Jack-O Lantern - O Demônio do Halloween: A lenda do homem-abobora em uma versão bem trash

Jack-O Lantern - O Demônio do Halloween: A lenda do homem-abobora em uma versão bem trashJack-O Lantern: O Demônio do Halloween é um filme de horror B que narra uma história baseada em mitos urbanos, relacionados a um assassino com cabeça de abobora. Lançado em 1995, tem direção e produção de Steve Latshaw, profissional conhecido por ser parte de diversas equipes de filmes baratos e de qualidade discutível.

Também conhecido como Halloween: A Maldição Está de Volta, seu nome original é Jack-O, em atenção as lanternas de abóbora tradicionais nos Estados Unidos, que são exibidas todo mês de outubro. O filme também pode ser encontrado pelos nomes Jacko, Zero-O e Jack-O: Cosecha de Sangue.

O texto é de Patrick Moran, que, junto a Latshaw, também é produtor. Ele trabalhou com o realizador, escrevendo o roteiro de Hazard: O Mutante Biológico. O argumento é de Brad Linaweaver, mais conhecido como produtor de obras assumidamente trash como Super Shark e Fred Olen Ray, que virou diretor de filmes de ação baratos dos anos 2010, como Sniper Special Ops com Steven Seagal.

O longa foi feito pelos estúdios American Independent Productions Inc. e Sharan, teve distribuição da Triboro Entertainment Group e Royal Oaks Entertainment.

As filmagens foram feitas na Flórida, com cenas em Hollywood, Orlando, Zellwood, Geneva, Apopka e Longwood, também em Salem-Massachussetts.

A carreira de Latshaw envolve obras de baixo custo e exploração sexual gratuita. Seus trabalhos mais conhecidos são Bikini Drive-In, de 1994, onde não foi creditado, além de Máscara da Morte em 98. Escreveu Tempestade de Fogo, Tempestade Virtual, Impacto Fulminante (embora também não tenha recebido créditos), Criaturas (The Curse of the Komodo) e Megaconda.

Os créditos iniciais do longa são apresentados em uma fonte bem mal encaixada, reluzente e brilhante, tão caricata que lembra o que era comum em efeitos de Wordart. O nível de bagaceira já fica claro antes de mostrar qualquer personagem.

A maioria dos releases do filme são em baixa qualidade, em dvd-rip, mas ele foi lançado em mídia de bluray. Ele está disponível no YouTube, dublado, de maneira gratuita e legal.

Entre essas versões há algumas que parecem estar em uma janela errada, fato que piora a visão do espectador, já que o posicionamento da câmera é tão ruim que até corta partes do corpo dos personagens. A fotografia de Maxwell J. Beck posiciona a imagem de maneira torta, e claramente não ocorre isso graças a um estilo diferenciado, parece erro crasso mesmo.

A narrativa começa mostrando uma história sendo contada perto de uma fogueira.

O velho Simms (Bernie Fidello) narra ao pequeno Sean, (de Ryan Latshaw) a lenda de Jack-O, logo depois de perguntar se ele quer doces ou travessuras. Seu discurso coincide com a letra de uma cantiga velha, sobre um homem abobora, que amaldiçoou uma cidade no dia das bruxas.

A trama então retorna ao passado, mostra uma história traumática, de fazendeiros que combatem um monstro diabólico. O menino dessa história, Andrew Kelly, tem o mesmo sobrenome e o mesmo interprete de Sean, fato que faz pensar que ele possivelmente é um parente do menino protagonista, possivelmente também a encarnação anterior dele.

Esse tal inimigo é misterioso, um ser vingativo, que já havia matado uma família vizinha, e que deveria ser enfrentado por Arthur (Mike Conner), o chefe da família Kelly.

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O receio de que a família pereça é presente no pensamento de Arthur, mas aparentemente, não é o caso dos Kelly do "presente", já que Sean é tratado como um menino meio independente, que não é tão vigiado quanto poderia ser, mesmo aparentando ter menos de dez anos de idade.

Os acontecimentos corriqueiros são tratados sem a menor importância, nem mesmo a apresentação de um drama envolvendo bullying no colégio do menino. Sena é ignorado por todos, e não há qualquer reflexão sobre isso no filme.

A pessoa que realmente parece se importar com ele é Vivian, personagem de Catherine Walsh, que quase tem seu carro sujo pelo menino que bateu em Sean. A moça de meia idade leva ele até sua casa, se apresenta para os pais do menino e passa a habitar aquele cenário, como se fosse parte integrante do grupo social em volta dos Kelly desde sempre.

Sua participação é estranha, especialmente por conta de ser uma mulher adulta que imediatamente se interessa pelos pensamentos e sentimentos de uma criança desconhecida

Fica aa dúvida sobre as suas motivações, já que ela pode ter segundas intenções. Como esse é um filme que aborda temas infantis também, dificilmente se pensaria nela como uma mulher potencialmente abusadora, mas ela poderia copiar para si a caracterização de bruxas, tema esse onde é comum comer crianças.

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Essa aproximação é ofuscada pelos estranhos eventos que atormentam o menino. Sean tem visões sobre os Kelly do passado, especialmente depois da cena introdutória.

O que não fica claro é se ele está tendo contato com o mundo sobrenatural ou se apenas é impressionável, já que esses devaneios ocorrem depois que ele ouve a história antiga.

