
Rosemary's Baby é uma minissérie de terror, cuja temática é voltada para o horror satânico. Essa é mais uma adaptação do livro homônimo, escritor por Ira Levin.
Lançado em dois episódios exibidos em 2014, tem como principais chamarizes o fato de se passar em Paris, na França, além de ser estrelado e produzido por Zoe Saldana.
A história acompanha Rosemary, uma mulher cujo casamento está em crise, depois que ela teve um aborto espontâneo bastante traumático.
Ela é escolhida por uma seita para ser a progenitora de uma criança de futuro grandioso e maléfico.
Coprodução entre Estados Unidos, França e Canadá, tem direção de Agnieszka Holland, roteiro de Scott Abbott e James Wong, que também foi consultor executivo.
Foram produtores Robert Bernacchi, as irmãs Zoe, Cisely Saldana e Mariel Saldana, além de Tom Patricia. Joshua D. Maurer, David A. Stern, Alixandre Witlin foram os produtores executivos.
A ideia inicial
A princípio, essa seria uma adaptação não só do romance lançado em 1967, mas também da criticada sequência de 1997 Filho de Rosemary, de autoria de Ira Levin também.
Em 2005, a ABC Television adquiriu os direitos e anunciou que uma minissérie estrearia no outono de 2006. O projeto não se materializou nessa época, foi anunciada em outra oportunidade, empurrada para 2008.
Os fãs do filme O Bebê de Rosemary de Roman Polanski ficaram felizes com o arquivamento do projeto. Pela internet houve um comentário de que esse foi um "ataque de última hora de bom senso" por parte dos produtores.
A ideia geral é que houve uma conscientização de que seria uma jornada tola refazer uma história que já foi tão brilhantemente adaptada, já que o filme é considerado um clássico bem-sucedido tanto no quesito de sustos quanto como obra de cinema.
Em determinado ponto, Joshua Maurer, Witlin e David Stern adquiriram os direitos literários para adaptar o material, em uma janela coletiva, que visava cumprir o lançamento em apenas 12 meses a partir da compra. Ou seja, precisariam pré-produzir, rodar, finalizar e exibir em um espaço de um ano.
Esse foi o principal motivo para fazer uma minissérie e não uma obra para o cinema.
Os trabalhos antes do primeiro rascunho de roteiro:
O produtor executivo Joshua D. Maurer contratou o escritor Scott Abbott para fazer um roteiro com ele, depois de trabalhar no filme da HBO, Dorothy Dandridge - O Brilho de uma Estrela, que foi vencedor do Emmy.
Ele havia sido contratado para adaptar uma minissérie sobre o Dia D para a CBS baseada no livro de Stephen E. Ambrose. Essa teria base no esboço da história original de Maurer, mas não ocorreu.
O produtor havia escrito anteriormente uma adaptação de uma minissérie sobre Papillon, que não chegou a ser filmada. Ele acabou assinando como produtor executivo da versão de Papillon de 2017.
O início do trabalho com Maurer e Abbott
Maurer começou então a trabalhar com Abbott, desenvolvendo um esboço detalhado da história, em uma adaptação que compreenderia quatro horas de duração.
Nessa fase de rascunho a história já se ambientava em Paris, em uma reinterpretação contemporânea do romance clássico.
No entanto, não houve crédito de roteiro ou argumento para Maurer.

O convite a Polanski
Durante a época de pré-produção, os produtores desejavam contar com a direção de Roman Polanski, o homem que conduziu a obra clássica de 1968. A Lionsgate entrou em contato com ele quando houve a decisão criativa ambientar a história na França.
Como o cineasta não mora mais nos Estados Unidos seria bastante conveniente o convite para ele. Os executivos da Lionsgate Television voaram para Paris para se encontrar com o cineasta, mas sua agenda não permitiu que ele prosseguisse.
Dessa forma, Holland foi contratada para dirigir.
Estreia e nomenclatura
A estreia da obra nos Estados Unidos foi em 11 de maio de 2014, na NBC. Nos Países Baixos chegou em 18 de setembro, já na Belgica só estreou no ano de 2015, em abril.
