Review: The Flash S03E13 - Attack on Gorilla City

Desde a estreia de The Flash, tem sido louvável da parte dos realizadores, que a série tente extrair ao máximo da capacidade técnica dos envolvidos em efeitos visuais. Das aparições anteriores do Gorila Grodd, passando pelo Tubarão Rei, até os recursos usados normalmente para representar as habilidades do Velocista Escarlate, o programa pode não ter a mesma qualidade de produções multimilionárias do cinema, mas não faz feio quando o assunto é criar personagens digitais. No entanto, as limitações de orçamento sempre pareceram tornar impossível um episódio que realmente trouxesse a mitologia das HQs de forma quase que integral, no que diz respeito a Grodd. Com todos os problemas de desenvolvimento que essa terceira temporada tem mostrado, contudo, ela ficará marcada como aquela que, pelo menos nessa primeira parte da aventura com o gorila inteligente da DC, foi muito longe para dar vida a tantos elementos dos quadrinhos.

Nenhum fã poderia imaginar, há três anos, que seria possível conferir na “tela pequena”, de forma razoavelmente convincente, um cenário como a Cidade Gorila, ou que Grodd e Solovar pudessem dividir uma cena enquanto centenas de outros gorilas digitais, ao fundo, estão ensandecidos por um duelo iminente. É exatamente esse tipo de coisa que Attack on Gorilla City entrega, com inteligência o suficiente para assumir certa galhofa em toda situação e também as próprias limitações, ao usar um recurso narrativo para ter os personagens dialogando com Grodd ou Solovar sem a necessidade de ambos em cena.

Com o bom humor do elenco principal, e a química entre os personagens, fica fácil para o espectador se acostumar com o fato de que não terá CGI 100% do tempo do episódio. Os momentos em que Flash, Caitlin, Cisco e Julian dividem seguram bem e não soam como mera distração para o principal. E isso ajuda a dar ao grande momento do episódio o impacto que merece, pois se trata de uma cena quase inteiramente criada com efeitos visuais, que, por não terem sido banalizados anteriormente, trazem um peso genuíno para a ação. A coragem dos produtores em trazer algo nessa escala para um programa de TV já merece todos os louros. E uma coisa que poderia soar como mero fan service consegue ser alinhado à trama principal da série, tornando o episódio importante para desenvolver o que vem sendo exibido desde o retorno do hiato.

Porém, o episódio não é isento de problemas. A maioria, inclusive, bastante familiares para quem acompanha a série, principalmente na temporada atual. A subtrama envolvendo Wally e Jesse simplesmente não funciona, por exemplo, e soa como um recurso novelesco sem qualquer peso dramático. O romance entre ambos, no geral, é bem problemático, já que o roteiro não consegue caracterizar o casal de forma convincente, nunca conseguiu. Narrativamente, Attack on Gorilla City tropeça aqui e ali, muito pela forma com que se apresenta: seguindo a fórmula básica de três atos, parecendo esquecer que se trata da primeira parte de história que continua na semana seguinte. Nesse sentido soou bastante como os primeiros crossovers entre as séries da DC, com episódios que não saltavam de um para o outro com fluidez. Outro desperdício é com o roteiro parece esquecer a natureza dos poderes do protagonista: é um pouco estranho que o Flash precise de tantas pessoas para ajudá-lo em uma missão e que, por conta disso, precise caminhar por uma floresta que leva até seu destino.

Encerrando com um gancho que não faz o menor sentido, e tomara que a segunda parte explique o que diabos aquela personagem está fazendo ali, a sensação de assistir esse episódio é um misto de felicidade de fã com alguns desapontamentos, no que se refere ao que a série tem entregue em seu terceiro ano como a proposta da plot central. Sim, os produtores merecem os parabéns por entregarem em live action elementos que os leitores de quadrinhos nem sonhavam ser possível conferir numa série de TV, mas, ainda, precisam melhorar muito no quesito roteiro, que se sustenta demais em situações convenientes ou tramas paralelas aborrecidas para preencher o espaço que sobra entre uma sequência de ação e outra.

Alexandre Luiz

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