Review: Boardwalk Empire – 3x01 Resolution

1923, ano novo, novas regras e o Rei de Atlantic City consolidando seu império ao demonstrar que de amigável só mesmo a lisonjeira forma de tratar seus súditos mais abastados. Enoch Thompson sempre foi essa figura ambígua, hora um dissimulado negociador, hora um homem apaixonado que viu na outrora inocente Margaret um refúgio da sua violenta e verdadeira vida, da qual negava a si mesmo fazer parte, por ser o homem por detrás da cortina, o Nucky, o “limpo” que nunca havia sujado as mãos diretamente.

Mas foi na traição máxima, executada por Jimmy Darmody que ele assumiu o seu verdadeiro eu. A morte de seu pupilo por suas próprias mãos na finale passada é, ainda que indiretamente, o estopim para todos os acontecimentos desta première. Se antes Nucky usava de sua lábia para conseguir manter o seu comércio ilegal de álcool, partindo para decisões mais brutais apenas em última instância, agora ele executa sem piedade quem ousa desafiar a sua lei, o mafioso “bonzinho” deu lugar a um homem que apenas em um ano e meio conseguiu subjugarseus parceiros mais confiantes e assustadores: basta olhar a expressão agora passiva do convencido Rothstein na cena da cozinha.

Sem confiar em mais ninguém, afinal até Margaret lhe apunhalou, não há mais limites para ganância de Nucky e como sempre o roteiro de Terence Winter consegue não só dar a profundidade necessária para que o personagem não caia no estereótipo do orgulho ferido como também confere uma estranha simpatia ao mesmo. O desfile dos personagens marcantes também continuou na série e fico feliz que todas as tramas secundárias pareçam promissoras.

Digo logo que é a trama de Richard Harrow a que mais me anima, dos secundários ele foi o personagem mais bem construído e é incrível que mesmo em dois anos de série a máscara/enxerto que ele usa ainda passa um ar noir impressionante. A relação fraternal que Harrow criou com Jimmy, foi o sentimento mais verdadeiro em toda série e mesmo o antigo soldado tendo se apaixonado pela mulher do amigo, ele nunca o traiu, pois foi Jimmy o único que viu humanidade no solitário assassino. Não sei se a morte de Manny foi apenas vingança por Angela ou é o começo de uma retaliação maior, mas a cena foi a que mais me surpreendeu no episódio, aquele já costumeiro momento “me deixou de boca aberta” que Boardwalk consegue fazer.

Não iria aguentar Van Alden apenas de vendedor, o personagem ficou chato na segunda temporada com a trama do julgamento de Nucky, mas quando vi que provavelmente ele vai ficar ligado a Al Capone e o pessoal de Chicago, a certeza de bons frutos surgiu. Ainda não vejo muito propósito em Gillian, ela funcionava com o Comodoro e com Jimmy, mas o Bataclan de Atlantic City criado por ela não mostrou muito a que veio. Das novas aquisições é para o tal Gyp Rosetti que nossa atenção deve voltar. O cara já se mostrou insano e em apenas poucos minutos de cena já me deixou curioso. Boardwalk Empire não tem a popularidade de Breaking Bad e da sua irmã mais velha The Sopranos, mas se mostra como uma das produções mais cuidadosas da TV fechada americana, fotografia, atores e o bom e velho jazz que sempre conta mais do que aparenta, estão de volta à fall season e como a tagline da temporada bem apontou, é realmente impossível ser metade gângster.

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4 comments

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    Renan Braga 19 setembro, 2012 at 02:14 Responder

    A introdução de mais um novo personagem insano foi muito bem planejada. A cena da vingança de Horrow por Angela foi muito irada, como sempre boardwalk nos surpreendendo com violencia ! Estou mais do que empolgado com esse retorno o

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    Kléa 19 setembro, 2012 at 00:43 Responder

    Pois é recomeçou com os personagens complexos e imprevisíveis como sempre, mas com notáveis diferenças que só prometem uma temporada explosiva. Concordo plenamente….Gyp vai dar trabalho e vai ser maravilho ver isso. Hahaha Sentar e apreciar Nucky sendo o gângster que ele tem potencial pra ser.

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      Araceli 29 setembro, 2012 at 01:17 Responder

      The Black Keys kick ass. I was bummed out when they bieald on Akron, because it meant they quit playing there as often. It may have forced me to cross the border into Ohio, but it was within reasonable driving distance.As for Buscemi, I get the scene in Billy Madison where he crosses Billy’s name off of the list of people to kill and puts on lipstick stuck in my head way too often.

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