O título original é Rosemary's Baby, no Canadá é Le bébé de Rosemary, enquanto em Portugal se chama A Semente do Diabo, da mesma forma que o filme.
Os estúdios por trás da obra foram a City Entertainment, KippSter Entertainment, Liaison Films, Federation Entertainment e Cinestar Pictures.
A distribuição foi da National Broadcasting Company, a NBC, na televisões dos EUA. A Lionsgate Home Entertainment lançou a mini em DVD.
Quem Fez
Holland dirigiu O Rei dos Ladrões, A Sombra de Stalin, O Charlatão e Zona de Exclusão.
Abbott escreveu O Poder da Notícia, Dorothy Dradridge: O Brilho de Uma Estrela e A Rainha dos Condenados.
James Wong é mais lembrado por ser diretor. Conduziu Premonição, Premonição 3, Dragon Ball Evolution e O Confronto. Escreveu episódios em Anjos da Lei, Millenium e Arquivo X.
Tom Patricia foi produtor executivo em Pânico no Ar, O Trem Desgovernado e O Sobrevivente.
Bernacchi produziu Emerald City, Whiskey Cavalier: Jogo de Espiões e Violet no Mundo da Fantasia.
Foi produtor executivo em Anjos da Noite, O Ritual e John Wick: Um Novo Dia Para Morrer, coprodutor em Expresso do Amanhã e produtor associado em Blade II: O Caçador de Vampiros.
Mariel e Cisely se tornaram produtores executivas em algumas obras, como The Honor List, Mamas, As Crônicas de Cucu, Meet Me in Paris, Poder M, Meet Me in Rome. Também foram coprodutoras executivas em Operação Lioness, que é estrelada pela irmã famosa das duas.
Zoe foi produtora executiva em várias das obras já citadas, especialmente em Mamas, Poder M, Operação Lioness.
Obviamente é lembrada mais pelos filmes que fez, como Colombiana, Avatar, Star Trek, Guardiões das Galáxias e suas sequências.

Sua participação no cinema vai além obviamente do regime de franquias caras, tanto que recentemente, ela venceu o Oscar, na categoria melhor atriz coadjuvante, em Emília Perez.
Narrativa
Os dois episódios são chamados de Primeira e Segunda Noite, embora, obviamente, não se passem em um espaço tão curto, de apenas dois dias. Basicamente são dois períodos distintos, um de concepção e outro de gestação.
Rosemary's Baby começa mostrando uma mulher desesperada, que vasculha o quarto, em busca de algo, em busca de respostas.
Ela é interpretada por Victoire Bélézy (do telefilme O Silêncio da Morte) ela segura um papel, onde se lê o nome Steven Marcato, que para bom entendedor, já fica claro quem seria.
Do lado de fora do quarto, seu marido, interpretado por François Civil, grita por ela, a chama de Nena, mas não consegue impedir que ela inflija o mal a si mesma.
Antes dela cair, reclama do bebê e acusa o par de ter vendido ela, ou seja, ela parecia estar fugindo desse sujeito, que se chama Jacques.
Em outro ponto:
Depois dessa introdução, entra em uma cena uma abertura estilizada, com uso de um CGI de qualidade mediana, que mostra a formação de uma criança.
O casal Rosemary (Saldana) e Guy Woodhouse (Patrick J. Adams) perdem o bebê que tanto aguardavam. Esse é o ponto um da trama. Não há nenhuma construção anterior, desde esse momento é mostrado que eles estão tristes e melancólicos.
No hospital, um homem estranho e jovem observa os dois saindo, de uma maneira suspeita, que injeta um pouco de paranoia na trama, de maneira até injustificada.
3 meses depois
A trama já ocorre em Paris, o novo cenário da história. Uma antiga amiga do casal, Julie (Christina Cole) arranjou um trabalho para Guy, na Sorbonne, que é a segunda universidade mais antiga do mundo, localizada em Quartier Latin, em Paris .
