Em meados de 2004 os animes e mangás voltaram a ficar em alta no mercado brasileiro, era o “revival” da cultura japonesa em nosso país com a popularização maciça de obras como Naruto, One Piece e Bleach que, infelizmente, ainda que apresentassem um material interessante, não fugiam do lugar comum já pavimentado por animações dos anos 80 e 90 como Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball Z. Então logo se criou um preconceito com a nova geração de otakus, sendo comum ouvir frases do tipo: “Anime?! Coisa mais infantil, essa bobagem é para criança! Vocês já deviam ter passado desta fase!”. O que poucos sabiam é que nem só de obras infanto-juvenis vivia o mercado da animação japonesa, e foi por estas obras mais adultas, que otaku deixou de ser um título desdenhoso, para ser uma orgulhosa e, porque não, populosa categoria Nerd, tendo como principal vanguarda as produções do estúdio Madhouse.
Conhecido por primar pelo conteúdo e qualidade técnica, o estúdio tem renome principalmente por ter dado vida a produções como Death Note (figurinha carimbada do gênero seinen, porém muito aquém da perfeição que alguns apontam), Paprika, X e Perfect Blue, mas é no traço do mangaká Naoki Urasawa, com sua obra máxima Monster, que o melhor exemplo de que anime não é nem de longe algo voltado apenas para crianças e adolescentes, pode ser dado.
Tendo início em Düsseldorf, na Alemanha, o anime conta a história do neurocirurgião Kenzo Tenma, um jovem e brilhante médico japonês, que tem seu mundo destruído ao tentar provar que a vida humana tem o mesmo valor, independente de cargo, bens ou posição que se possui. Ao escolher salvar a vida de um garoto baleado em vez do prefeito da cidade, sua carreira entra em uma espiral de desgraças, perdendo a noiva, a vaga de diretor do hospital e o cargo de cirurgião chefe, porém mal sabia ele que a criança que salvou é, na melhor descrição possível, o mal em pessoa.
Começa então uma onda de assassinatos que põe Tenma sempre no centro das atenções, já que aparentemente todas as mortes o favorecem. Quando percebe que o menino que salvou naquela noite é o responsável pelos crimes hediondos, o médico passa a travar um jogo de gato e rato com o mesmo, percorrendo anos e os mais variados países europeus.
O principal trunfo da animação são seus personagens, Urasawa não tem medo de explorar o psicológico de cada um deles, e apesar de Johan e Tenma serem uma representação visível do Yin Yang, sua construção nunca chega a ser maniqueísta, sendo fácil se emocionar com o passado do “monstro” e aceitar a raiva gradativa que consome o médico ao passar de cada descoberta. Passeando ainda por temas como nazismo, as feridas causadas pelo muro de Berlin e a ambição de um país que não poupou nem suas crianças do inferno, o anime abraça o tom sombrio e opressivo em seus 74 episódios, sempre surpreendendo e adicionando pessoas que moldarão a estrada dos protagonistas.
Com direção de Masayuki Kojima e desenho de Shigeru Fujita, a animação é tão orgânica que foge do já conhecido traço japonês (os rostos com olhos grandes) dando mais veracidade a tudo que é mostrado em tela, e é de se espantar que a qualidade seja mantida durante toda a série, visto que produções mais longas tendem a decair em certos pontos. Fica fácil favoritar Monster e indicá-lo a todos, não é sempre que se encontra uma animação que busque um extenso estudo de personagem sem se tornar chato e é por ficar nas entrelinhas que obras-primas merecem reconhecimento e, porque não, admiração.
Muito bom!
Muitoo massa o!! Gostei mesmo , Parabenss Guigas 😀
Wowww… massa!!!
Muito bom! Disse tudo!! o
Animes japoneses assim como filmes e livros tem seu conteúdo infantil! Tenho pena de quem ainda tem esse pensamento retrogrado, de que pelo simples fato desse tipo de arte estar em forma de desenho esta diretamente ligado a infantilidade. Eu poderia muito bem recomendar para essas pessoas assistirem Neogenesis Evangelion, Death Note, Akira, Tumulo dos Vagalumes, Fullmetal! Sempre tive vontade de ver Monster mas depois dessa ótima explanação agora é obrigação ver !!
E animes como Paprika e Perfect Blue (citados acima) são referências para filmes de Hollywood!
Show!!
Que massa! Nunca tinha ouvido falar de Monster, achei muito interessante a sinopse. Como faz tempo que não vejo um anime bom, verei esse !
Awsomeeeeeeeeeeeeee!!!
Deixei de ver animes a bastante tempo, mas o jeito que vc falou desse anime me deixou com muita vontade de ver.
Adorei! Muito bom mesmo :] faz tempo que não vejo anime, mas esse verei com certeza *-*
Gostei demais mesmo. O post instiga ate mesmo o publico que nao tem preferencia por esse mundo do manga. Concordo com Renan sobre a visao infantil dada a desenhos, mas acredito que a trama mereça tanto respeito quanto os outros generos. Parabens pelo post mais uma vez!
Death Note seinen? Perdeu credibilidade nessa parte. Mas de resto é legal a matéria.
Death Note foge completamente dos padrões de uma obra shonen, apenas foi publicado em uma revista do tipo. Não vejo problema em ser considerado assim se o cara embasar.
Mas "shounen" ou "seinen" nem chegam a ser gêneros, são demografias apenas. E elas dizem mais respeito à faixa etária destinada do que "gêneros" em si.
Sim, também são demografias mas a gente pode estabelecer gêneros bem especificos quando falamos de Shounen ou seinen. E o Eliézer apontou bem, apesar do local onde foi publicado, Death Note foge totalmente do estilo e é considerado não só por mim, mas por várias pessoas como um seinen.
Claro, podem considerar seinen quem quiser, só se lembem de que na vida real ele não é seinen, nem oficialmente considerado como um. Desde que tenham isso em mente, podem considerar o que quiserem basicamente.