Review: True Blood – 6x02 The Sun

Mitologicamente hipnotizante. Eu nem consigo expressar o tamanho da minha felicidade com este episódio de True Blood, a única certeza que tenho, é a de que a saída do Tio Bolão da cúpula criativa, realmente revitalizou a série que andava tão morta quanto seus sensuais protagonistas. De um circo de aberrações aleatórias a uma obra de cunho crítico-social, sim meus caros, é a nossa outrora favorita retomando as origens, mas sem medo de ousar agora que sabe do potencial existente em cada um de seus personagens, sendo alguns destinados ao puro e inspirado pastelão (o trio Bellefleur, Lafa pantomineiro e Jason dumb), já outros protagonizando arcos dramáticos (Sookie, Eric, a turma do Fangtasia e Bill)que se mostraram concisos e conectados ao opulento tema deste ano, o neonazismo sobrenatural patrocinado pelo Governador Burell.

Billith protagonizou o segundo cliffhanger consecutivo na semana passada, e por mais whatever que ele tenha parecido, o seu desenrolar foi sensacional. Todas as cenas protagonizadas no covil Compton foram de uma carga mitológica animadora sem esquecer as bizarras situações que Bill sempre divide em tela (a extração de sangue exorcista já está coladinha ao sexo selvagem com a finada Lorena). As informações dadas por Lilith no etéreo plano das ensanguentadas demove Bill da posição de vilão e o coloca mais como um mensageiro anti-herói do apocalipse. Mas nem só de divindades fomos servidos por ali, pois Jess foi a responsável por segurar um angustiante desespero diante do estado catatônico do seu maker. Um beijo para Deborah Ann Woll e toda sua simpatia.

As tais armas contra os vampiros que o General Cavanaugh mencionou, foram utilizadas pela primeira vez contra Tara. Mesmo diante de toda a tensão no Fangtasia, Eric não perdeu a calma e percebeu que Burell não estava só se promovendo quando delegou o ato de restrição aos sanguessugasda Louisiana. A extração da bala de prata UV ao modo viking foi de arrepiar. Eric botando ordem no bate boca de Nora com Pam também me impressionou, a força do velho vampiro se justifica no assustador grito, e nem soa forçado ele sair por conta própria para acabar com a retaliação humana. Nora ficou mesmo para ler pela enésima vez a Bíblia Vampírica,descobrindo convenientemente um erro de tradução. Assumo que o twist foi forçado, já que a moça passou anos com aquele livro debaixo do braço, mas não me incomodou. A irmã de Eric ainda sobe no IBOPE da simpatia ao tentar remediar a abalada relação dele com Pam e isto me faz gostar ainda mais dela.

O caronista misterioso que Jason e a maioria achavam ser Warlow é, na verdade, o avô-fada dos Stackhouse, Niall. Tá aí um personagem novo que chega como uma das melhores adições no elenco desde muito tempo. Niall conseguiu até transformar a panaquice de Jason num bom alívio cômico. O vovô setentista é piradão, mas esclareceu muitas das nossas dúvidas sobre o vampiro stalker, que passou anos preso numa sombria dimensão e agora está de volta graças à canalização de energia na ponte organizada pelo alegre Claude na temporada passada.

Nossa (sa)fadinha mais querida continuou on fire. Vê Arlene fazer a pergunta que todo mundo se faz me fez rir pra caramba, afinal Sookie trabalha ou não no Merlotte’s? Confesso que a nostalgia de ver a moça com a farda do bar foi bem legal, mais divertido ainda foi a reação de Sookie ao encontrar outro bonitão ferido na estrada. O rapaz Ben logo se revelou como um semi-fada e ainda que tenha sido todo galanteador, eu fiquei encucado com sua estranha aparição. Pode até soar forçado, mas suspeito de que ele seja Warlow e Sookie tê-lo convidado para entrar em casa e mostrado o Bataclan das Fadas talvez não dê em coisa boa. O que de melhor veio para a fadinha, foram os ensinamentos e explicações de Niall. Sookie ser da realeza das fadas e ter uma arma secreta, que na verdade pode ser tida como um hadouken com o conceito da genki-dama (saudosistas dos anos 90 entenderam), foi simplesmente ESPETACULAR! Não sei o que pode significar a perda do lado sobrenatural para Sookie, mas este já desponta como um dos ganchos mais promissores até aqui.