Depois de toda a tristeza, os dois resolveram se mudar. Mudam o cenário, tentam algo novo, se aventuram no exterior, mesmo que o salário do homem não fosse grandes coisas.
Os dois moram em um quarto alojamento, ridiculamente pequeno, onde mal cabem os dois e a pequena mala que carregam.
O assalto
Enquanto passeia pelas ruas francesas, Rosemary é roubada. Correndo atrás do bandido, acaba vendo o rapaz sendo atropelado.
Depois do susto, ela pega a carteira, mas não é a sua. A que ela encontra contém os documentos de Margaut Castevet, a personagem da bela veterana Carole Bouquet, atriz que foi a estupendabondgirl Melina em 007: Somente Para os Seus Olhos.
Sem grandes problemáticas:
Apesar do momento agressivo - vale dizer que essa minissérie, tem um gore considerável - não houve grandes repercussões dramáticas, fora a perda da carteira de Rosemary.
O ladrão prosseguiu fugindo mesmo após o choque com o carro.
A moça então vai a um prédio antigo o La Chimere, lá encontra a mulher, que a convida para uma festa.
Aqui se nota uma mudança pontual: saem de cena os idosos membros da seita/culto, entram pessoas bonitas, de meia idade, sexualmente atraentes, ou seja, são cougar, como bem diz a gíria.

Um convite impossível de recusar
Margaux levou a sério o chamamento a Rosemary, tanto que pegou o endereço dela e mandou um motorista buscar o casal em casa, para ambos chegarem bem no evento social para o qual foram convidados.
Lá, Roman (Jason Isaacs) pararica Guy, diz que leu os seus artigos, monopoliza ele, ou seja, Rosemary fica isolada, já que seu marido está ocupado, fazendo o famigerado networking.
A dona da casa faz questão de ser atenciosa e boazinha, manda que os convidados falem inglês, para que a personagem principal não fique mais isolada ainda.
Ela apresenta as pessoas importantes, como Fontaine, o delegado, vivido por Olivier Rabourdin, que ganharia importância depois.
A tentação
Na festa ela abre uma porta e vê um homem muito bonito, interpretado por Stefano Cassetti participando de um menage a trois, com duas mulheres, beldades tão bonitas quanto ele.
Nesse momento, ela se excita, até que Guy chega e ela percebe que era uma ilusão.
Antes de ir embora, ganham um presente, um gato, levam para casa, quando ocorre um incêndio na cozinha, justo na primeira noite deles em Paris. É por isso que esse é o nome do episódio.
No hospital
Margaux e Roman aparecem de repente, já que receberam uma informação privilegiada, de Fontaine.
Essa informação ganharia importância depois, afinal, o policial deu o paradeiro dos dois e depois, estaria no lado oposto a conspiração capitaneada por Margaux e Roman.
A benção disfarçada, ou não
A visita do casal mais velho parece algo inconveniente, mas se torna, de certa forma, uma benção, pois eles se mudam para um lugar grande, a pedido de Margaux.
Se tornam vizinhos dela e de Roman, no mesmo prédio que ela conheceu, em um espaço grande, mas não tão grande quanto o lugar onde Roman mora.
Convenientemente, Guy sofre apenas queimaduras de segundo grau. Diante do choque que foi, a situação não pareceu tão grave.
O apartamento que o casal oferece é todo mobiliado, até com roupas nos armários, todo formato por roupas do tamanho de Guy e Rosemary.
Diferença entre as sociedades secretas
Há diferenças substanciais entre as duas principais versões do romance de Levin.
No filme, havia um culto de idosos - the Coven - cheio de senhoras e senhores. No seriado, há um casal, metido a sugar dads e parecem também com possíveis predadores sexuais, tanto que há flertes bem intensos.
Fica até a dúvida se os dois proporiam uma relação de suingue depois da ação com o novo casal.
