Crítica: Jason Bourne

Jason Bourne PosterÁgeis, empolgantes e com um protagonista fascinante, os longas da trilogia Bourne entram facilmente em uma lista de filmes de ação da década passada que merecem destaque, conseguindo ainda o feito raro de um exemplar ser melhor que o outro. Com o arco de Jason Bourne tendo chegado a uma conclusão satisfatória no excelente O Ultimato Bourne, a ideia de trazê-lo de volta soa um tanto forçada, e não é à toa que os produtores da franquia tentaram dar continuidade a esta com outro protagonista em O Legado Bourne, estrelado por Jeremy Renner, algo que não deu certo. Mas eis que o ator Matt Damon e o diretor Paul Greengrass decidiram voltar ao icônico personagem da série em uma quarta aventura intitulada simplesmente de Jason Bourne, ignorando por completo o exemplar anterior.

O filme tem início com o personagem-título já com a memória recuperada e vivendo agora na Grécia, onde leva uma existência que lembra a de John Rambo em Rambo 3, tentando encontrar alguma paz pessoal e ocasionalmente ganhando dinheiro em brigas de rua. No entanto, quando sua velha conhecida Nicky Parsons (Julia Stiles) reaparece com novas descobertas sobre o envolvimento dele com o programa Treadstone e mais segredos da CIA, Bourne novamente passa a ser caçado pela agência, em uma operação liderada pelo diretor Robert Dewey (Tommy Lee Jones) e a agente Heather Lee (Alicia Vikander), que acreditam que ele é uma ameaça.

Basicamente, o roteiro escrito por Paul Greengrass em parceria com o montador Christopher Rouse (que estreia como roteirista aqui) reaproveita ideias dos exemplares anteriores a fim de organizar uma trama que segue à risca o que nos acostumamos a ver na franquia. Dessa forma, é inevitável sentir que Jason Bourne é repetitivo, além de pouco acrescentar à história de seu protagonista e dar muito espaço a elementos que, infelizmente, acabam não se resolvendo de um jeito que justifique a importância que recebem (por exemplo, a subtrama envolvendo Aaron Kalloor, um gênio da tecnologia interpretado por Riz Ahmed). Mas ainda que encontrem problemas nesse aspecto, Greengrass e Rouse conseguem usar o atual cenário político mundial (os protestos na Grécia, a realidade virtual paranoica pós-Edward Snowden) para inserir a narrativa em um contexto interessante e urgente.

Este último detalhe, aliás, é muito bem ressaltado pela direção de Greengrass, que com a ajuda do diretor de fotografia Barry Aykroyd impõe seu costumeiro estilo documental à narrativa, mantendo a chacoalhante câmera na mão para criar uma eficaz atmosfera de tensão, trazendo também uma sensação de verossimilhança às imagens. Já as cenas de ação contam com uma montagem frenética nem sempre interessante por parte de Rouse, mas isso não chega a tirar o dinamismo delas, sendo que Greengrass ainda impressiona pelo uso de efeitos práticos (quando carros são destruídos, realmente são carros de verdade na tela e não construções digitais artificiais), concebendo assim sequências admiráveis como a perseguição que ocorre no terceiro ato em Las Vegas.

Mas o que acaba realmente sustentando bem o filme é mesmo o protagonista. Mais uma vez vivido com intensidade por Matt Damon, Jason Bourne fascina não só por sua determinação em expor o que está errado, não deixando seu patriotismo (característica bastante citada aqui) cegá-lo quanto à vilania de figuras que representam seu país, mas também por suas habilidades absurdas. Nesse sentido, é divertido ver o personagem voltar a usar sua inteligência e pensamento rápido para se adiantar aos movimentos de quem o persegue, de forma que estas pessoas podem ser as melhores do mundo naquilo que fazem e mesmo assim parecerão criaturas tapadas em comparação a ele. E por mais inacreditáveis que sejam os atos de Bourne (como ao adivinhar rapidamente onde um atirador está escondido), é exatamente por Damon encarnar o personagem com uma seriedade natural que acreditamos em tudo que ele faz.

Jason Bourne certamente não é o melhor que a franquia já apresentou, ficando um pouco abaixo da trilogia original. Mas, depois da decepção de O Legado Bourne, é bom ver a série render um filme eficiente, que faz um bom uso de seu protagonista e a coloca de volta nos trilhos.

14 comments

  1. Danilo Andrade 29 julho, 2016 at 14:37 Responder

    achei a crítica decepcionante, do elenco falou só da atuação de matt damon, mas e os outros atores como alicia vikander e tommy lee jones?, atuações são importantes, espero 1 alerta de spoiler dese filme.

  2. Thomás Boeira 29 julho, 2016 at 13:32 Responder

    Sim, atuações são importantes, Danilo. No caso deste filme, preferi me concentrar só na do Matt Damon porque seu Jason Bourne é infinitamente mais interessante do que os outros personagens que estão em cena, ainda que Jones, Vikander, Riz Ahmed e Vincent Cassel façam bem seus respectivos papeis.

    Abraço

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