Review | The Walking Dead Daryl Dixon: Piloto

The Walking Dead foi um fenômeno popular que segue forte até hoje. Baseado nos quadrinhos criados por Robert Kirkman, tem na série live action homônima da AMC seu carro chefe. Foi lá inclusive que foi introduzido o protagonista desse spin off. e é sobre o piloto de The Walking Dead: Daryl Dixon que falaremos hoje.

Desde que TWD estreou em 2010 houveram muitas ramificações e versões do fenômeno que começou nos quadrinhos de Kirkman, Charlie Adlard e Tony Moore pela Image Comics.

Há derivados em livro, jogos de video games, seriados diversos, além é claro de um possível filme, que nunca chegou e nem se sabe se chegará até o público. Essa TWD: Daryl Dixon era muito aguardada graças ao fato de focar no mais popular personagem do segmento, o atirador vivido por Norman Reedus que se tornou tão popular que era comparado com um "Wolverine" do universo de zumbis. Dessa vez além de estrelar, o ator também é produtor executivo A série foi criada por David Zabel, produtor experiente, que trabalho em ER: Plantão Médico e Detroit 1-8-7.

Pois bem, confesso aos leitores que estou bastante cansado da formula apresentada na franquia. Sempre gostei de tudo relacionado a zumbis, aprecio o cinema de George A. Romero, gosto das versões engraçadas do filão como em Todo Mundo Quase Morto e A Volta dos Mortos Vivos, gosto também do seriado britânico Dead Set e até a versão brasileira desse último, Reality Z, achei ok.

Eu comecei a acompanhar The Walking Dead nos quadrinhos e obviamente vi a série por conta de quem estava envolvido na época - leia-se o diretor Frank Darabont e o mago dos efeitos especiais Greg Nicotero - mas a encheção de linguiça dos primeiros anos tornou a apreciação em algo cansativo e repetitivo, quase sempre sem apresentar algum subtexto digno de discussão.

Resolvi então dar uma chance a esse piloto TWD: Daryl Dixon, para ver se vale a pena ver e recomendar a todos. Quem sabe escrevemos mais sobre ela ao fim da temporada.

Review | The Walking Dead Daryl Dyxon: Piloto

Esse piloto é tem em torno de uma hora, contando os créditos finais e o preview do próximo episódio. Passa nos canais AMC, inclusive no streaming AMC+, mas não há previsão de onde vai passar no Brasil.

A direção ficou a cargo de Daniel Percival, realizador do telefilme Guerra Suja (2004), também trabalhou em algumas séries, sendo as mais famosas The Hot Zone: A História do Ebola e O Homem do Castelo Alto. O texto foi escrito por David Zabel, e nele se percebe a chegada de Daryl a Europa.

A história segue após o personagem ter saído do feudo de The Commonwealth, embora nesse capítulo não se fale o motivo para essa mudança. Simplesmente ele chegou ao Velho Continente, boiando na madeira que partiu de um navio.

O piloto foi filmado in loco, na França. Há cenas na comuna de Vers-Pont-du-Gard, quando, também há momentos na Castelo dos Baux em Les Baux-de-Provence.

Durante a exibição é dita uma certa frase: "Você também merece um final feliz". Essa sentença é repetida ao longo desse episódio e foi falada originalmente por Judith Grimes, personagem da linha principal de The Walking Dead. Ao longo do episódio, outro personagem fala isso, fazendo parecer para Daryl que essa pessoa tem poderes psíquicos.

Dixon possui quase o mesmo visual de TWD. Está na mesma forma física de antes, usa o mesmo penteado e carrega também a mesma melancolia calada do início do seriado.

Review | The Walking Dead Daryl Dyxon: Piloto

A primeira fala dele é com a boca junto a um rádio gravador, onde ele faz um registro típico de diário de um tripulante. Avisa que veio da América, previne o possível dos seus objetivos de sobrevivência.