Interesses distintos
Se Rosemary se preocupa com a proximidade dos dois, Guy só quer escrever e terminar seu livro. Ele possui um bloqueio desde a perda do bebê e tenta arrumar uma musa, para se inspirar na escrita.
Enquanto isso, sua esposa vê sua casa ser "invadida", já que Margaux está no interiro dela, com o zelador mudo Emile (Cyril Casmèze) um sujeito de modos meio "animalescos".
Ou seja, a senhora entrou na casa, na ausência do casal que ali mora, com um sujeito de boas intenções, mas que é meio assustador.
Como ele claramente tem uma neurodivergência, que o faz parecer alguém selvagem, a personagem ainda se sente envergonhada de enquadrar a invasora, pois correria o risco de parecer preconceituosa e ingrata com quem ajudou tanto o casal Woodhouse.
Nesse ponto, Rosemary passa mal e é medicada por Margaux. A senhora se despede, lhe dá um beijo e faz um pedido, em tom de exigência, de que use seus vestidos.
Paranoia
A paranoia da personagem-título e bem justificada, já que ela recebe muitos presentes. Ela parece estar sendo sempre adulada e mimada, como se carregasse algo, antes mesmo dela engravidar.
Pessoas grávidas recebem presentes o tempo todo, é algo normal em várias sociedades, mas ser de certa forma é tutoriada por um casal mais velhos, parece estranho.
Como Rosemary sente sua intimidade ser invadida, a situação se agrava bastante.
A esposa no entanto guarda seus receios para si, já que Guy se sente mal, com os rumos de sua vida.
Ele afirma que se tivesse mais dinheiro, conseguiria escrever, driblaria as questões criativas que enfrenta - o que faz todo sentido.
Diante dessa questão, ele aceita o conselho de Roman e abraça o sujeito como o seu benfeitor.

A grande questão é que Adams não é tão expressivo, ao contrário, atua de maneira fechada e átona.
John Cassavetes fez o mesmo papel, apresentando muito mais camadas, parecendo ser alguém ambíguo, uma pessoa de caráter duplo. Aqui isso não ocorre.
O ator canadense é mais lembrado por obras de comédia, como Dias Incríveis e o seriado Suits.
Já o seu personagem parece mais envergonhado, convivendo com um asco maior pelo acordo que fez, tanto que até o último momento, fica a dúvida se ele colabora com Roman e Margaux.
Aumento do desespero e elementos de gaslighting
Em casa, Rosemary repete cenas clássicas do filme, como a suspeita dela em relação a um closet atrás de um armário.
Diferente do que ocorreu no livro e longa-metragem, aqui há coisas no cômodo, como roupinhas de bebê. Isso deixa a mulher nervosa, por obviamente lembrar do trauma dela, no entanto, essa sensação empalidece, já que ela descobre que Guy teve o contrato da editora cancelado.
Nesse ponto, ele se prepara para uma proposta de trabalho, de supervisão na faculdade, que dobraria seu salário. A entrevista ocorreria logo.
Uma estranha concorrência
Guy acaba vencendo a concorrência, mas não sem drama. Antes dele ser escolhido, houve uma entrevista com uma senhora mais velha, chamada Bishop, personagem interpretada por Jane Bertish.
A idosa tem visões com moscas, semelhante ao que também ocorria no clássico de casa assombrada Terror em Amityville.
A senhora começa a sangrar, entra em um transe, ataca o sr. Carrara (Didier Sauvegrain) depois se mata, com uma tesoura.
Mulheres fugindo do espectro de sanidade
A conclusão posterior é que a mulher teve um ataque psicótico, ou seja, nessa versão, mais mulheres tem episódios de insanidade exagerada.
Esse seriado é potencialmente mais misógino que a versão dos anos 1960.
A foto e as incongruências
Vasculhando a casa, Rosemary acha retratos de Nena Pascal, então, vai atrás de pistas dela.
O mais curioso é que a moça saiu de lá há tempos, mas ninguém se preocupou em fazer uma limpa acurada na casa, deixaram roupas de bebê, fotografias escondidas em compartimentos secretos.
