Crítica: Wolverine – Imortal

Wolverine-Imortal-poster-nacional-03Abr2013Colocando em segundo plano o lado feroz de Logan, filme aborda os conflitos pessoais do personagem.

Poderíamos dizer que o personagem Wolverine já foi protagonista de quatro longas-metragens, pois, fica claro na trilogia X-Men, de Bryan Singer e Brett Ratner, que em Logan, residiam os principais arcos dramáticos dessas histórias. Sem falar no próprio X-Men Origens: Wolverine, que veio pra contar e se aprofundar nas origens da figura que ficou tão marcada nesse universo de super-heróis, dentro e fora das telas, e transformou o ator Hugh Jackman numa das maiores estrelas de Hollywood. E agora, esse Wolverine – Imortal, traz uma visão mais romanceada do anti-herói, e embarca num conflito pessoal, que caminha numa linha tênue, entre a culpa e o amor.

O conto se passa após os episódios de X-Men: O Confronto Final, e aborda, justamente, o sentimento de remorso que Logan abanque em relação à morte de Jean Grey (Famke Janssen). Com constantes sonhos dolorosos e sentindo-se totalmente responsável por ter sido obrigado a matar o grande amor de sua vida, ele se depara, novamente, com o seu habitual estado de estar perdido no mundo. Vagando sem rumo, e completamente isolado da sociedade, essa solidão é visualmente explanada pela aparência e expressão do sujeito. Ora numa floresta, quando num urso solitário, vê um ser semelhante, ora por destoar totalmente das pessoas de uma pequena cidade vizinha.

Mas isso é apenas plano de fundo, pois o longa, rapidamente, apresenta sua verdadeira cara e nos leva para outra missão, que Wolverine terá que enfrentar. Uma misteriosa mulher, Yukio (Rila Fukushima), aparece em meio a uma de suas confusões, e o convoca para ir visitar e se despedir de um antigo amigo, Yashida (Hal Yamanouchi), que ele salvou na Segunda Guerra, em Nagasaki, mas agora está em seu leito de morte.

Lá, Yashida faz uma inusitada proposta: pede que Logan transfira seu fator de cura, de forma que ele possa, enfim, se tornar mortal e levar uma vida como uma pessoa qualquer. Ele recusa de imediato, mas acaba sendo infectado pela Víbora (Svetlana Khodchenkova), uma mutante bióloga, que com veneno, enfraquece o seu fator de cura. Ao mesmo tempo, ele descobre que a bela jovem Mariko (Tao Okamoto), a neta de Yashida, é alvo tanto de seu pai, Shingen (Hiroyuki Sanada) quanto da Yakuza, a máfia japonesa, pelo fato do velho ter deixado para a ela toda sua fortuna.

Logan se vê na obrigação de proteger Mariko, e nessa fuga e aventura, um clima de romance surge entre os dois, que estão muito fragilizados e veem, um no outro, uma fonte de apoio para a dor. Explorar, mais a fundo, esse tema, com um personagem durão, é inegavelmente um ato corajoso do bom roteirista Christopher McQuarrie (Os Suspeitos) e do cineasta James Mangold (Os Indomáveis). Justamente pelos fãs estarem mais acostumados com um caolho mais animal e pronto para briga. Não que nesse Wolverine – Imortal, inexista tomadas de ação, lutas e cenas de perseguições, pelo contrário, temos muito disso por aqui, mas é a relação do casal, o troço mais interessante do filme.

E já falando das cenas de combate e caçadas, confesso que fiquei um tanto chateado, por ver um trabalho tão bem realizado, ser prejudicado pela sua classificação indicativa. Os ângulos utilizados pelo diretor, a qualidade dos efeitos visuais e a montagem das cenas, tornam as tomadas críveis e interessantes, empolgando o espectador. Porém, a inexistência de sangue, e de maiores cenas de impacto, frustra, de certa maneira, por não sentirmos pontualmente a violência. A animalidade e agressividade de Wolverine, não são tão evidentes e exploradas. Tudo isso, pelo simples intuito de faturar nas bilheterias.

Uma coisa que me chamou atenção foi, justamente, a simplicidade do roteiro, por não inserir inúmeros personagens sem se aprofundar e criar várias subtramas e não conseguir desenvolvê-las, como foi no terrível e já citado X-Men Origens: Wolverine. Não que McQuarrie tenha entregado um texto pobre, pois como já foi dito, os conflitos pessoais de Logan, são bastante atraentes, mas o estilo simplório e direto tornou a fita mais digestiva.

E, mesmo que essa soe inchada demais, pelo seu tempo de duração, a narrativa engendrada por Mangold, tem êxito por construir bem sua trama, sem precisar utilizar maniqueísmo barato. Levando sempre o espectador para a próxima cena. Sem contar que todo cast de atores esteve muito bem. Com destaque para Rila Fukushima, que com sua Yukio, desenvolve um belo desempenho nas lutas, e, claro, Hugh Jackman, que se mostrou completamente envolvido pelo projeto. Com um físico impressionante, Jackman impõe respeito e cresce em tela.

Em todo caso, Wolverine – Imortal foi, realmente, uma boa surpresa, já que, parte do público e este que vos escreve, esperava algo não tão satisfatório. Isso pelas duas últimas aventuras do personagem, nas telas, terem sido desastrosas. Além da troca de diretores e problemas envolvendo a produção. É um bom filme que, mesmo não sendo tão inspirador e deixando de explorar, mais a fundo, os seus pontos mais ambíguos, cumpre bem o seu papel de blockbuster, e fisga o espectador, pela sua modesta proposta.

OBS: O 3D não acrescenta em absolutamente nada; Tem uma cena, pós-créditos, que faz uma ligação com o filme X-Men: Dias de um Futuro Esquecido.

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2 comments

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    Maicon Dos Santos Beggi 26 julho, 2013 at 01:36 Responder

    A cena foi "vazada" para o Youtube. Assisti ela e posso dizer que é muito mais relevante que a cena pós créditos de Homem de Ferro 3 e O Espetacular Homem Aranha. Quem sabe Fox passe a acertar mais na franquia X-Men visto que teremos um filme da equipe derivada, X-Force, provavelmente liderada pelo próprio Wolverine. Parabéns pela crítica e puxão de orelha para a distribuidora pelo estapafúrdio título nacional.

  2. Avatar
    Tiago Lamonica Batista 27 julho, 2013 at 15:45 Responder

    Eu gostei do filme. Fui pro cinema querendo muito gostar, mas o pensando era com pé atras, afinal a ultima aventura solo dele não foi das melhores. Mas a surpresa foi boa, no final sai feliz pelo filme não ter sido ruim =).

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