Quem aí não estava com saudades dos ácidos e convenientes comentários de Arlene (a tirada com o Orgânico foi awesome)? Gostei de tudo o que se desenrolou no Merlotte’s e arrisco dizer que, nunca desde a primeira temporada, a divisão de núcleos esteve tão bem. Agradeci por resolverem o lance da esposa do Patrick sem arrodeios, dando espaço para trama de Sam com a sindicância dos humanos que são a favor dos vampiros. É esse senso de unidade que faltou nos últimos anos da série, ancorar os seres sobrenaturais na nossa realidade sempre foi a premissa inicial de True Blood, ponto por mais um retorno memorável.

Como se já não bastasse toda esta empolgante movimentação (e estamos apenas no segundo episódio), nos vem Eric que na maior vibe Missão Impossível invadiu a mansão de Burell com o disfarce mais divertido desde que ele se travestiu nos delírios de Lafa. O sistema orquestrado pelo Governador é ainda mais inteligente do que aparentava, e as menções a Gestapo, campos de concentração e experimentos com vampiros (que devem ter permitido a criação das lentes anti-hipnose), mesmo sem sutileza, chega como um belo paralelo ao nazismo. Como o bom badass que sempre foi, Eric deixa a armada de Burell comendo poeira ao escapar pelo ar.Infelizmente ele entrega outro dom dos vampiros ao vilão, e não duvido de que logo ele planeje algo contra a habilidade.

Se tudo tivesse sido perfeito não seria True Blood, e claro que quem diminuiu a excelência do episódio foi o que andam chamando de lobisomem Panicat (só serve pra mostrar a bunda), o agora todo poderoso (só que não) Alcide. Por ser uma cena curta, não tivemos muitos problemas, mas juro que só de ouvir uma menção aos lobos, eu já reviro os olhos de tédio. O cliffhanger só animou devido a presença furtiva dos ativistas e pelo fato de que de agora em diante vou torcer para Lafa jogar uma macumba em toda matilha de boringsomens. A posição de Sam diante do sequestro de Emma, também me deixou feliz, pois o metamorfo vem retomando sua simpatia desde o plot com o grupo de ódio dos Obamas.

Jess sempre foi uma das personagens mais complexas da série, seja em termos de construção, seja quando paramos para pensar na sua evolução. A belíssima sequência que antecedeu o fim do episódio vai para lista de ouro dos momentos emocionantes entreguespela baby vamp. Tendo crescido numa família tão religiosa quanto extremista, acreditar numa entidade maior sempre esteve no sangue de Jess, e fé nunca faltou a ela, portanto fiquei com lágrimas nos olhos quando ela reza por cada um dos importantes (Hoyt entrou, Alcide não, obrigado Jess!) em sua vida e pede por Bill e seu bem estar, a quem quer que esteja ouvindo. Brilhante e de penalizar qualquer um diante do altruísmo da garota.

Mostrando um Eric que não se arrisca em perder a ousadia, ao invadir o quarto da filha de Burell e jogando para Bill uma visão profética e aterradora, não é difícil elencar The Sun como um dos episódios mais completos de toda série. Ficou bem claro que se o ritmo se manter, teremos uma das temporadas mais empolgantes e divertidas do ano, me sinto ainda mais feliz por não ter desistido no meio do caminho, e vocês?

Em termos de Sangue Cômico: Andy e suas fadinhas continuam uns amores, é impossível não rir.

Em termos de Sangue Mindfuck: Então quer dizer que o hadouken genki-dama tem o poder de uma supernova... Nice!!

Em termos de Sangue Divino: Quando digo que Bem possa ser Warlow disfarçado (mesmo ele andando no sol), é pra evidenciar mais um poder da progênie de Lilith. Vamos esperar.