La Chimeré era de propriedade dos Castevets, era para eles conhecerem tudo ali. Ou foi isso ou eles deliberadamente quiseram deixar as pistas ali, para serem descobertas pela futura mãe.
Rosemary descobre que Nena era uma mulher de origem egípcia, também toma nota de que seu marido Jacques, sumiu. Ela foi ajudada por Fontaine, que imediatamente parece ser mais amigo da moça americana do que de Roman e sua esposa. estes sim os amigos de longa data.
Nesse ponto, essa questão nem é tão problemática, mas ao longo da história o comportamento dele perde o sentido.
O anúncio romântico
Quando ela retorna para casa, há todo um número apaixonado, já que os corredores da casa tem rosas espalhadas pelos cômodos, além de teclas de scrabble, o joguinho de caça palavras, indicando instruções.
Essa era na verdade uma surpresa, pela promoção de Guy como novo chefe do departamento de literatura inglesa na Sorbonne. Nos recados haviam pedidos para Rosemary se despisse, para vestir uma muda de roupa chique, ou seja, por muito pouco ela não encontrou as pessoas toda nua.
Aqui a suspensão de descrença precisa ser gritante.
O mentor e tutor
Guy havia percebido a presença de Roman na faculdade, no momento da entrevista. Certamente o enxerga como o benfeitor que o próprio Roman citou ser necessário na trajetória de um grande artista.
Ele parece em conflito, feliz pelo sucesso financeiro - e também por retornar a escrita - mas preocupado com o bem-estar de sua amada.
Elementos em comum e dissonantes entre as versões
Alguns dos clichês do filme aparecem aqui, como o colar com raiz de Tannis dado a futura mãe.
Já o papel de Hutch não existe aqui. Na versão anterior, havia um senhor sábio, um conselheiro de Rosemary, que contava inclusive sobre os casos de canibalismo do prédio.
Aqui essa função é dividida por Julie e por um padre, chamado Tekem (Frédéric Pierrot) um sujeito que conheceu Nena e que convenientemente é encontrado por Rosemary.
É ele quem fala das infames irmãs Trench, as moças de fama supostamente positiva, que se mostraram canibais.
Há inclusive dramatizações desses trechos, mostrando elas cortando os homens. Ele também cita Steven Marcato, que morou em 1986 no prédio, o mesmo cujo nome apareceu no prólogo, com Nena.
Aqui aliás se encurta a história. No original, havia Adrian Marcato, um ocultista e satanista, que era pai de Steven. A escolha do roteiro foi atalhar essa história e dada a quantidade de outros problemas, esse é dos mais leves.
O retorno de Jacques
Um rapaz de capuz aborda Guy, era Jacques, o esposo de Nena.
O sujeito tenta interpelar Roman, diz que quer o que é dele e fala que vai punir o sujeito, pela promessa quebrada.
Imediatamente ele tem um fim, bastante breve por sinal, em uma mesa de cirurgia, acordando graças a ação de Margaux, que faz uma oração de maledicência, a fim de desarmá-lo.
O momento ideal
Na volta, Margaux julga Rosemary, diz que ela está madura, afirma que ela está pronta.
A maneira como ela verbaliza isso, teoricamente seria enigmática e difícil de entender, mas Rosemary compreende facilmente, assim como o público, afinal, seria difícil qualquer pessoa ver essa série sem saber os spoilers neles contidos.
A premissa é simples, direta, quase sem segredos.
Na noite da concepção, se vê transando com o diabo sedutor, o mesmo interpretado por Cassetti, no começo do episódio.
O sobrenome do interprete é bastante capcioso, mas o que se destaca de fato é a o horror corporal que aparece - infelizmente tímido - e claro, o voyeurismo, já que o casal não está sozinho, fora o "homem de olhos azuis" ainda há plateia.

A Segunda noite
O segundo episódio inicia com Rosemary acordando estranha, paranoica e irritada com o marido. Ela nota Guy evasivo, o sujeito não se excita com ela, recusa a esposa, em uma senhora rejeição.
