, que o roteiro será consciente da decisão tardia. Em segundo lugar, a revelação sobre o plano de Zoom: desaponta pela falta de algo maior. Se a motivação do personagem for apenas sugar a Força de Aceleração dos velocistas a série precisa se preparar para mais momentos do vilão como aquele em que derrota o Flash em Enter Zoom, ou a conexão criada com o espectador naquela ocasião pode acabar se dissipando.
No geral, o episódio não desaponta, entregando alguns dos elementos que fizeram de Flash uma série tão querida pelos leitores de quadrinhos. Humor, ação, drama e a ótima química entre o elenco fazem parte do pacote. Mas a trama principal, nessa mesma época na primeira temporada, sofria um grande avanço que não se vê aqui. Talvez por essa primeira parte antes do hiato ter "perdido" tanto tempo desenvolvendo o cenário de Legends of Tomorrow (algo trabalhado, mesmo que de leve, até neste episódio, com a presença do Capitão Frio), a série pode ter se perdido em meio às subtramas, não deixando tempo suficiente para desenvolver a ameaça principal. Tomara que, daqui para frente, isso mude e torne a trama central tão interessante e envolvente quanto a da temporada anterior.
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