Foi uma temporada irregular. Claro, teve lá seus bons momentos, introduziu personagens que os fãs nunca viram em live action, conseguiu desenvolver Laurel como a nova Canário e ainda houve tempo até para Roy se destacar, quando o Arqueiro ficou impossibilitado de agir depois do hiato de dezembro. Por outro lado, a mais recente investida de Arrow falhou em diversas subtramas, provando que adicionar mais personagens talvez não tenha sido a melhor das ideias. Ray Palmer foi subaproveitado ao extremo, o conflito amoroso entre Felicity e Oliver parecia saído de uma novela mexicana e grande parte do senso de urgência, um dos pontos fortes do seriado em seus dois anos iniciais, se perdeu em meio a confusa ameaça de Ra's Al Ghul, vilão que jamais conseguiu fazer jus às expectativas criadas desde sua primeira menção. Dito isso, é importante destacar: My Name is Oliver Queen é um final digno para a jornada do protagonista, e corajoso por encerrar uma parte da trama quase como se estivesse encerrando a série.
Dando continuidade ao arco final, sobrou para o último episódio apenas o clímax. É uma boa decisão, ajuda toda a batalha não soar apressada, mas, por outro lado, cria a expectativa para algo grandioso (são 43 minutos de desfecho, afinal de contas), que não acontece, limitando a conclusão apenas a uma luta entre Oliver e Ra's que, se por um lado ajuda a estabelecer a contenda a nível pessoal, diminui os esforços do Time Arqueiro para impedir a já manjada ameaça à Starling que acontece em todo fim de temporada no seriado ("deve ser maio").
Sofrendo com o gancho sem sentido deixado pelo antecessor, a trama já começa como desculpa para uma aparição do Flash, que serve também para mostrar que o final da série do Velocista será exibido cronologicamente, apesar da numeração de episódios estar uma semana atrasada em relação à Arrow. Assim, o time de heróis é enviado de volta à cidade (depois de uma explicação de Malcolm que exige muita suspensão de descrença) para ajudar a impedir a proliferação do vírus Alfa/Omega. Com o objetivo do roteiro ficando claro nos últimos momentos da aventura, essa deveria ter sido a subtrama mais importante, mas a recompensa para o espectador não vem na forma de uma atuação marcante da equipe formada por Diggle, Ray, Laurel, Felicity e Thea.
Apesar disso, as cenas de ação fazem jus à fama do seriado, e há boas sequências como a do avião logo no início, ou mesmo a situada nas ruas de Starling, que ajudam a aumentar o escopo do que os protagonistas estão enfrentando. A introdução de Damian Darhk como outra figura misteriosa, evidentemente o vilão da próxima temporada, também se sai bem, mesmo sem mostrar o personagem. E, apesar de adicionar uma "distração" na trama principal, surge interessante o suficiente para gerar curiosidade no espectador. Em todo caso, se a trama sofre com um desvio de ritmo, é graças ao desfecho da subplot no passado. Com pouco a ser mostrado, mas muitas intromissões durante a narrativa central, os flashbacks se mostram fraquíssimos.
Se Felicity foi uma das grandes decepções dessa temporada, os roteiristas conseguiram redimi-la aqui, dando a ela a chance de ser um pouco da heroína que seus parceiros de ação sempre foram. É bom ver novamente que a moça não é irritante, só foi mal escrita e não teve uma subtrama digna.
Mas, é nos momentos finais que Arrow ganha de volta a confiança dos fãs, trazendo finalmente uma mudança significativa no modo como Oliver vê o mundo (algo que ter ficado pobre no final da temporada anterior não trouxe, afinal, que diferença fez para o personagem?), e Stephen Amell tem a chance de até soar mais solto do que o de costume. Com o bom uso de um figurino que evidencia a abordagem mais "zen" e leve para o protagonista, o espectador pode esperar um retorno mais próximo do Queen das HQs, que sorri sempre que pode, ou que encara a vida de uma forma mais divertida. Oliver termina sua jornada desses três anos sem o peso do mundo nas costas e confiando em seus parceiros. Essa nova faceta do herói também se mostra na forma como aceita as decisões de Thea. Há também um interessante caminho dado para Malcolm Merlyn, dando a chance a John Barrowman se divertir um pouco mais com o vilão (ou seria anti-herói?) no futuro.
Com um desfecho corajoso, que não precisa se alicerçar em um cliffhanger para trazer de volta a audiência na fall season, Arrow mostra que, apesar dos tropeços, ainda é uma série que pode se destacar entre suas "concorrentes" no quesito adaptação de quadrinhos. Já dando pistas também para o papel de Ray em Legends of Tomorrow, o novo spinoff (em que, espera-se, tenha mais destaque), a season finale encerra bem a temporada truncada, na medida do possível. Não é nem de longe o melhor que o seriado pode oferecer, mas também não está perto do desastre que poderia ser caso os realizadores não tivessem encontrado um sentido para algumas bobagens apresentadas ao longo destes 23 episódios.
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Nao peguei essa descupa pra aparição do Flash, na verdade peguei um susto quando ele apareceu pq pra mim soou muito como um Deus Ex Machina. Achei fraquíssima essa finale, eles forçaram a barra em vários momentos. Uma pena.