Hellboy Animated – Clima lovecraftiano, personagens interessantes, mas uma fraca adaptação

Criado pelo premiado quadrinista Mike Mignola sob o selo da Dark Horse Comics , Hellboy é um dos personagens mais queridos dos fãs de quadrinhos, ainda que não tenha a influência popular dos personagens icônicos da DC e da Marvel. Contando com seu marcante traço, Mignola colocou em Hellboy todas as características necessárias para torna-lo o underdog da Dark Horse, ao juntar o demônio fanfarrão (descoberto pelo Professor Trevor Bruttenholm, que cuidou da criatura como um filho) com Liz Sherman (seu amor pirocinético) e Abe Sapien, o Icthyosapiens , formou  a equipe de investigação paranormal mais bizarra e simpática dos quadrinhos.

As HQ´s de Hellboy, conseguiram conquistar o público alvo por captar o clima sombrio das histórias de H.P. Lovecraft, além dos deuses monstruosos, feiticeiras e companhia , e unir tudo aos passos investigativos promovidos pelo  B.P.R.D. (Bureau of Paranormal ResearchandDefence), mas foi em 2004 com a chegada do Big Red nos cinemas em uma dedicada produção assinada por Guillermo Del Toro, que o personagem ganhou o mundo. Del Toro deu sua visão às histórias de Mignola (que foi consultor criativo do filme) e conseguiu transpor bem a essência dos personagens com a ajuda do excelente trio de protagonistas formado por Ron Perlman, Selma Blair e Doug Jones.

Logo após o sucesso do filme, foi dado início a produção de dois longas animados para o Cartoon Network, tendo o auxílio de toda a equipe do filme. Os especiais A Espada das Tempestades (2006) e Sangue e Ferro (2007) tinha tudo para funcionar, mas infelizmente o resultado ficou bem aquém do material de origem. O principal problema dos dois segmentos esta no roteiro que se limitou a pancadaria desenfreada e dois casos que nem conseguiram funcionar no quesito investigação.

Em A Espada das Tempestades o herói se encontra numa aborrecida jornada para encontrar o caminho de volta até a nossa dimensão, que esta prestes a ser destruída por uma leva de deuses antigos. Usando como fundo uma antiga lenda japonesa, o roteiro de Mignola aposta apenas em um desfile de criaturas fantásticas, que nada faz jus ao seu trabalho nos quadrinhos. É perceptível também um leve desconforto dos dubladores (o trio dos cinemas), o que deixa os personagens principais quase sem “vida”.

A segunda animação bate a primeira em quase todos os quesitos, a dublagem ficou bem mais crível, os movimentos mais orgânicos, o suspense tão presente nos quadrinhos e dessa vez a história contada funciona melhor por estar mais contida, porém o desfecho da trama principal em detrimento a uma extensa e desnecessária cena de luta chega antes do esperado, tornando o final do primeiro mais agradável.

Eu sou um fã declarado de todo o universo de Hellboy, e confesso que fiquei meio desapontado quando assisti as animações, talvez o lado xiita tenha falado mais alto, porém sei do potencial de tudo contado até aqui e imagino o resultado que poderia ter vindo, visto os live-actions produzidos pela dupla Del Toro e Mignola. Assim, só posso indicar Hellboy Animated para quem é realmente fã do Big Red e ainda sonha com o retorno dele às telonas.

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