Ao longo do filme ele tem pesadelos, onde um monstro com cabeça de lanterna ataca pessoas. As cenas são bem-feitas, tem golpes violentos, muito sangue e com um gore que dificilmente ocorre em produções que miram entreter o público adulto e infantil ao mesmo tempo. A maioria é visualmente legal, mas causam pouco ou nenhum impacto dramático, já que não fazem parte da realidade.

Entre os personagens não há nenhuma pessoa minimamente aprofundada, ao contrário, quase todos são reféns de caracterização de arquétipos.

Ao longo da história é dada a motivação de Vivian. Ela é uma escritora e estudiosa dos estranhos casos de assassinatos e maldições da cidade. Ela sabe bastante sobre o halloween local do passado, tenta pesquisar sobre esse dia das bruxas em 1915, até conversa com o pai de Sean sobre essas histórias, mas não avança muito em sua busca.

Ninguém parece ter muito conhecimento sobre esse causo, ou não levam a sério ou simplesmente não dão as informações que ela tanto busca. Também não existe um grande esforço em criar atmosfera de susto e horror.

O filme aposta em nudez gratuita para ludibriar seu espectador, se pautando em uma estética que lembra mais o tipo de exploração que se fazia nos filmes dos anos 1980 e não em 1995.

A produção é tão sofrida e tão distante das prioridades que não teve um calendário minimamente pensado para si. Jack-O foi rodado em finais de semana, em dias de folga de elenco e produção, que trabalhavam cada um em seus projetos paralelos. Como a época de filmagem foi em fevereiro e março, o diretor teve que comprar antecipadamente as abóboras apresentadas no filme em novembro.

O assassino Jack-O tem um bom visual, mas fora esse aspecto, não gera grande curiosidade no espectador. Ele ataca pessoas aleatoriamente, às vezes ataca gente sexualmente ativa ou exibida, em outras, só mata quem está em sua frente. Ele assassina de maneira indiscriminada e sem critério.

O ápice da tosqueira é quando em meio a uma tentativa de fuga, uma mulher acaba causando um acidente caseiro, que resulta em uma cena dela sendo eletrocutada, logo depois de atingir uma torradeira com um talher.

Tudo isso ocorre por conta dela fugir do homem-abóbora, de maneira atrapalhada, apressada e burra.

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O efeito utilizado é absurdamente tosco, ainda termina com a pessoa virando uma caveirinha, tal qual o mafioso que o Coringa de Jack Nicholson matou no Batman de Tim Burton.

As mortes na meia hora final ficam mais gráficas, abandonam o estilo idílico, de pesadelo e devaneio que tinham antes, se tornando reais enfim. Jack-O ataca adultos, mas no caso de Sean não. O monstro poupa o garoto, pede a cooperação dele, pede que ele entre na cova que abriu, para ser encerrado vivo.

Aparentemente ele se enxerga no rapaz, fato que abriria chance para teorizar qual é a sua origem, mas o texto é desenvolvido de maneira tão sem graça e anti-climatica que pouco importa se Jack-O é da família Kelly, se é Andrew ou mesmo Arthur reencarnado. Ele pode ou não ter sido da família do menino protagonista, pouco importa e não faz diferença alguma isso.

O filme apela bastante para a nudez. A esse analista chamou a atenção na exploração do corpo de Rachel Carter, atriz estreante que aparece sem roupa várias vezes ao longo do filme, mas outra figura famosa acabou marcando mais a audiência na época.

A revista Femme Fatales chamou a cena de nudez de Linnea Quigley em uma cena no chuveiro, como a mais gratuita da história, me uma publicação lançada quatro anos depois do filme, em 1999. Quigley é sempre lembrada por ser uma scream queen exibicionista. Esteve em clássisos trash dos anos 1980, como Assassinatos Misteriosos em 81, Natal Sangrento de 84 e A Noite dos Demônios de 1988.

É bastante lembrada por ter sido a icônica Trash em A Volta dos Mortos-Vivos de Dan O'Bannon, onde seu principal destaque era uma cena em que fazia um strip-tease no cemitério. Também se exibiu em A Noite das Vampiras, que é desses citados o mais apelativo em matéria de nudez.

Quigley é o que mais se aproxima de um bom desempenho dramático, fato que fala bastante a respeito do fato de não haver no elenco grandes atuações, mesmo que esse tenha tido John Carradine como parte do elenco. O ator veterano que esteve nos clássicos No Tempo das Diligências, As Vinhas da Ira e Os Dez Mandamentos, filmou sua participação em dezembro de 1985, enquanto a maioria das outras foi feita em 1993.

Embora certamente não tenha sido o último papel que desempenhou, foi o último lançado, seis anos e onze meses após falecer.

A morte do homem-abóbora assusta, mas não graças a construção dramática, e sim pela tosquice e pelo efeito triste empregado. A melancolia extra-filme abraça a narrativa, se tornando tão presente que vira quase um personagem. Tudo parece um equívoco, e até o bom efeito do monstro é mal aproveitado, no final.

Jack-O: O Demônio do Halloween não dá gravidade aos fatos mostrados, nem mesmo os seus personagens parecem sentir algo, diante das perdas que tiveram na noite de halloween. Eles saem do filme como entraram, mesmo que alguns deles tenham morrido. Nem a participação de Quigley e Carradine salva, também não há muitos sustos ou criação de clima. Essa é uma ideia curta que parecia boa, mas que foi esticada para caber dentro de um formato de longa-metragem, mas que é apresentada sem cuidado ou liga.

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