Depois que a barriga começa a crescer, a personagem-título passa a ficar mais isolada ainda. A pessoa que quebra esse isolamento é Julie, que a leva em catacumbas e seca capoeiristas que se exibem.
É discutindo sobre Napoleão e satanistas que Rosemary desmaia e descobre estar grávida. Isso ajuda a explicar por que Guy se afasta.
Problemas na gestação
Fica uma dúvida curiosa, sobre qual é a maior problemática da minissérie, se é o roteiro ou a edição, já que entre a descoberta de gravidez e os primeiros problemas de crescimento, parece não ter ocorrido quase tempo nenhum.
A partir do ponto que Rosemary descobre ter um bebê em seu ventre, ela já começa a ter dores estranhas, tantas que até esconde de Guy, pois acha que ele vai sugerir um aborto.
Não é estabelecida nenhuma normalidade, fica parecendo mesmo que há uma cena cortada, descartada, mas não, não há nenhuma fala de bastidores que coadune ou justifique isso.

Seja problema de montagem ou de escrita, é fato que falta impacto tanto nas revelações quanto no desenrolar dos eventos.
A atuação de Saldana perde com isso, fortalece inclusive a consideração de que ela é insana e reclamona e não a vítima de um problema de terceiros, já que é alvo de um grupo conspiratório.
Falta dubiedade, não resta dúvida que ela é mesmo perseguida. A artificialidade desses momentos torna tudo quase automático e sem impacto, piorando na sugestão do dr. Sapirstein (Féodor Atkine) de Rosemary tomar as ervas que Margaux cultiva em sua estufa.
Julie se preocupa com a magreza da protagonista. É ela quem leva a mulher para fazer o famoso corte de cabelo baixinho e até nesse momento, falta sutileza, já que a gestante sangra pelo nariz.
Julie, outra vítima de misoginia
A personagem mais rica fora Rosemary é Julie.
Preocupada com a grávida, trata de levar Rosemary a outro médio, o doutrr Scott Bernard (Oisin Stack) que é um amante dela.
Houve o cuidado de chamar uma diretora para driblar algumas questões problemáticas, mas o texto não consegue evitar o tom machista, já que Bernard é descredibilizado só por ter sido indicação da mulher com quem ele ficou.
O ingresso de um novo fator na equação precisa ser atrelado a algum "pecado feminino", no caso, com a promiscuidade da personagem que dá assistência a uma pessoa abusada.
Na verdade, Julie é julgada o tempo inteiro. Tratam ela mal só por ser sexualmente ativa, inclusive por Guy, que verbaliza gratuitamente que já teve um caso com ela.
O marido, que tem nojo da mulher graças a um acordo que ele mesmo fez, se sente seguro o suficiente para julgar uma mulher que errou em uma infidelidade (se é que o caso deles ocorreu após o casamento) com ele mesmo.
Da parte do sujeito, não há reflexão, mas para ela, sobram julgamentos.
Os exames estranhos e as reações
Bernard faz uma ultrassom, percebe que o neném tem 11 semanas e meia, mas o tempo não parece importar para o médico, que fica distraído e desatento, graças a outras questões, como o quadro anêmico da mãe, além de constatar uma pré eclampsia.
Não há muita sutileza nesse segundo episódio, a saída mais óbvia é sempre a escolhida, tudo é mastigado.
Guy aparece conversando com o casal de benfeitores, dizendo que Rosemary está mudada. Ele se preocupa com a esposa, mas Roman diz que é normal sentir repulsa pelas mudanças no corpo.
Nesse mesmo ponto, Roman brinca que ele retornará ao bloqueio criativo, caso fuja do acordo. Tudo precisa apelar ao óbvio, necessita de explicações o tempo inteiro.
Dessa forma, as brigas de Guy são todas toscas, muito ruins, fazem quase sentido nenhum.
Disfunções
O dr. Sapirstein fala com a gestante e a diagnostica com uma disfunção sínfise púbica, que é uma condição não grave, uma pubalgia que se caracteriza por dor na região púbica, que reúne queixas mais comuns entre os atletas e também entre as gestantes.