Duas coisas chamam a atenção. A primeira, foi a fotografia de Tommaso Fiorilli, que dentro dos ambientes fechados, faz predominar a a cor cinza, às vezes empobrecendo as imagens. Quando filma em áreas externas, o resultado é belo. A segunda é que os zumbis têm algumas diferenças do mostrado normalmente.

Alguns deles machucam a pele com queimaduras. Não fica claro se é uma questão continental ou universal. A infestação pode ter tido diferenças ao longo do globo, com interferências climáticas e a fim, que modificam a condição e até a evolução dos mortos vivos.

Esses são chamados popularmente de queimadores, ou brűlant. As feridas que eles causam aparentemente se alastram, tal qual era a contaminação de uma mordida de morto-vivo. Não fica claro se ela poderia matar Daryl, se ele poderia entrar em combustão graças a queimadura ou se transformaria o personagem, mas é dado que ele poderia ter perdido o braço.

Depois de ser atacado por humanos, ele é resgatado por um grupo de freiras, onde tem seu braço cauterizado. Quem cuida dele é Isabelle, uma irmã devota que é feita pela atriz Clémence Poésy de Na Mira do Chefe, Harry Potter e Tenet.

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Ele conhece também Laurent (Louis Puech Scigliuzzi), um menino prodígio, que tem um profundo conhecimento de matemática e ciências diversas. Dono de uma memória invejável, ele é sabido ao ponto de ter memorizado as capitais dos países do período pré-colapso mundial.

Ele também tem pressentimentos, através dos movimentos estomacais, parece ter habilidades especiais quase sobrenaturais. Daryl fica verdadeiramente tentado a se instalar ali, já que a vida errante é difícil.

Ele decide sair depois que percebe que a criança, acredita que o padre antigo do convento vai ressuscitar dos mortos. As freiras mantem o zumbi do sacerdote preso em uma cela, que é visitada pelo menino. Não é nada muito diferente do que se viu inúmeras vezes em The Walking Dead.

Isabelle é sincera com o protagonista, diz que acredita que Laurent pode ser um Messias, pede para que Dixon o leve para o norte da França, fazendo cumprir a profecia de que ele lideraria o povo.

Essa crença segundo ela, veio de um líder monge budista, fato que mostra que o Apocalipse zumbi mudou tanto o mundo que o sincretismo religioso virou uma espécie de regra.

Review | The Walking Dead Daryl Dyxon: Piloto

Daryl não quer levar ele em viagem, mas acaba cedendo, depois que alguns milicianos, vão atrás dele, acertar as contas depois que o irmão de um desses homens armados morre, mesmo que Daryl não tenha relação com esse óbito.

O que complica aqui são as semelhanças com The Last of Us. Um homem velho carregando uma criança em um cenário hostil é clichê demais. Aqui ao menos há a diferenciação de que Laurent não é alguém imune a condição de se tornar zumbis, ao menos não se fala isso. Daryl topa levá-lo mais por gratidão do que por crença.

As cenas de ação são boas, com trocas de tiros dentro de um convento bem agressivas. Não há como não lembrar dos filmes nunsploitation, ainda mais com A Freira 2 estando em cartaz nos cinemas. Há bastante gore, não se economiza em efeitos de violência e em produção de miolos.

Algo positivo é que se aponta para o futuro, mostrando que há piratas, liderados pela Madame Genet (Anne Charrier), que aparentemente, trafica zumbis para outros lugares, talvez para fins de estudos. O capitalismo segue vivo aqui, mesmo no mundo pós-colapso.

A curiosidade geral é quando a série se passa. Claramente ocorre após os eventos de The Walking Dead. Passaram 12 anos da contaminação geral. O seriado deve ter seis episódios.

Não há muito como concluir quais são as ideias de The Walking Dead Daryl Dixon. Há de valorizar a exploração de temas pouco usuais na franquia, como o possível componente espiritual e a possível expansão do conceito de mundo colapsado, só se espera que o programa não se perca em explorar demasiadamente a parte novelesca das relações humanas, já que foi isso que tornou o TWD enfadonho. É esperar e ver.

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