Enquanto isso, Guy se aproxima de Julie, finge que vai beijar ela - mostrando que ainda pode haver algum resquício de sentimento sexual entre eles - mas faz isso só para roubar o seu cordão com cruz que carrega.
O fim trágico da única amiga
A sequência do fim da personagem é sensacional, violenta, gráfica, em uma cozinha agitada e cheia de gente, que envolve água quente caindo no rosto e uma queda fatal, que abre a nuca da mesma ao bater a cabeça no fogão.
É uma baita cena, quase uma trufa em meio a um lamaçal de comida de porco que é essa minissérie.
Enquanto isso, no funeral da amiga, Rosemary pensa em falar com o doutor Bernard, acha que perdeu a criança, até sentir ela chutar.
A partir daí, a questão muda, em um giro contrário, de 180º graus.
3 meses depois.
Claramente houve uma acomodação. Rosemary parou de ter dor, ela e o marido se tornaram iguais, ficaram em paz, ou ao menos se aproximaram disso.
Como Julie se foi e o roteiro precisa de outro subterfúgio para injetar paranoia na trama. Mais do que de repente, Fontaine assume esse papel.
É ele quem lhe informa sobre a possível ocorrência de um crime envolvendo Roman ou, talvez, até vários.
Ele olhou o histórico de Steven Marcato, que sumiu há 30 anos, justo no momento que Roman comprou La Chimére. Segundo ele, nessa mesma época, 8 mulheres sumiram, dessas, 3 moravam nesse prédio.
Depois disso, o texto se torna ainda mais expositivo, algumas vezes até sem as linhas de diálogo, como no momento em que Margaux dá um beijo bem molhado em Guy.
É assim também quando Rosemary descobre que Roman Castevet é um anagrama para Steven Marcato. Depois, ela descobre que há uma porta dentro do closet. Todas as questões se avolumam, para ser resolvidas de uma só vez. Houve muito tempo moroso, sem grandes acontecimentos, para então aparecer uma série de mistérios encavalados.
Ela avisa o policial, que vai encontrar ela e tem uma morte muito bizarra. Fontaine perece por um feitiço de Roman, é mostrado de maneira bem mais clara do que nos outros momentos.
No mesmo fluxo, ocorre a ida ao outro médico (Scott Bernard) o resgate de Rosemary pelas "força malignas" e a tal viagem de elevador, que era icônica no filme e aqui, não é.
Ainda termina com a bolsa estourando e a farsa montada, de maneira bem menos elaborada.
Ultimo ato
Os momentos finais carecem de dramaticidade, ate Saldana está mal, aparecendo muito histriônica.
Tudo é rápido, parece tolo, com explicações excessivas e com Rosemary aceitando muito fácil a sua sina.
Houve uma grande polêmica com o fato de terem mostrado o bebê, é de fato uma escolha tosca, especialmente por que ele troca a cor dos olhos.

Fora isso, a criança ainda tem personalidade, levanta as sobrancelhas para os presentes, como se entendesse tudo o que está acontecendo em volta de si.
A tentativa de mostrar uma conexão entre ela e Guy é fraca, rasa e não faz sentido.
Como ele foi mal trabalhado o seriado inteiro, acaba não convencendo como alguém nem malvado e nem enganado.
Já Rosemary parece uma pessoa sem postura, que se agarra ao que lhe resta, abraçando a sua maldição, assumindo-a como se fosse uma benção.
A minissérie Rosemary's Baby - ou O Bebê de Rosemary - é uma versão menor do clássico, mesmo tendo mais tempo de exibição. Parece ter sido idealizada para ser uma versão pasteurizada, torta e diminuída do clássico, com impacto reduzizdo e distante do que foi a obra de Polanski. Falta sutileza, dubiedade e qualidade no texto, o que é uma pena, pois poderia ser mais digna do que foi.
I reckon something really special in this internet site.